domingo, 20 de dezembro de 2015

GÊNERO Stylosantes sp. REVISÃO LITERATURA


INTRODUÇÃO

Uma característica importante da pecuária brasileira consiste na maior parte de seu rebanho ser criada a pasto, esta maneira constitui na forma mais econômica e prática de produzir e oferecer alimentos para os animais (FERRAZ; FELÍCIO, 2010).
De acordo com o último censo agropecuário em 2006, estima-se que a área total de pastagens no Brasil seja de 220 milhões de hectares, dentre os quais 80,25 milhões são destinados à agricultura para cultivo de grãos e pastagens para alimentação animal (IBGE, 2006).
O grande número de pastagens degradadas no Brasil dá-se pela utilização da forrageira da moda, a busca do capim milagroso por parte dos produtores. Entender a planta forrageira, sua fisiologia, necessidades, adaptações, resistência à pragas, e as adversidades do ambiente é uma pequena parte dos diversos componentes da produção animal criadas à pasto, sendo necessário entender de todos esses aspectos de forma integrada (ANDRADE et al., 2004).
Uma das preocupações no estabelecimento de pastagens principalmente com a utilização de gramíneas, é a perda da capacidade produtiva e à baixa disponibilidade de nitrogênio da área pelo seu cultivo contínuo. Visando aumentar a produtividade e diminuir a degradação da área optou-se pelo uso de fertilizantes nitrogenados, muito dispendioso devido ao custo por área corrigida, em face de esse elevado custo operacional introduziu-se leguminosas nas pastagens degradadas para estabilização produtiva e econômica para o fornecimento de nitrogênio ao sistema solo-planta (COSTA et al., 2004).
As pastagens consorciadas de gramíneas e leguminosas forrageiras constituem boa opção, de baixo custo, para atenuar o problema da degradação das pastagens. O fracasso na adoção e utilização de pastagens consorciadas, em geral, é atribuído à baixa persistência das leguminosas nas pastagens, o que está associado à falta de técnicas de manejo específicas ou eficientes para essas pastagens, e à adubação inadequada. O uso de pastagens consorciadas de gramíneas e leguminosas pode aumentar a proteína da dieta, o consumo de matéria seca e o desempenho do animal (AROEIRA et al. 2005).
As leguminosas desempenham um papel importantíssimo nas pastagens, por fixar o nitrogênio atmosférico, por meio da ação simbiótica com bactérias do gênero Rhizobium, ao sistema solo-planta-animal resultando em uma contribuição potencial ao sistema de produção animal (GARCIA et al. 2008).

2. Stylosanthes

A utilização de Stylosanthes primariamente se deu na Austrália, sendo este país o pioneiro a reconhecer e utilizar esta espécie em 1914. A partir de 1970 milhares de hectares foram ocupados e dispersos naturalmente como pastagem cultivada (EDYE, 1997).
O gênero Stylosanthes ocorre nas regiões tropicais e subtropicais. No continente americano, pode ser encontrado dos Estados Unidos à Argentina (KARIA et al. 2013).
No Brasil, no início da década de 1970 houve incentivo para utilização da consorciação de pastos de gramíneas com leguminosas, devido ao sucesso da prática obtida na Austrália que foi vista como modelo para pecuária nos trópicos (FONSECA et al. 2013).
De acordo com Costa (2006), cerca de 29 espécies de Stylosanthes são encontradas em todo o Brasil e 13 destes exemplares são encontradas exclusivamente no território brasileiro. Em sua totalidade são descritas 48 espécies e destas, 43 são exclusivas do continente americano. As espécies do gênero Stylosanthes mais utilizadas nos sistemas de produção são: S. guianensis, S. capitata e S. macrocephala (KARIA et al. 2013).
O estilosantes é uma forrageira rica em proteína e executa uma função importante de transformar o nitrogênio encontrado na atmosfera e fixá-lo biologicamente no solo. Assim, reduz os investimentos em insumos agrícolas, contribuindo para a redução dos impactos ambientais (SILVA, 2012).

2.1. BANDEIRANTES (Stylosanthes guianensis var. pauciflora).
A cultivar Bandeirante teve sua origem de uma coleta realizada em 1974 na área experimental do CPAC, Planaltina-DF. O, cultivar Bandeirante (Stylosanthes guianensis var. pauciflora), foi nomeado para lançamento pelo Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC) em 1983, como uma alternativa para formação de bancos de proteína para suplementação de bovinos na região dos Cerrados (SOUSA et al. 1983).
Essa cultivar tem excelente adaptação em toda a região dos Cerrados, com grande adaptação a solos de baixa fertilidade natural e apresenta um bom desempenho na produção de forragem com precipitações entre 900 e 3500 mm anuais, sendo considerada resistente a seca e ao pastejo. Essa cultivar apresenta taxas de crescimento de 10 a 42 kg de matéria seca/ha/dia, nos períodos seco e chuvoso, respectivamente. Pode produzir em quantidade de massa seca em torno de 2,5 toneladas por hectare ao ano e teor médio de proteína bruta de 12% (FONSECA, MARTUCSCELLO, 2013; ANDRADE, 1993).
A colheita de sementes pode ser realizada manual ou mecanicamente, em colheitas manuais podem ser obtidas produções médias de 60 kg/ha de sementes e em colheitas mecanizadas a produção atinge 40 kg/ha (ANDRADE, 1993). Esta cultivar é perene, semiereta, com 0,65 m de altura e tem caules finos, pilosos e viscosos, quando plantada em outubro-novembro, floresce em maio-junho por isso é de ciclo vegetativo longo, em média de 170 dias. As sementes possuem coloração amarelada pálida (GONSALVES, 1985) e são colhidas no final de agosto ou início de setembro com produção de sementes puras sendo em média de 53 kg/ha (SOUSA et al. 1983).
Como a semente dessas cultivar é pequena, a semeadura deverá ser superficial alcançando no máximo 1 cm a profundidade de enterro. Para formação de bancos de proteína, recomenda-se a semeadura a lanço, com uma densidade de plantio de 3 a 4kg/há e que poderá ser associada a uma cultura anual. Para áreas de produção de sementes, a semeadura pode ser realizada em linhas espaçadas de 30 a 40 cm utilizando-se uma densidade de plantação de 2 a 3 kg/ha. A melhor época para plantio se dá no início das chuvas e não é necessária a inoculação das sementes, pois a estilosantes Bandeirante nodula bem com estirpes nativas de Rizóbio (ANDRADE, 1993).
Segundo Karia et al. (2013) a cultivar bandeirante além de apresentar excelente resistência a seca, e mantém um abundante crescimento nas estações mais críticas, possui capacidade de manter-se verde ao longo do período seco do ano e devido a essa característica e ao florescimento tardio, é uma leguminosa indicada mais para uso em bancos de proteína do que em plantio consorciado com gramíneas, porém, Costa (2006) aponta que o consórcio com o capim colonião (Panicum maximum), brachiarão (B. brizantha cv. Marandu), capim-andropogon (Andropogon gayanus cv. Planaltina) e capim-elefante (Pennisetum purpureum) se apresentou eficiente e persistente na produção animal, podendo ainda ser utilizada sob a forma de pastejo direto, formação de fenos, fornecido aos animais através de cortes ou então, consorciada com outras gramíneas.
Teixeira et al. (2010) observaram que a altura média das plantas foi de 27,4 cm com produção de massa verde de 26,4 t/ha com 432 dias e teores de proteína bruta, fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), de 19,5; 35,8 e 24,7 respectivamente, com 102 dias de plantio.

 Quadro comparativo entre as cultivares de leguminosas, quanto a sua resistência, produção e utilização em consórcios.

Os ganhos diários por animal segundo Costa (2006) pode variar em torno de 250 a 600g/animal por dia ou 300 a 500kg/ha/ano, é uma leguminosa que tolera bem a defoliação desde que esteja submetida a um manejo controlado e não deve ser rebaixada a menos que 30cm do solo pois retarda o vigor da rebrota da leguminosa.
2.2.PIONEIRO (Stylosanthes macrocephala)
A cultivar Pioneiro (Stylosanthes macrocephala ), denominado, inicialmente, de S. bracteata vog., originou-se de germoplasma coletado na própria área do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC/ EMBRAPA) em Planaltina no Distrito Federal (KARIA et al, 2013).
Esta espécie de acordo com Sousa et al. (1983) apresenta excelente adaptação aos solos ácidos e de baixa fertilidade e às condições climáticas, verões quentes e chuvosos e invernos frios e secos da região dos Cerrados. Possui boa compatibilidade com gramíneas tropicais, boa persistência sob pastejo e boa produção de matéria seca, com maior produção concentrado no final do período chuvoso. Em consorciações, sua presença aumentou a produção total e o conteúdo de nitrogênio e cálcio da mistura em relação à gramínea pura.
Essa cultivar apresenta ótima tolerância às doenças, especialmente à Antracnose, causada por fungo. Essa cultivar é perene, semi-erecta, mede 0,60 m de altura e tem caules finos e pilosos, possui ciclo vegetativo médio de 120 dias. Sua flor possui cor amarela e sementes amarela pálida (ANDRADE, 1985).
Por meio da ação simbiótica com bactérias do gênero Rhizobium, aumento do nitrogênio no sistema solo-planta, a cultivar Pioneiro é ótima para ser consorciada com gramíneas. As sementes são colhidas de maio-julho obtendo produção de sementes puras, em média, de 350 kg/ha, devido à facilidade de produção de sementes a comercialização e produção não foi despertada. Os níveis produtivos desta leguminosa são bastante variável, porém, é possível obter uma média de 3 a 6 toneladas de MS/há, no entanto pode-se obter rendimentos em torno de 14 toneladas de MS/ha (ANDRADE, KARIA, 2000).
2.3. MINEIRÃO (Stylosanthes guianensis var. guianensis)
Em 1993 a Embrapa Cerrados e a Embrapa Gado de Corte liberaram o cultivar Mineirão, que é perene semiereto, pode atingir uma altura média de 2,5 metros e caules
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grossos. Os caules e folhas possuem viscosidades e a planta permanece verde durante o período seco. A cultivar Mineirão é mais tolerante à antracnose do que o cv. Bandeirante, e mais produtivo em solos com baixa fertilidade (EMBRAPA, 2007).
Sua parte aérea possui proteína bruta de até 12%, em geral os animais a consomem no período seco do ano, mas no período chuvoso eles a consomem e o teor de proteína chega a atingir 18%. Quando semeado em outubro-novembro florescerá em maio-junho com produção de sementes variando de 30 a 60 kg/ha. Suas sementes ao contrário das cultivares Bandeirante e Pioneiro, apresentam coloração amarela pálida e as sementes do cultivar Mineirão apresentam coloração escura (GONSALVES, 1985).
Em trabalho realizado com gramíneas consorciadas com a cultivar Mineirão, Andrade et al. (2003) relataram que as gramíneas B. brizantha cv. Marandu, a B. decumbens e o capim-mombaça, quando consorciados com o estilosantes Mineirão, apresentaram maior capacidade de produção de forragem.
Aroeira et al. (2005) observaram que na consorciação da Brachiaria decumbens com o cultivar Mineirão houve decréscimo na porcentagem de leguminosa, na qual atribuíram esse efeito devido à competição por água, luz e nutrientes, e entre as espécies. A porcentagem da leguminosa na pastagem permaneceu constante durante os meses de janeiro a maio (26% a 29%), alcançou o maior valor (56%) durante o final do período seco (outubro) e diminuiu com o início da época das chuvas (dezembro). Em decorrência da maior eficiência fotossintética da B. decumbens em relação à S. guianensis cv. Mineirão nas condições experimentais.
Costa et al. (2002) constataram que a altura e a produção de matéria seca do Stylosanthes guianensis cv. Mineirão foram influenciadas pela aplicação de calcário com pouca eficiência. Já que baixas doses de calcário são suficientes para se elevar o teor de proteína desta cultivar estudada, no entanto, a produção desta cultivar pode variar de 5 a 10 toneladas/há podendo alcançar a produção máxima de 20 toneladas.
Paciullo et al. (2003), compararam a massa de forragem e a qualidade de pastagens de Brachiaria decumbens em monocultivo e consorciadas com estilosantes (Stylosanthes guianensis cv. Mineirão), mostraram que a pastagem consorciada obteve maior produção de forragem de 2.158 kg/ha do que a monocultura de braquiária apresentando cerca de 1.481 kg/ha, mesmo sem alterações da massa da gramínea com a introdução da leguminosa.
Ladeira et al., (2001) estudaram a composição e digestibilidade em ovinos do estilosantes Mineirão e relataram que mesmo em estágio avançado de maturação ele pode ser
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utilizado para alimentação de ruminantes, sendo capaz de suprir as necessidades energéticas de mantença.
2.4. CAMPO GRANDE (Stylosanthes capitata + Stylosanthes macrocephala)
Em 2000 a Embrapa Gado de Corte lançou no mercado o estilosantes Campo Grande, uma cultivar composta por duas espécies de leguminosas, o Stylosanthes macrocephala e o S. capitata. Essa cultivar foi obtida a partir da seleção de plantas dessas duas espécies em uma área da Fazenda Maracujá (Campo Grande, MS), onde havia sido realizado um experimento em anos anteriores à década de 1990 (KARIA et al. 2013).
A área experimental onde o Stylosanthes cv. Campo grande era formada por solos bastante arenosos e essas plantas se mostravam bem adaptadas às condições de baixa fertilidade do solo e apresentavam alto grau de resistência à antracnose, lesões necróticas, irregulares, inicialmente de cor parda em folhas jovens e posteriormente de coloração avermelhada em folhas mais velhas. Sementes das plantas selecionadas foram plantadas em linhas intercaladas com dez outros acessos de S. capitata e cinco outros de S. macrocephala, previamente selecionados na Embrapa Gado de Corte para produtividade de matéria seca, produtividade de sementes e resistência à antracnose. As espécies foram cultivadas em áreas separadas, onde se permitiu o cruzamento natural entre as plantas, havendo a formação de duas populações com características agronômicas desejáveis, originando assim a cultivar Campo Grande, que é formada por 20% de S. macrocephala e 80% de S. capitata (EMBRAPA, 2000).
O estilosantes Campo Grande foi recomendado pela Embrapa Gado de Corte para regiões de clima tropical, com pluviosidade anual mínima de 700 mm e máxima de 1.800 mm, não se adaptando a locais sujeitos à ocorrência de geadas frequentes ou com umidade do ar e temperaturas altas o ano todo. Quanto ao solo ela é bastante adaptada a solos ácidos e considerada pouco exigente em fertilidade do solo (ZIMMER et al. 2007).
Em estandes puros, a produção de forragem anual do estilosantes Campo Grande varia de 8 a 14 toneladas de matéria seca por hectare, 12 a 15 toneladas de MS/ha/ano (FERNANDES et al., 2005); e quando consorciado com gramíneas, espera-se uma produção em torno de 3 a 6 t/ha/ano, (VALENTIM; MOREIRA, 1996) considerando que a participação da leguminosa na pastagem varia de 30% a 40% da matéria seca de forragem produzida. De
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acordo com Zimmer et al. (2007) o potencial de produção anual de sementes do estilosantes campo grande solteiro é de 300 a 700 kg/ha de sementes com casca.
Na consorciação, a taxa de semeadura do estilosantes Campo Grande deve ser de 2 quilos por hectare a 2,5 quilos por hectare de sementes puras viáveis (SPV) e, a das gramíneas (capim), é reduzida em 20% a 30%.
As sementes de estilosantes são pequenas e a profundidade de plantio não deve ser maior do que 2 centímetros. No entanto, com gramíneas que não toleram plantios mais profundos do que 4 centímetros, como Andropogon gayanus, recomenda-se a distribuição a lanço das duas forrageiras, seguida de compactação com rolo.
O correto manejo da pastagem consorciada possibilita melhores ganhos. Em sistemas de manejos rotacionados, os benefícios da consorciação têm sido mais expressivos (SCHUNKE; SILVA, 2003).
Garcia et al. (2008), avaliaram pastagens de Brachiaria decumbens exclusivas e consorciadas com o estilosantes Campo Grande, mostrando que, na área consorciada, a B. decumbens alcançou maior produção de matéria seca por hectare e maior teor de proteína bruta. Atribuindo à leguminosa que permitiu uma eficiente reciclagem de nitrogênio no sistema solo-planta.



CONCLUSÃO

Observando as características de cada cultivar do gênero Stylosanthes sp. conclui-se que as cultivares espécie Mineirão e a Campo Grande são mais indicadas para a exploração nas condições climáticas do nordeste brasileiro onde o regime das chuvas não são constantes. Tal escolha justifica-se principalmente por suas características comuns de adaptabilidade dos cultivos em solos de pouca fertilidade e precipitação pluviométrica o que desde já implica em uma redução nos custos de produção pela mínima necessidade de correção dos solos via adubação. A resistência às doenças como a antracnose, a seca e as baixa fertilidade do solo são características comuns nessas cultivares e desejadas para a região semiárida nordestina. No entanto a cultivar Campo Grande ainda apresenta uma característica de maior adaptação ao clima semi-árido nordestino, pela compatibilidade com o regime pluviométrico característico de nossa região, em torno de 800 mm médios anuais, sem quaisquer ocorrências de geadas. Portanto a escolha destas duas cultivares possibilita o melhor aproveitamento da exploração animal em sistema de pastagem, proporcionando boas condições produtivas e reduzido custo para o criador.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

BRUCELOSE CANINA



1.      Brucelose Canina
CONCEITUAÇÃO:
a) Características da doença;
A brucelose canina é uma doença bacteriana causada pela Brucella canis, um cocobacilo gram negativo aeróbico. Este agente causa uma bacteremia de extensa duração, desenvolvendo algumas alterações reprodutivas. A mais freqüente manifestação da doença nas fêmeas é a falha reprodutiva ou o aborto entre o 45°-55° dias de gestação. No macho, está associada à epididimite, dermatite do escroto, atrofia testicular e infertilidade.
b) distribuição geográfica e prevalência;
A infecção de cães por Brucella canis tem sido encontrada em praticamente todos os países. A prevalência é variável segundo a região e o método diagnóstico empregado. Alguns levantamentos sorológicos revelaram percentuais de 1 a 6% de prevalência nos Estados Unidos, 25% no Peru e 11,8% em cães de rua do México. Na região do planalto catarinense, Brasil, foi encontrada prevalência de 6% de cães soropositivos na zona urbana e 3% na zona rural, em levantamento soro-epidemiológico na cidade de Campinas, Brasil, detectou 5,4% de cães infectados. No município de Pelotas, Brasil, verificaram 22,7% de prevalência entre caninos e 7,1% entre humanos. Na espécie humana, os registros demonstram que a maioria dos casos de infecção estão associados à laboratoristas e à indivíduos que trabalham em canis.
c) importância e conseqüências econômicas e sociais.
Provoca distúrbios reprodutivos em cães, podendo ser transmitida ao homem. Além de ocasionar perdas econômicas aos criadores de cães domiciliados e de canis, em decorrência do comprometimento dos órgãos reprodutivos.
ETIOLOGIA:
a) Características morfológicas do agente, resistência (ambiente e desinfetantes),
O gênero Brucella é constituído por bactérias intracelulares facultativas, com seis espécies reconhecidas, cada uma acomete um hospedeiro preferencial, sendo assim, identificadas conforme seu hospedeiro, características morfológicas, propriedades metabólicas, sorotipagem e fenotipagem. A B. canis causa uma enfermidade infecto-contagiosa crônica, reconhecida como pequeno (1,0 - 1,5 μm) cocobacilo, Gram negativo, aeróbico, imóvel, não esporulado e não encapsulado, que se distingue de outros do gênero Brucella, por apresentar colônias com morfologia rugosa e aspecto mucóide, e características bioquímicas próprias. As espécies do gênero Brucella são bastante sensíveis aos desinfetantes comuns, à luz e a dessecação. Em cadáveres ou tecidos contaminados enterrados, podem resistir vivas por um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões quentes, um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões quentes.
b) ciclo evolutivo ou biológico.
Após a entrada no hospedeiro, a Brucella canis é fagocitada por macrófagos e outras células fagocitárias, ela resiste às enzimas produzidas pelos fagócitos e é transportada para os linfonodos regionais, podendo causar linfadenopatia periférica, a partir dos linfonodos regionais, os microrganismos disseminam-se por via hematógena e podem localizar-se no fígado, baço e no trato reprodutivo.
HOSPEDEIRO:
a) Suscetibilidade em função das características peculiares de espécie e diferentes grupos de indivíduos.
A brucelose canina é uma enfermidade contagiosa crônica que acomete os cães, os canídeos silvestres e o homem. A prevalência de infecção é maior em áreas economicamente carentes. Áreas fechadas de confinamento, como canis, aumentam a probabilidade de transmissão de infecções.
PATOGENIA:
a) Porta de entrada principal;- Destino seguido pelo agente desde a porta de entrada até o(s) ou tecido(s) de eleição;
Nos cães, as principais portas de entrada da bactéria compreendem principalmente as mucosas oronasal, genital e conjuntival. Infecções experimentais já foram induzidas pelas vias intravenosa, subcutânea, intraperitoneal e intravaginal. Após a penetração no organismo, o agente é fagocitado por macrófagos ou outras células fagocitárias, transportado para órgãos genitais e linfonodos, desenvolvendo linfadenopatia transitória e no interior dos leucócitos realiza bacteremia. Durante a fase de bacteremia ocorre disseminação bacteriana por todo o organismo do hospedeiro, mas preferencialmente para tecidos ricos em esteróides gonadais e em células reticuloendoteliais como baço, fígado, linfonodos, medula óssea, útero de fêmeas gestantes, próstata, epidídimos e testículos. Outros sítios de localização são os rins, circulação dos discos intervertebrais, meninges e câmara anterior dos olhos. Uma vez cessada a bacteremia, esses tecidos podem constituir sítios de persistência bacteriana, caracterizando a fase crônica da infecção. Após a bacteremia, títulos de anticorpos persistentes e não protetores contra B. canis começam a ser detectados e a resposta imune é predominantemente celular. Entretanto, parecem ter pouca influência sobre a bacteremia e o número de microrganismos encontrados nos tecidos.
b) Tempo necessário para que o agente, uma vez no organismo do hospedeiro, desenvolva sua ação (período de incubação);
Após uma a quatro semanas da infecção, o agente já pode ser isolado na hemocultura, persistindo por no mínimo seis meses e de forma intermitente pode durar até 64 meses ou mais. Porém, em animais cronicamente infectados a bacteremia pode estar ausente impossibilitando o isolamento.
c) Alterações estruturais que imprime aos órgãos ou tecidos de eleição (Lesões);
d) Alterações fisiológicas, que determinam no organismo afetado, decorrentes de funções bloqueadas (Sinais e Sintomas);
A presença do agente no organismo causa principalmente alterações reprodutivas como infertilidade, abortamentos, principalmente no terço final da gestação e a ocorrência de natimortos ou do nascimento de filhotes débeis. Ocasionalmente afeta outros tecidos causando alterações como uveíte, discoespondilite, osteomielite e dermatite. Em sua maioria, as infecções por B. canis são inaparentes. Infecta o útero nas fêmeas prenhes e coloniza as células epiteliais placentárias, resultando em morte embrionária ou fetal, abortamentos tardios no terço final da gestação, podendo ocorrer retenção de placenta e/ou corrimento vaginal persistente. Algumas fêmeas podem apresentar vários abortamentos consecutivos. Em alguns casos, podem levar a gestação a termo com nascimento de natimortos, filhotes fracos que morrem em poucos dias, ou filhotes aparentemente sadios, exceto pela bacteremia persistente e o enfartamento de linfonodos, que geralmente é o único sinal clínico da infecção até a maturidade sexual. As cadelas infectadas não prenhes comumente não mostram sinais de infecção, mas podem eliminar o microrganismo na urina e secreções vaginais por período de tempo variável. As manifestações clínicas de brucelose mais frequentes nos machos, são as epididimites e prostatites severas. A epididimite desenvolve-se cerca de cinco semanas pós-infecção. Durante a fase aguda da doença, o testículo e o epidídimo aumentam de tamanho, e este último torna-se sensível devido à presença de fluido serosanguinolento na túnica albugínea. O epidídimo diminui de tamanho na fase crônica da infecção, apresentando consistência firme e geralmente há atrofia epididimária.
e) Evolução do quadro: duração e curso da doença (Prognóstico).
Danos testiculares desenvolvidos pela ação direta da bactéria, iniciam uma resposta auto-imune contra os espermatozóides e determinam distúrbios na espermatogênese, alterações da morfologia e redução na motilidade dos espermatozóides, presença de células inflamatórias e redução de volume do ejaculado. Acredita-se que este fenômeno auto-imune, esteja envolvido na patogenia da esterilidade, que geralmente ocorre nas infecções crônicas. Independentemente do desenvolvimento da esterilidade, os cães continuam excretando a bactéria no fluido seminal. Relata-se recuperação espontânea da infecção entre um e cinco anos pós-infecção. Animais que se recuperaram da infecção apresentam títulos aglutinantes baixos ou ausentes e podem apresentar-se imunes à re-infecção. Mesmo sendo uma doença sistêmica, raramente cães adultos manifestam sinais clínicos sistêmicos severos, sendo o principal problema à ocorrência de prejuízos no desempenho reprodutivo. A presença dos sinais clínicos é sugestiva da infecção, mas o único método definitivo para o diagnóstico da brucelose em cães é o isolamento bacteriano do agente que fornece diagnóstico definitivo quando a bactéria é isolada. Entretanto, é demorado, e resultados negativos na cultura, decorrentes de pequena quantidade de microorganismos viáveis ou contaminação da amostra, não eliminam a possibilidade de infecção.
DIAGNÓSTICO:
b) Clínico:- considerar os sintomas mais sugestivos do ponto de vista populacional;
O diagnóstico é sugerido pela história clínica, por anormalidades no sêmen e relativa ausência de anormalidades físicas. Todavia, o diagnóstico definitivo consiste no isolamento do microorganismo, caracterizando-se como método que consome muito tempo e por isso pouco prático como teste de rotina em animais assintomáticos. O sucesso do diagnóstico ainda depende da escolha do material a ser cultivado.
c) Laboratorial:- material de escolha; métodos recomendados
Diagnostico Direto: O microorganismo pode ser isolado a partir da cultura do sangue, aspirado de medula óssea, sêmen, secreção vaginal, urina, leite, humor aquoso, órgãos como o fígado, baço, linfonodos, útero, ovário, próstata, epidídimo, testículo ou ainda líquido amniótico, placenta, rins, fígado, baço, pulmão e fluidos pleurais de fetos abortados. O sangue é a melhor amostra a ser cultivada na tentativa de isolamento, uma vez que nos cães a bacteremia é prolongada. Após uma a quatro semanas da infecção, o agente já pode ser isolado na hemocultura, persistindo por no mínimo seis meses e de forma intermitente pode durar até 64 meses ou mais. Porém, em animais cronicamente infectados a bacteremia pode estar ausente impossibilitando o isolamento. A cultura da descarga vaginal no período imediatamente após o abortamento ou durante o estro é o mais indicado para tentativa de isolamento do agente nas cadelas. As culturas de urina e sêmen podem ser úteis para o diagnóstico, mas se colhidas isoladamente não são confiáveis, uma vez que um resultado negativo não exclui a possibilidade de infecção.
Anticorpos não protetores, produzidos contra antígenos da parede celular e do citoplasma da B. canis, podem ser detectados com oito a 12 semanas pós-infecção. Os títulos de anticorpos permanecem altos enquanto persiste a bacteremia. Quando a bacteremia torna-se intermitente, os títulos de anticorpos declinam e podem tornar-se duvidosos ou negativos, enquanto o microrganismo ainda persiste nos tecidos.
Diagnostico indireto: O sorodiagnóstico da brucelose canina pode ser realizado empregando-se as seguintes provas: soroaglutinação rápida (SAR), soroaglutinação lenta (SAL), imunodifusão em gel de ágar (IDGA) e ensaio imunoenzimático (ELISA). Pelas características de especificidade moderada da sorologia e da baixa sensibilidade do isolamento, nenhum deles é, sozinho, adequado para o diagnóstico de todos os casos de brucelose. Desta maneira é interessante associá-los e tentar descobrir em que fase da doença o animal se encontra, uma vez que em cada fase haverá maior probabilidade da bactéria ser isolada em determinada amostra.
TRATAMENTO: quando indicado.
Como a possibilidade de êxito com o tratamento é incerta e os animais se tornam uma fonte de infecção para outros cães e pessoa, o tratamento não é recomendado, pois os cães tratados estarão sempre susceptíveis a reinfecção, a brucelose ainda não tem cura, sendo assim o animal infectado permanece portador por toda a vida. Todavia, alguns medicamentos podem ser utilizados para minimizar os sintomas clínicos da doença e sendo utilizada de acordo com a fase da enfermidade em que o animal se encontra, e quanto mais tardia a doença for diagnosticada, mais difícil será o tratamento.
Tetraciclina (30 mg/kg), VO, duas vezes ao dia, durante 28 dias; Estreptomicina (20 mg/kg), IV, uma vez ao dia, durante 14 dias. Foram submetidos a esse tratamento 105 cães, desses 81 foram negativados; Tetraciclina (30 mg/kg), VO, três vezes ao dia, durante 30 dias; Estreptomicina (20 mg/kg), IM, nos dias 1 a 7 e 24 a 30. Foram submetidos a esse tratamento 19 cães, 14 foram negativados com um ciclo, 2 animais com dois ciclos e 3 cães foram refratários; Monociclina (10 mg/kg), duas vezes ao dia; Estreptomicina (4,5 mg/kg), IM, durante 7 dias consecutivos; Oxitetraciclina de longa ação (20 mg/kg), IM, uma vez por semana, durante um mês, associada a Estreptomicina (20 mg/kg), IM, uma vez ao dia, durante 1 semana. Dos 24 cães tratados 21 foram negativados. Nesse mesmo estudo, não foram obtidos sucessos com Ampicilina e observou-se bons resultados com 4 semanas de tratamento com enrofloxacina.
CADEIA DE TRANSMISSÃO:
a) fontes de infecção;
Entre os animais, a Brucella é geralmente transmitida pelo contato com a placenta, feto, fluidos fetais e descargas vaginais de animais infectados. Os animais são infectados após um abortamento ou parto completo. A bactéria pode ser encontrada no sangue, urina, leite ou sêmen; produzida no leite e sêmen, pode ter sua vida prolongada. A brucelose pode ser transmitida por fômites, e em condições de alta umidade, baixa temperatura e se luz solar, os microorganismos podem se tornar resistentes por muitos meses na água, fetos abortados, esterco, pêlos, fenos, equipamentos e roupas.
b) vias de eliminação;
A Brucella canis pode ficar alojada na próstata e epidídimo de machos infectados e ser eliminada intermitentemente no fluído seminal, mesmo após a bacteremia ter cessado. A eliminação pelo sêmen é decorrente da presença de microrganismos na próstata e no epidídimo. A quantidade de bactérias isoladas a partir do sêmen em cães infectados é alta nas primeiras seis a oito semanas pós-infecção. Entretanto, a eliminação intermitente do organismo em baixas concentrações, foi relatada por até 60 semanas pós-infecção, podendo continuar por até dois anos.
c) vias de transmissão; portas de entrada, suscetiveis.
Nos cães, as principais portas de entrada da bactéria compreendem principalmente as mucosas oronasal, genital e conjuntival. Infecções experimentais já foram induzidas pelas vias intravenosa, subcutânea, intraperitoneal e intravaginal. A infecção oral é a mais frequente e a dose mínima infectante por esta via é de cerca 106 microrganismos, enquanto a dose mínima infectante por via conjuntival é 104 a 105 microrganismos. A dose infectante mínima por via venérea é desconhecida. A transmissão ocorre no período de acasalamento ou como resultado do contato com tecido fetal abortado e descarga vaginal. Outras formas de transmissão são a congênita e por aerossóis. A B. canis pode ser transmitida pelo sêmen, principalmente durante as primeiras seis a oito semanas de infecção, pela urina, e também por fômites contaminados.
PREVENÇÃO:
a) Medidas relativas às fontes de infecção;
Para prevenção e controle dessa doença, deve-se testar todo o lote reprodutor quanto a Brucella antes de empreender um programa de acasalamento e, teoricamente, antes de cada acasalamento nas fêmeas e uma ou duas vezes por ano nos machos. Os animais positivos devem ser eliminados de canis de reprodução ou esterilizados.
b) Medidas relativas às vias de transmissão;
O controle da brucelose em canis infectados baseia-se nas seguintes medidas: identificação e remoção de todos os animais positivos do local, identificação das vias de transmissão, higienização das instalações, repetição mensal dos exames laboratoriais a fim de identificar todos os animais positivos e evitar que novos surtos venham ocorrer. Uma vez que a infecção é confirmada num plantel, todos os animais devem ser testados sorologicamente e bacteriologicamente, em intervalos mensais para identificação dos positivos. Com relação aos animais de companhia, devem-se ter outras condutas, como tratamento com antibioticoterapia e a esterilização, pois terminam com as secreções genitais e a eliminação do microorganismo por essa via, porem, não excluem a possibilidade de o animal permanecer como fonte de infecção para outros cães e até mesmo para pessoas de seu convívio.
c) Medidas gerais de controle e profilaxia.
A prevenção da infecção é particularmente importante nos canis comerciais, já que uma vez que a infecção é introduzida numa população canina confinada, sua disseminação ocorre rapidamente, acometendo diversos animais. Exames bacteriológicos e sorológicos rotineiros devem ser realizados a cada seis meses, assim como nos animais previamente ao acasalamento. Novos animais introduzidos no plantel devem antes ser submetidos aos exames clínicos e laboratoriais e então devem ser mantidos em quarentena durante oito a doze semanas, quando os testes laboratoriais forem repetidos. Os cães que apresentarem sinais clínicos sugestivos de brucelose não devem ser introduzidos no plantel. Todos os animais reprodutores devem ser regularmente testados para anticorpo B. canis, antes de empreender um programa de acasalamento e, teoricamente, antes de cada acasalamento nas fêmeas e uma ou duas vezes por ano nos machos. Em canis todos os animais positivos devem ser eliminados da reprodução. Um macho reprodutor não deve retornar ao serviço, mesmo após o tratamento com antibioticoterapia.

BRUCELOSE BOVINA



1.      Brucelose bovina

CONCEITUAÇÃO:
A brucelose é uma doença infecto-contagiosa provocada por bactérias do gênero Brucella. Produz infecção característica nos animais, podendo infectar o homem. Sendo uma zoonose de distribuição universal, acarreta problemas sanitários importantes e prejuízos econômicos vultosos. As principais manifestações nos animais – como abortos, nascimentos prematuros, esterilidade e baixa produção de leite – contribuem para uma considerável baixa na produção de alimentos. No homem, a sua manifestação clínica é responsável por incapacidade parcial ou total para o trabalho.
Características da doença;
distribuição geográfica e prevalência;
Estudos mostram que a brucelose bovina parece estar disseminada por todo o território brasileiro, com maior ou menor prevalência dependendo da região estudada. Em 1975, foram verificadas as seguintes prevalências em animais, por regiões: Sul, 4%; Sudeste, 7,5%; Centro-Oeste, 6,8%; Nordeste, 2,5% e Norte, 4,1%. Posteriormente, alguns Estados realizaram estudos sorológicos por amostragem, os quais não evidenciaram grandes alterações em relação aos índices nacionais verificados em 1975. No Rio Grande do Sul, a prevalência decresceu de 2%, em 1975, para 0,3%, em 1986. Em Santa Catarina, passou de 0,2%, em 1975, para 0,6%, em 1996. No Mato Grosso do Sul, a prevalência estimada em 1998 foi de 6,3%, semelhante à de 1975 no antigo Estado do Mato Grosso. Em Minas Gerais, passou de 7,6%, em 1975, para 6,7%, em 1980. No Paraná, a prevalência estimada em 1975 foi de 9,6%, passando para 4,6% em 1989. Os dados oficiais, publicados no Boletim de Defesa Sanitária Animal, mostram que a prevalência de animais positivos no Brasil manteve-se entre 4% e 5% no período entre 1988 e 1998.
Apesar dos poucos estudos realizados visando à identificação das biovariedades de Brucella isoladas de bovídeos no Brasil, já foram identificadas B. abortus biovares 1, 2 e 3 e B. suis biovar 1. Além dessas espécies, de igual modo já foram identificadas B. canis e B. ovis infectando animais domésticos. Até o presente momento, a B. melitensis, principal agente etiológico da brucelose caprina, não foi identificada no Brasil.
importância e conseqüências econômicas e sociais.
Nos bovinos e bubalinos, a brucelose acomete, de modo especial, o trato reprodutivo, gerando perdas diretas devido, principalmente, a abortos, baixos índices reprodutivos, aumento do intervalo entre partos, diminuição da produção de leite, morte de bezerros e interrupção de linhagens genéticas. As propriedades onde a doença está presente têm o valor comercial de seus animais depreciado; as regiões onde a doença é endêmica encontram-se em posição desvantajosa na disputa de novos mercados. Estimativas mostram ser a brucelose responsável pela diminuição de 25% na produção de leite e de carne e pela redução de 15% na produção de bezerros. Mostram ainda que, em cada cinco vacas infectadas, uma aborta ou torna-se permanentemente estéril.
Dentro das perdas indiretas, deve-se salientar as que resultam em infecções humanas. Na maioria das vezes, quando a enfermidade não é tratada na fase aguda, o curso crônico da doença no homem produz perdas econômicas de vulto. Essas perdas estão relacionadas com os custos do diagnóstico e tratamento, muitas vezes requerendo internações prolongadas. Além disso, não deve ser esquecido o custo do período decorrente da ausência ao trabalho. No Brasil, não existem estudos concretos sobre os prejuízos econômicos ocasionados pela brucelose bovina ou bubalina.
ETIOLOGIA:
Dentro do gênero Brucella, são descritas seis espécies independentes, cada uma com seu hospedeiro preferencial: Brucella abortus (bovinos e bubalinos), Brucella melitensis (caprinos e ovinos), Brucella suis (suínos), Brucella ovis (ovinos), Brucella canis (cães) e Brucella neotomae (rato do deserto). Duas novas espécies, recentemente isoladas de mamíferos marinhos estão sendo estudadas.
As três espécies principais, também denominadas clássicas, são subdivididas em biovariedades ou biovares: B. abortus – 7 biovares; B. melitensis – 3 biovares; B. suis – 5 biovares
Características morfológicas do agente:
As bactérias do gênero Brucella são parasitas intracelulares facultativos, com morfologia de cocobacilos Gram-negativos, imóveis; podem apresentar-se em cultivos primários com morfologia colonial lisa ou rugosa (rugosa estrita ou mucóide). Essa morfologia está diretamente associada à composição bioquímica do lipopolissacarídeo da parede celular, e para algumas espécies tem relação com a virulência. B. abortus, B. melitensis e B. suis normalmente apresentam uma morfologia de colônia do tipo lisa; quando evoluem para formas rugosas ou mucóides, deixam de ser patogênicas. Já as espécies B. ovis e B. canis apresentam uma morfologia de colônia permanentemente do tipo rugosa ou mucóide.
HOSPEDEIRO:
Suscetibilidade em função das características peculiares de espécie e diferentes grupos de indivíduos.
PATOGENIA:
a)      Porta de entrada principal;- Destino seguido pelo agente desde a porta de entrada até o(s) ou tecido(s) de eleição;
No animal infectado, as localizações de maior freqüência do agente são: linfonodos, baço, fígado, aparelho reprodutor masculino, útero e úbere. As vias de eliminação são representadas pelos fluidos e anexos fetais – eliminados no parto ou no abortamento e durante todo o puerpério –, leite e sêmen. A principal fonte de infecção é representada pela vaca prenhe, que elimina grandes quantidades do agente por ocasião do aborto ou parto e em todo o período puerperal (até, aproximadamente, 30 dias após o parto), contaminando pastagens, água, alimentos e fômites. Essas bactérias podem permanecer viáveis no meio ambiente por longos períodos, dependendo das condições de umidade, temperatura e sombreamento, ampliando de forma significativa a chance de o agente entrar em contato e infectar um novo indivíduo suscetível.
A porta de entrada mais importante é o trato digestivo, sendo que a infecção se inicia quando um animal suscetível ingere água e alimentos contaminados ou pelo hábito de lamber as crias recém nascidas. Uma vaca pode adquirir a doença apenas por cheirar fetos abortados, pois a bactéria também pode entrar pelas mucosas do nariz e dos olhos.
A transmissão pelo coito parece não ser de grande importância entre bovinos e bubalinos. Na monta natural, o sêmen é depositado na vagina, onde há defesas inespecíficas que dificultam o processo de infecção. Entretanto, um touro infectado não pode ser utilizado como doador de sêmen; isso porque, na inseminação artificial, o sêmen é introduzido diretamente no útero, permitindo infecção da fêmea com pequenas quantidades do agente, sendo por isso importante via de transmissão e eficiente forma de difusão da enfermidade nos plantéis.
A transferência de embriões – realizada segundo os protocolos internacionalmente preconizados de lavagem e tratamento para a redução da transmissão de agentes infecciosos –, não apresenta risco de transmissão de brucelose entre doadoras infectadas e receptoras livres da doença.
Fêmeas nascidas de vacas brucélicas podem infectar-se no útero, durante ou logo após o parto. Quando infectadas, essas fêmeas em geral abortam na primeira prenhez, e só apresentam resultados positivos para os testes sorológicos no decorrer da gestação. Esse fenômeno ocorre em freqüência baixa, porém, apesar de não impedir o avanço dos programas de controle e erradicação, invariavelmente acarreta considerável retardo na obtenção de bons resultados deles.
Várias espécies domésticas ou silvestres são suscetíveis à infecção por B. abortus, entretanto, são consideradas como hospedeiros finais da infecção, pois não transmitem o agente novamente aos bovinos. Entre aquelas espécies em condições de ter alguma importância na epidemiologia da brucelose bovina, podem ser citados: os eqüídeos, que podem apresentar lesões articulares abertas, principalmente de cernelha; os cães, que podem abortar pela infecção; e os saprófagos, pela possibilidade de levar restos de placenta ou feto de um lugar para outro.
A principal forma de entrada da brucelose em uma propriedade é a introdução de animais infectados. Quanto maior a freqüência de introdução de animais, maior o risco de entrada da doença no rebanho. Por essa razão, deve-se evitar introduzir animais cuja condição sanitária é desconhecida. O ideal é que esses animais procedam de rebanhos livres ou, então, que sejam submetidos à rotina diagnóstica que lhes garanta a condição de não infectados.
b)      Tempo necessário para que o agente, uma vez no organismo do hospedeiro, desenvolva sua ação (período de incubação);
O tempo transcorrido entre a exposição ao agente infeccioso e o aparecimento dos sintomas visíveis é o que se define como período de incubação. No caso da brucelose, esse período pode ser de poucas semanas e até mesmo de meses ou anos. Considerando-se o momento em que ocorre a infecção, o período de incubação é inversamente proporcional ao tempo de gestação, ou seja, quanto mais adiantada a gestação, menor será o período de incubação.
c)      Alterações estruturais que imprime aos órgãos ou tecidos de eleição (Lesões);
Os animais infectados apresentam uma placentite necrótica, sendo comum a retenção de placenta. Após o primeiro aborto, são mais freqüentes a presença de natimortos e o nascimento de bezerros fracos. O feto geralmente é abortado 24 a 72 horas depois de sua morte, sendo comum sua autólise. Não há nenhuma lesão patognomônica da brucelose no feto abortado, mas, com freqüência, observa-se broncopneumonia supurativa. Nos machos existe uma fase inflamatória aguda, seguida de cronificação, freqüentemente assintomática. As bactérias podem instalar-se nos testículos, epidídimos e vesículas seminais. Um dos possíveis sinais é a orquite uni ou bilateral, transitória ou permanente com aumento ou diminuição do volume dos testículos. Em outros casos, o testículo pode apresentar um aspecto amolecido e cheio de pus. Lesões articulares também podem ser observadas.
d)     Alterações fisiológicas, que determinam no organismo afetado, decorrentes de funções bloqueadas (Sinais e Sintomas);
Os principais sinais clínicos observados nos animais infectados estão ligados a problemas reprodutivos. O mais frequente é o aborto no terço final da gestação, natimortos e nascimento de bezerros fracos. Frequentemente, há retenção placentária e infertilidade temporária ou permanente. Nos machos, a infecção por B. abortus pode causar orquite com consequente infertilidade por diminuição da qualidade espermática.
Lesões articulares, assim como lesões na glândula mamária também podem ser observadas em casos crônicos da doença. As lesões articulares caracterizam-se por bursite e artrite. Placentite necrótica é a principal lesão encontrada nos animais que abortam. Não há nenhuma lesão patognomônica da doença no feto abortado, porém pleurite fibrinosa, que pode estar associada à broncopneumonia supurativa e pericardite fibrinosa, ocorre com frequência.
e)      Evolução do quadro: duração e curso da doença.
O agente penetra no organismo por via oral ou venérea, se instala na orofaringe, tubo entérico e mucosas. Ocorre uma multiplicação durante duas semanas. Permanece nestes locais ou nos linfonodos regionais. Em duas a quatro semanas do contágio ocorre a bacteremia (presença das bactérias no sangue). O agente pode ser encontrado no interior de neutrófilos e macrófagos, ou livres. O agente liberta-se dos neutrófilos mortos e sofrem fagocitose pelos macrófagos dos órgãos onde se encontram. Dentro do macrófago, ocorre a multiplicação (reticuloendoteliose difusa). O estágio de bacteremia é expresso com elevações da temperatura. As brucelas atingem, sobretudo, os chamados “órgãos e tecidos de predileção” representados pela mama, medula óssea, articulações, bainhas tendinosas, útero, fetos e placenta, epidídimo.
O útero e a mama dos animais gestantes constituem um meio especialmente favorável para a multiplicação das brucelas em razão do aumento de suas atividades fisiológicas e das mudanças relacionadas com a gravidez.
A capacidade de sobreviver dentro de macrófagos facilita a disseminação e a permanência da B. abortus no organismo. O curso da doença vai depender do estágio fisiológico do animal. Animais jovens, antes da puberdade, parecem ser mais resistentes à infecção. Caso o animal não esteja gestante, B. abortus geralmente infecta linfonodos e glândula mamária. Quando o animal se torna gestante, as bactérias atingem o útero, local pelo qual possuem grande tropismo, provocando, dessa forma, o aborto. Na primeira gestação após a infecção, o animal aborta; entretanto, o aborto é muito menos frequente na segunda gestação após infecção e muito raro a partir da terceira gestação após a infecção. Isso se deve ao desenvolvimento de uma resposta imune, principalmente celular, pelos animais, que diminui a área e a intensidade das lesões. Com isso, a manifestação clínica passa a ser a presença de natimortos ou o nascimento de bezerros fracos.
DIAGNÓSTICO:
Epidemiológico:
Baseado nos sinais clínicos de aborto, nascimento de bezerros fracos e esterilidade de fêmeas e machos; dados epidemiológicos baseados na história dos rebanhos; isolamento e identificação do agente etiológico e ainda pela demonstração de anticorpos nos fluídos orgânicos.
Laboratorial: material de escolha; métodos recomendados
A identificação da B. abortus é um processo lento, caro e de alto risco para o laboratorista, pois envolve a manipulação de placentas contaminadas, exsudatos vaginais, sêmen, tecidos de fetos abortados ou leite contaminado, que exige a observação de normas estritas de biossegurança. Apesar disto, a identificação e a caracterização das espécies e biovariedades de Brucella sp. presentes num rebanho ou região, são importantes do ponto de vista da epidemiologia da doença. A detecção de anticorpos no soro ou leite é o meio mais rápido, barato e menos laborioso de diagnóstico e é um indicativo confiável de resposta à exposição a B. abortus.
Diagnóstico bacteriológico: A maioria dos materiais coletados a campo está potencialmente contaminada com microrganismos secundários. Deste modo, é importante que se empreguem meios de cultura seletivos, contendo diversos antibióticos que inibam esta microbiota secundária sem afetar o crescimento de Brucella sp. Os materiais de eleição para a tentativa de isolamento de Brucella sp. são: membranas fetais, feto abortado, leite, swabs vaginais e sêmen. O material coletado pode ser enviado congelado (-20ºC) ao laboratório desde que mantenha a temperatura durante o transporte. No caso de material proveniente de tecidos que não sejam oriundos de aborto, em função do pequeno número de bactérias viáveis, o diagnóstico pode resultar em falso-negativo. Nestes casos, torna-se indicado o uso de meio de enriquecimento suplementado como forma de melhorar a sensibilidade da técnica.
As membranas fetais são ricas em bactérias, especialmente os cotilédones, onde estão presentes bilhões de B. abortus por grama de tecido. O feto abortado pode ser enviado inteiro ao laboratório ou então o seu conteúdo estomacal, pulmão, linfonodo bronquial, baço e fígado, acompanhados do histórico do animal e dos achados de necropsia.
O leite deve ser coletado o mais assepticamente possível, e a amostra deve conter a mistura dos quatro quartos, aproximadamente 20 ml de cada teto. Por meio de swabs vaginais contendo meio de transporte é possível isolar Brucella sp. até seis semanas após o aborto ou parto. O sêmen e o fluído seminal podem ser semeados diretamente nos meios de cultura seletivos.
Diagnóstico sorológico: Testes sorológicos baseiam-se na reação entre antígenos de Brucella sp., células inteiras inativadas ou suas frações purificadas, e anticorpos produzidos em resposta a uma infecção. Anticorpos produzidos por espécies lisas de Brucella (B. abortus, B. melitensis e B. suis) reagem cruzadamente com antígenos preparados com amostras lisas, geralmente B. abortus, e anticorpos produzidos por espécies rugosas de Brucella (B. ovis e B. canis) reagem cruzadamente com antígenos produzidos com amostras rugosas, geralmente B. ovis.
A soroaglutinação tem sido, desde longa data, o principal teste empregado no diagnóstico da brucelose. Este teste, no entanto, apresenta deficiências seja em sensibilidade, seja em especificidade, especialmente em animais que foram vacinados com vacinas elaboradas com amostras lisas. Em alguns casos, a baixa especificidade desta prova é resultante da reatividade cruzada com outras bactérias antigenicamente relacionadas com Brucella sp., principalmente Yersinia enterocolitica do grupo O9. Provas com antígenos acidificados tamponados (rosa de bengala, Card-Test®) têm sido bastante utilizadas como teste de triagem. São provas muito úteis, mas tendem a ser demasiadamente sensíveis, especialmente em animais vacinados com B19, apresentando altas taxas de animais falso-positivos. Animais reagentes nestas provas devem ser confirmados em outros testes. Dentre as provas confirmatórias, a fixação do complemento tem sido considerada como uma das provas que apresenta a melhor sensibilidade e especificidade, sendo por isso considerada como prova definitiva. No entanto, apresenta alguns inconvenientes como o fato de não estar padronizada e, por sua complexidade de execução, estar restrita a laboratórios especializados.
Testes menos sofisticados, mas com os mesmos efeitos tem sido utilizado para diagnostico da brucelose, dentre eles destacam-se o teste do 2-mercaptoetanol (2ME), recomendado no PNCEBT como prova confirmatória aos testes de triagem. Esta prova apresenta seletividade para imunoglobulinas da classe IgG, pois, em função dos radicais tiol do 2-mercaptoetanol, as IgM são destruídas. Por não serem tão afetadas pelo 2-mercaptoetanol e por serem as imunoglobulinas presentes em infecções crônicas, as IgG presentes em um soro significam infecção por B. abortus.
Outra prova de grande utilidade é o teste do anel em leite. Originalmente desenvolvido para testar mistura de leites em latões, ainda é bastante utilizado na detecção de rebanhos infectados. Esse teste tem sofrido modificações para poder ser empregado em leites muito diluídoscomo no caso de tanques de grandes capacidades. É utilizado, especialmente, no monitoramento e na detecção de rebanhos infectados, desde que algumas limitações, como a possibilidade do aparecimento de resultados falso positivos no caso de leites levemente ácidos, provenientes de vacas com mamites ou colostro, sejam observadas. Testes imunoenzimáticos do tipo ELISA de competição que detectam anticorpos no soro, no sangue total e no leite têm demonstrado ser de grande valor diagnóstico, pois apresentam sensibilidade e especificidade altas. Outro teste de alta especificidade e sensibilidade desenvolvido é o teste da polarização fluorescente. Para a realização deste teste, necessita-se de um equipamento de luz polarizada e de reagentes compatíveis. A grande vantagem desta prova é que ela pode ser realizada a campo, e o resultado pode ser obtido em dois minutos.
TRATAMENTO:
Não existe tratamento deve ser adotados procedimentos de eliminação e sacrifício dos animais positivos. Recuperação de forma relativamente rápida após o aborto, possibilidade de concepção e novo aborto ou com o nascimento normal. As endometrites que implicam numa esterilidade de duração variável. Vacinação dos animais jovens com uma vacina viva (amostra B19). Vacina alternativa (RB51) Recria de bezerras livres de brucelose. Vacinar bezerras 3 a 8 meses, a vacina B19 é de reduzida virulência, estável e causa reações mínimas. Protege cerca de 70% dos animais imunizando por aproximadamente 7 anos em uma única dose mas não tem ação curativa. Não vacinar machos.
CADEIA DE TRANSMISSÃO:
a)      fontes de infecção;
A principal fonte de infecção é representada pela vaca prenhe, que elimina grandes quantidades do agente por ocasião do aborto ou parto e em todo o período puerperal (até, aproximadamente, 30 dias após o parto), contaminando pastagens, água, alimentos e fômites. Essas bactérias podem permanecer viáveis no meio ambiente por longos períodos, dependendo das condições de umidade, temperatura e sombreamento, ampliando de forma significativa a chance de o agente entrar em contato e infectar um novo indivíduo suscetível.
b)      vias de eliminação;
As vias de eliminação são representadas pelos fluidos e anexos fetais – eliminados no parto ou no abortamento e durante todo o puerpério, leite e sêmen.
c)      vias de transmissão; portas de entrada, suscetíveis.
No animal infectado, as localizações de maior freqüência do agente são: linfonodos, baço, fígado, aparelho reprodutor masculino, útero e úbere. A porta de entrada mais importante é o trato digestivo, sendo que a infecção se inicia quando um animal suscetível ingere água e alimentos contaminados ou pelo hábito de lamber as crias recém nascidas. Uma vaca pode adquirir a doença apenas por cheirar fetos abortados, pois a bactéria também pode entrar pelas mucosas do nariz e dos olhos. A transmissão pelo coito parece não ser de grande importância entre bovinos e bubalinos. Na monta natural, o sêmen é depositado na vagina, onde há defesas inespecíficas que dificultam o processo de infecção.
PREVENÇÃO:
a)      Medidas relativas às fontes de infecção;
A eliminação das fontes de infecção, feita por meio de uma rotina de testes diagnósticos com sacrifício dos positivos, é a base das ações que visam criar propriedades livres da doença.
b)      Medidas relativas às vias de transmissão;
O controle da brucelose apoia-se basicamente em ações de vacinação massal de fêmeas e diagnóstico e sacrifício dos animais positivos. o controle de trânsito para os animais de reprodução. Programas de desinfecção e utilização de piquetes de parição são iniciativas simples que trazem como resultado a diminuição da quantidade de brucelas vivas presentes no ambiente.