quarta-feira, 2 de outubro de 2013

METABOLISMO DO CÁLCIO, MAGNÉSIO, MANGANÊS E FÓSFORO, PARA ANIMAIS DE PRODUÇÃO E COMPANHIA - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

METABOLISMO DO CÁLCIO
ADRIANA REIS CAETANO
ALINI OSOWSKI
ROSIVALDO DELFINO

            A maioria do cálcio de um indivíduo normal encontra-se no esqueleto, cerca de 98% desse mineral está alocado em cristais de hidroxiapatita, formando os ossos e os dentes e uma pequena porcentagem encontra-se no meio intersticial, nas células e na corrente sanguínea principalmente ligados as proteínas plasmáticas como a albumina. Desta forma as perdas plasmáticas em acidentes ou parasitismo promove a redução significativa desse composto sérico total, esse balanço mineral é altamente importante para as necessidades fisiológicas de um organismo por participa de forma direta das reações de coagulação, reações nervosas ou impulsos nervosos.
            Esse composto mineral é absorvido e depende exclusivamente dos níveis de diidroxivitamina D3 ou vitamina D ativada. Essa vitamina é ativada na pele através dos raios solares em Calcitrol, um elemento importante na ativação da Paratireoide responsável pela produção do PTH (Paratormônio) hormônio responsável por estimular os enterócitos a absorver o cálcio da alimentação. A presença do PTH e do Calcitriol faz com que as células C da Paratireoide produza a calcitonina, este hormônio estimula o Osteoblasto sintetizar matriz extracelular que possui ligações para o cálcio formando cristais de hidroxioapatita, que é o método de armazenamento desse mineral.
            A regulação dos níveis de cálcio ocorre através de feed back negativo, em que os níveis altos de Cálcio na corrente sanguínea ou de PTH estimulam o fígado a parar de produzir a Vitamina D pré-ativada. Em caso de deficiência de cálcio no organismo a liberação deste composto do tecido ósseo é realizada pelos osteoclastos através da calcitonina, que quebra a fibra de colágeno liberando o cálcio na corrente sanguínea, e quem controla são os níveis de PTH e Calcitriol.

Metabolismo do Fósforo

            Embora não seja o principal ânion abundante no organismo possui um papel importante na manutenção do organismo celular, processo de mineralização óssea e manutenção do equilíbrio acidobásico, entre outras funções. O controle dos seus níveis no organismo depende do sistema digestivo, ósseo e rins e assim como o Cálcio é regulado pelo (paratormônio) Calcitonina e vitamina D.
            O fósforo representa 1% do peso corporal total. 85% encontram-se nos ossos, 14% nos tecidos moles e 1% no fluido extracelular. Apresenta-se no sangue principalmente na forma de fosfolipídio cerca de 70% do total e o restante está na forma inorgânica. Deste 15% apresentam-se ligados as proteínas e os demais (75%) nas formas livres formando sais com o sódio, magnésio e cálcio.
            A sua absorção ocorre através do transporte ativo e está intimamente relacionado e estimulado pela presença de vitamina D, e concentração de sódio, esse mecanismo é semelhante ao do cálcio, porém, apresenta um mecanismo independente. Além do transporte ativo través de mediadores, esse elemento possui um transporte passivo na porção do jejuno e íleo.
            Os níveis de PTH e Calcitriol agem indiretamente na absorção do fosfato pelos enterócitos. O cálcio e o magnésio ao apresentarem em concentrações altas no lúmen digestivo se ligam ao fósforo e diminui sua absorção, esse fato ocorre com o alumínio que se liga ao fósforo formando complexos insolúveis no trato digestivo, sendo assim este elemento e amplamente utilizado para terapêutica em casos de hierfosfatemia.
            O fósforo participa de maneira indireta do processo de mineralização óssea, a hipofosfatemia leva a problemas na mineralização óssea além de aumento da atividade absortiva do osso com intermédio da vitamina D. ainda tem ação direta do fosfato na maturação e mineralização da matriz óssea do qual participa da produção do colágeno.
            O mecanismo de transporte do fósforo é mantido pelo gradiente de sódio gerado pela bomba de sódio e potássio na membrana basolateral. Para que esse mecanismo ocorra necessita da presença de sódio no local de entrada na célula. O transporte ocorre através de uma molécula de fósforo para duas moléculas de sódio, ou seja, ambos são co-transportados.
            Gradiente de Sódio e pH fazem a regulação renal. A concentração de sódio luminal promove maior absorção de fósforo pelos mecanismos já descritos. Esse mecanismo de co-transporte é reduzido pelo aumento da concentração luminal de íons hidrogênio, ou seja, a acidose diminui a concentração de sódio no lúmen afetando o transporte de sódio.
            O PTH é fator mais importante na reabsorção do fósforo nos rins, principalmente no túbulo contornado proximal. Outro fator importante na regulação do fósforo é a Vitamina D, em especial o calcitriol, que possui ação independente do PTH, pela maior absorção de fósforo no trato digestivo, promovendo sua maior reabsorção no túbulo contornado proximal. A calcitonina apresenta uma ação de hiperfosfatúrico que diminui o cálcio ionizado plasmático e promove a excreção ou diminuição da reabsorção de fósforo no túbulo proximal renal. Insulina, Glicose e Glucagon possuem efeitos independentes e atuam promovendo a entrada do fósforo no interior da célula torando os níveis séricos indisponível levando a uma hipofosfatemia. A neoglicogênese diminui a concentração do fósforo citosólico e aumenta consideravelmente a reabsorção tubular renal de fósforo.

Magnésio

            O magnésio é um mineral essencial para o corpo humano, e animal necessário para mais de 300 processos biológicos.  O magnésio tem como funções principais como cofator em diversas reações enzimáticas do metabolismo intermediário, constituinte importante dos ossos e dentes, membrana celular e cromossomos, produção de energia (maior parte do magnésio intracelular esta associado ao ATP, síntese de DNA, RNA e enzimas para metabolismo de carboidratos e lipídios, transporte ativo de íons (Ca e K) através de membranas (impulso nervoso, contração muscular, e ritmo cardíaco) funciona também como sinalizador (formação de AMPc) e migração celular.
            O magnésio atua como modulador que afeta fisiologia cardíaca com acoplamento de neurotransmissores e enzimas aos respectivos receptores, com ativação de proteínas e modulação de diversos tipos de canais iônicos. Metabolismo extracelular, 55% esta ionizado (ultrafiltrado), 30% está ligado a proteínas, 14% complexado com citrato, fosfato ou  outros íons (ultrafiltrado), sua concentração é influenciada pelo pH. e possui absorção gastrointestinal e excreção renal. 
            No intestino esse composto é absorvido cerca de 30 a 40% por difusão facilitada, passiva, ou absorção ativa. Esse processo vai depender de alguns fatores como trânsito intestinal, quantidade de água, concentração luminal de Mg.
            As principais fontes alimentares são sementes, oleaginosas, leguminosas, cereais, integrais, frutos do mar, vegetais verdes escuros. A sua excreção é renal, onde 95% do Mg filtrado é reabsorvido, no túbulo proximal 40% é absorvido, na alça de Henle 50%, até o túbulo distal 95% é absorvido em um rim sadio, o fósforo é um dos fatores que interfere, pois se tiver um baixa na quantidade de fósforo circulante, o organismo reabsorve magnésio, já nas situações de aumento extracelular, hipercalcemia, consumo excessivo de bebidas alcoólicas a uma baixa reabsorção do magnésio. 
            Quanto as recomendações dietéticas, este mineral possui uma inter-relação  com outros componentes da dieta no caso de aumento no consumo fibras insolúveis  tem se uma baixa absorção de magnésio. Aumenta- se a quantidade de proteínas aumenta se a quantidade de excreção do Mg, diminui o consumo  de proteínas (30g/dia) baixa a absorção de Mg. Na deficiência de magnésio, (rara) mais pode manifestar-se clinicamente  por tremores, espasmos musculares,  anorexia,  náuseas, vômitos, em alguns casos  convulsões e coma.

Manganês

            O manganês é um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre e encontra-se largamente distribuído em solos, rochas, água e materiais biológicos. É importante para o crescimento das plantas e em funções vitais dos animais.  É responsável pela metabolização dos radicais livres nas mitocôndrias, e a arginase (produzida no fígado), que participa do ciclo da uréia que é o meio de eliminação do íon amônio (NH4+) oriundo do grupo NH2 de proteínas.
            O manganês é essencial na síntese do colesterol e da dopamina (neurotransmissor).  O manganês é absorvido ao longo de todo o intestino delgado quando veiculado na alimentação é geralmente considerada como fonte primária de exposição, apesar de possuir menor absorção, pois é no trato respiratório que se tem a principal via de introdução e absorção. Esse mineral é necessário para manter o funcionamento perfeito dos processos reprodutivos tanto dos machos como das fêmeas. Ele é necessário, também, para a manutenção da estrutura óssea normal e o funcionamento adequado do sistema nervoso central.
            O fígado é o órgão de eleição para a estocagem do manganês. A deficiência de manganês é raro em bovinos que se alimentam de pastagens, pois estas suprem as exigências dos animais. Por outro lado, pastos formados em áreas que eram originalmente floresta podem apresentar teores deficientes de manganês. Quando presente no organismo em elevadas quantidades pode causar efeitos tóxicos a diferentes níveis, sendo os mais preocupantes a nível do sistema nervoso central. As principais fontes podem ser exógenas em que as principais fontes de manganês da dieta incluem cereais, sementes, vegetais e frutas e endógenas disponível no interior dos eritrócitos.             Em níveis mais elevados é possível encontrá-lo no fígado, conjugado aos sais biliares. A distribuição do manganês é grande nos tecidos e líquidos do organismo, principalmente onde a atividade das mitocôndrias é maior. O papel do manganês é considerável na medida em que ele ativa numerosas enzimas implicadas em variados processos fisiológicos.

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Referências:

NASCIMENTO, M. M.; RIELLA. M. C.; VIEIRA, A. M.; Metabolismo do Cálcio, Fósforo e Magnésio. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA2SAAE/metabolismo-calcio-fosforo-magnesio> Acesso em: 12 set. 2013

SUTTON, R.A.L., DIRKS, J.H. Disturbance of calcium and magnesium metabolism. In: Brenner, B.M., Rector Jr, F.C. The Kidney, Philadelphia: W.B. Saunders, 841, 1991.

BLACK, R.M.; ALFRED, H.J.; FAN, P.Y.; STOFF, J.S. Disorders of calcium, phosphorus, and magnesium. In: Rose, D.; Black, R.M.Clinical Problems in Nephrology. New York: Little, Brown and Company, 1995, 96-120.

KUMAR, R. Calcium metabolism. In: Jacobson, H.R.; Stiker, G.E.; Klahr, S. The Principles and Practice of Nephrology. St Louis: Mosby, 964, 1995.

Manganês No Metabolismo. TrabalhosFeitos.com. Disponível em: <http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Mangan%C3%AAsNoMetabolismo/659045.html > Acesso em 13 Set. 2013.


ROCHA, R. A, R.; AFONSO, J. C. Manganês. Química nova na escola Vol. 34, N° 2, p. 103-105, Maio 2012.

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