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Anemia
infecciosa equina
CONCEITUAÇÃO:
a) Características da doença;
A Anemia Infecciosa Eqüina (AIE), conhecida mundialmente como febre do
pântano é considerada uma das principais doenças que acometem eqüídeos. Estudos
epizootiológicos permitiam a obtenção de um perfil de prevalência da AIE em
eqüídeos, em relação ao sexo, idade e manejo. Também estudos sobre vetores
(mutucas) incluíram o levantamento e sazonalidade de espécies, definição das
épocas de maior risco de transmissão e aspectos da interação
vetor-hospedeiro. A AIE é uma doença que
pode comprometer irreversivelmente o desempenho dos eqüídeos. A legislação
pertinente preconiza o sacrifício dos animais soropositivos e interdição da
propriedade no caso de foco. O agente etiológico é um vírus retroviridae que
causa anemia hemolítica do tipo imune. Os susceptíveis são eqüinos, muares e
asininos de qualquer raça, idade e sexo. Três são as formas de apresentação da
doença: aguda, subaguda e crônica. A transmissão pode ser vertical
(intra-uterina) ou horizontal, por meio de utensílios contaminados (agulhas,
freios, esporas e outros), leite materno, sêmen ou insetos hematófagos.
Entretanto, a transmissão do vírus é geralmente relacionada com a transferência
de sangue de um cavalo infectado a um receptor sadio.
b) distribuição geográfica e prevalência;
Nas Américas a enfermidade foi diagnosticada, pela primeira vez no ano de
1881, em Manitoba, Canadá, sendo que em 1896 foi descrita em Wisconsin já tendo
sido diagnosticada em muitas regiões dos Estados Unidos. O diagnóstico da AIE
foi estabelecido na Argentina, pela primeira vez em 1964. No Brasil a AIE foi
diagnosticada pela primeira vez em 1968 no extinto Estado da Guanabara. No
mesmo período a doença foi descrita em animais do Clube Hípico Fluminense e em
um animal da cavalaria da Policia Militar na cidade de Niterói, no estado do
Rio de Janeiro. Ainda em 1968 também descreveram o primeiro caso no Estado do
Rio Grande do Sul.
Em Minas Gerais, o primeiro caso foi diagnosticado em 1968, em um cavalo
na Vila Hípica de Belo Horizonte. Porém, somente em 1971, com base nos exames
clínicos, anátomo-patológicos, laboratoriais e inoculação do sangue suspeito em
animal sadio, o resultado foi publicado, citando também a comprovação de mais
18 casos em eqüídeos do Jóquei Clube de Minas Gerais. Segundo levantamento
soroepidemiológico Minas Gerais foi considerada área endêmica para AIE, com uma
prevalência de 5,3% para rebanhos e 3,1% para animais. As mais altas
prevalências para rebanho e animais foram encontradas na região Norte/Nordeste,
seguida pela região Vale do Mucuri/Jequitinhonha.
A prevalência da doença está acima de 50 % no Brasil Central, Roraima e
Minas Gerais. Dados não oficiais têm mostrado maior prevalência da doença em
outras regiões, indicando sua ampla distribuição no território brasileiro.
c) importância e conseqüências econômicas e sociais.
ETIOLOGIA:
a) Características morfológicas do agente,
resistência (ambiente e desinfetantes),
Membro da família Retroviridae,
subfamília Lentivirinae. Esse é um
vírus RNA, envelopado, que contém um núcleo cônico e denso. As glicoproteínas
“gp 90” e “gp 45”, do envelope lipídico externo do vírus, são responsáveis
pelas alterações antigênicas apresentadas pelo vírus nas células dos
hospedeiros, que provocam episódios de febre recorrente característicos. Essas
glicoproteínas também são necessárias para a penetração do vírus nas células. O
vírus apresenta ainda proteínas do núcleo (“p26”), que são detectadas pelos
testes diagnósticos de imunodifusão em gel de ágar (IDGA) e ELISA competitivo
(cELISA).
Os Lentivirus induzem infecção persistente em seus hospedeiros naturais,
que é atribuída a variações antigênicas nas proteínas de superfície da partícula
viral Essas mutações permitem o escape ao sistema imunológico do hospedeiro,
sendo um dos principais obstáculos para o desenvolvimento de vacinas. No caso
do VAIE, as mutações determinantes do escape viral estão relacionadas com a
glicoproteina gp90. O vírus apresenta grande estabilidade quando submetido a
baixas temperaturas, podendo ser estocado a -20 °C por diversos anos sem perder
sua infectividade. O vírus é resistente à tripsina porém sensível ao éter; tem
comportamento alterado quando submetido a pHs ácidos ou alcalinos; é muito
estável à baixas temperaturas, podendo ser estocado a -200C por longos anos sem
perder sua infectividade. É inativado quando submetido à 56C por 60 minutos;
exposto à luz solar durante 30 a 60 minutos, é destruido
b) ciclo evolutivo ou biológico.
HOSPEDEIRO:
a) Suscetibilidade em função das
características peculiares de espécie e diferentes grupos de indivíduos.
Pouca informação no que diz respeito à infecção e às respostas imunes de
outros eqüídeos como muares (Equus asinus
X Equus caballus) e asininos (Equus
asinus) para a infecção do vírus da AIE tem sido descrita na literatura.
Algumas espécies de eqüídeos são mais resistentes a certas doenças do que
outras; por exemplo, infecção de cavalos com o vírus da doença do cavalo
africano pode resultar em mais de 90% de mortalidade enquanto a infecção em
zebras (Equus berchelli) é
normalmente subclínica e a infecção de jumentos pode ser subclínica ou
associadas a sintomas leves. Ainda comparando a cavalos, jumentos infectados
com o vírus da arterite eqüina apresentam sintomatologia mais branda. Num
trabalho experimental utilizando cinco pôneis (Equus caballus) e três jumentos
(Equus asinus) inoculados com amostras patogênicas do VAIE, e compararam a
resposta sorológica, viremia, sinais clínicos e analisaram o nível de plaquetas
aos 365 dias pós infecção (dpi). Este trabalho demonstrou experimentalmente que
os pôneis inoculados com o VAIE apresentaram episódios febris recorrentes (com
até 41,1ºC), com significativa queda na contagem de plaquetas (de até 84,5% de
redução pi) e sinais como edema e petéquias na mucosa oral. Apenas um dos
jumentos inoculados apresentou uma transitória e leve queda na contagem de
plaquetas do 24o ao 59o dpi e permaneceu assintomático durante os 365 dias de
observação como a maioria dos outros animais do experimento. Quanto à
sorologia, foi detectado, nos pôneis, anticorpos contra a proteína p26 através
de ELISA entre o 21° e o 28° dpi, já nos jumentos, não foi possível detectar
anticorpos antes do 42° dia pi. No IDGA, além de se detectar reações positivas
mais tardiamente, os jumentos apresentavam reações fracamente positivas. A
viremia foi avaliada através de RT-PCR, onde cavalos apresentaram reações
positivas e nos jumentos, só foi possível detectar viremia em alguns deles,
somente após a realização da nested RT PCR.
FATORES CONDICIONANTES:
Pouca avaliações acerca dos fatores determinantes de sua prevalência no
país foram realizadas e ainda não existe um programa eficiente que possa
erradicar a doença devido ao fato que as regiões pantaneiras são de grandes
extensões e a A.I.E é de alto endemismo destes locais.
PATOGENIA:
a) Porta de entrada principal;- Destino
seguido pelo agente desde a porta de entrada até o(s) ou tecido(s) de eleição;
Após a inoculação, o vírus se multiplica em tecidos ricos em macrófagos
maduros, como baço, fígado, linfonodos, pulmões, rins e adrenais. Conforme há o
aumento da liberação de viriões e a formação de complexos antígeno-anticorpo na
corrente sanguínea ocorre a evolução dos sinais clínicos. Após a diminuição da
viremia o vírus permanece nos tecidos, onde pode deixar de produzir antígenos
virais nas células e permanecer por longo período inócuo à célula hospedeira.
Durante esse período o vírus é pouco reconhecido pelo sistema imune, devido às
mutações genéticas provocadas pela transcriptase reversa e pela capacidade do
vírus em inserir o seu DNA no DNA da célula do hospedeiro. Episódios
recorrentes de viremia podem ocorrer devido à variação antigênica do vírus.
Nessas ocasiões, o vírus isolado do sangue pode ser antigenicamente diferente
do vírus isolado originalmente. Os eqüinos infectados não eliminam o vírus,
apesar de erigirem uma forte resposta imunológica. Logo após a penetração do vírus no organismo
ele se multiplica na células reticulo-endoteliais portanto, praticamente em
todo o organismo e posteriormente, na fase de viremia se encontra na
circulação. Após duas a três semanas o sistema imuno-hematopoético já terá
produzido anticorpos soro-neutralizantes, fixadores de complemento e
precipitantes, sendo que o fixadores de complemento tem curta duração. Na
patologia desta doença não só o agente causa depressão da medula óssea
hematopoiética e diminuição da duração normal das hemácias circulantes como
também a doença desencadeia fenômenos de imunopatologia. Anticorpos aderem aos
glóbulos vermelhos sensibilizando-os e então há fixação de C 3 e talvez outras
frações do complemento e conseqüente hemólise intra e extravascular.
A intermitência de sintomas deve-se a que o vírus continua a
multiplicar-se no interior das células do reticulo-endotelial em ritmo lento,
quando há alto nível de anticorpos. Os cavalos infectados permanecem virêmicos
quase continuamente e a quantidade de vírus circulante durante os períodos
febris, aumenta. A combinação intravascular do vírus e seus anticorpos podem
dar lugar à formação de complexos antígeno-anticorpo.
b) Tempo necessário para que o agente, uma vez no organismo do
hospedeiro, desenvolva sua ação (período de incubação);
O período de incubação do vírus é de 2 a 4
semanas. Após esse período, os equinos podem apresentar síndrome febril aguda,
subaguda ou crônica, ou não aparentar sinais clínicos.
c) Alterações estruturais que imprime aos
órgãos ou tecidos de eleição (Lesões);
As lesões nos linfonodos são caracterizadas
por infiltrado inflamatório constituído por linfócitos e macrófagos, necrose
linfóide e hiperplasia linfóide nos casos agudos. As lesões renais consistem de
glomerulonefrite por deposição de imunocomplexos.
d) Alterações
fisiológicas, que determinam no organismo afetado, decorrentes de funções
bloqueadas (Sinais e Sintomas);
A doença pode surgir em formas
agudas, subagudas e crônicas e sua diferenciação é fundamental na gravidade dos
ataques, tempo de intervalo dos mesmos e grau de anemia. A doença se manifesta
clinicamente de diferentes formas, sendo possível a reversão de uma forma a
outra, a qualquer instante. A forma aguda é assim caracterizada: febre que
chega a 40,6ºC; respiração rápida; abatimento e cabeça baixa; debilidade nas
patas, de modo que o peso do corpo é passado de um pé para outro; inapetência e
perda de peso. Às vezes, é observada melena e urina escura. As mucosas
conjuntivas têm coloração vermelho-acinzentadas vitrificadas; raras vezes estão
anêmicas, e mais frequentemente, ligeiramente ictéricas. Se o animal não morre
de três a cinco dias, a doença pode tornar-secrônica.
O estágio subagudo é
caracterizado por sintomas menos drásticos. Surgem acessos febris repetidos, e
pode durar uma semana ou mais. Os eqüinos ficam, devido a isto, muito
debilitados, apesar de não apresentar, de maneira geral, marcha vacilante e nem
cambaleios nos casos agudos. As mucosas visíveis apresentam coloração vermelho
desbotada ou estão ictéricas, mas, sem hemorragias petequiais.
Na fase crônica, o apetite
mostra-se comumente bom, embora a alotriofagia possa ser observada. A maioria
dos óbitos ocorre em um ano de infecção. Os sobreviventes persistem como
portadores assintomáticos. Cavalos infectados com o vírus da AIE podem apresentar:
uma síndrome febril aguda, com trombocitopenia e /ou anemia, após um período de
incubação de 7 a 21 dias; uma síndrome subaguda ou crônica de febre
recrudescente, perda de peso, edema ventral e anemia mais severa; ou podem
parecer clinicamente normais. Eventualmente, sob condições de intenso estresse,
o quadro pode voltar à forma aguda e a doença provocar a morte do animal. Os
períodos de cura clínica recidivas podem se prolongar por muito tempo, ou mesmo
os casos crônicos serem assintomáticos, transformando o cavalo em portador
inaparente sem qualquer sinal da doença.
Há numerosos casos crônicos
assintomáticos em que as animais, após o período da doença ativa, passam a ser
portadores inaparentes, sem nenhum sinal que lembre a AIE e, podem
eventualmente, depois de passar anos sem apresentar nenhum sinal, ter um
período de atividade, embora não seja muito comum; podem morrer devido à
doença, mais geralmente são reservatórios por toda a vida e não morrem pela
AIE. De maneira geral, os eqüinos na fase crônica, são ainda capazes de
trabalhar e de render esforços esportivos deles solicitados.
e) Evolução do quadro: duração e curso da doença
(Prognóstico).
Equídeos que se recuperam da
síndrome aguda podem desenvolver a síndrome subaguda ou crônica em 2-3 semanas
após o episódio inicial. Essa síndrome é caracterizada por episódios
recorrentes de febre, emagrecimento, fraqueza, edema do abdômen ventral e
palidez das mucosas. Esses sinais iniciam após situações estressantes ou, menos
frequentemente, após o uso de corticóides.
O prognóstico é mau nos casos
muito agudos e crônicos com severa depauperação, fraqueza, edema e febre
recidivante. O animal doente permanece infectado, de maneira geral, durante
toda a vida. Converte-se, por conseguinte, um reservatório permanente de
epidemias e, devido a isto, deve ser sacrificado de imediato.
DIAGNÓSTICO:
a) Epidemiológico: evidências;
b) Clínico:- considerar os sintomas mais
sugestivos do ponto de vista populacional;
Observa-se febre intermitente
(>41°C), severa trombocitopenia, anemia leve a moderada, anorexia, depressão
e fraqueza. Outros sinais clínicos, observados ocasionalmente, incluem
icterícia, edema do abdômen ventral, prepúcio e membros, petéquias nas mucosas,
principalmente na língua e conjuntiva, aumento da frequência cardíaca e aumento
de tamanho do baço, detectado na palpação retal. No exame hematológico os
principais achados são de anemia, provocada pela destruição de eritrócitos por
macrófagos, associada à adesão de complexos antígeno-anticorpo à membrana da célula,
e ao dano direto do vírus às células precursoras eritróides da medula óssea; e
trombocitopenia, também associada à adesão de complexos antígeno-anticorpo a
membrana das plaquetas. A diminuição do número de plaquetas está associada,
também, a sua ativação e a formação de agregados plaquetários.
Também relatam leucopenia,
supressão transitória da resposta imunológica e aumentos significativos nos
níveis de cobre e de enzimas hepáticas. A maioria dos animais infectados não
parece demonstrar nenhuma das anormalidades clínicas citadas anteriormente.
Sinais neurológicos e lesões do sistema nervoso central podem estar associados
à doença e, outros sinais clínicos, como perda de peso, depressão,
desorientação, andar em círculos e hipertermia, têm sido observados. A doença
neurológica é raramente observada em infecção pelo VAIE, mas há,
ocasionalmente, sinais clínicos compatíveis como encefalomielite multifocal a
difusa. Estes autores relataram um caso de leucoencefalite periventricular em
um equino infectado cronicamente com VAIE que não apresentava os sinais
clínicos característicos de infecção aguda e afirmaram que as lesões observadas
estavam diretamente associadas com a alta taxa de replicação viral, a qual
ocorria seletivamente no local da lesão e não em outros tecidos.
c) Anátomo-patológico;
No exame post-mortem para observação das
lesões macroscópicas e microscópicas. Na necropsia, além dos achados descritos
clinicamente, observa-se esplenomegalia, hepatomegalia, linfadenomegalia,
emaciação e acentuação do padrão lobular do fígado. Histologicamente observa-se
eritrofagocitose e hemossiderose no fígado, baço e linfonodos.
d) Laboratorial:- material de escolha;
métodos recomendados
Teste de
imunodifusão em gel de ágar (IDGA), também conhecido como teste de Coggins foi
descrito constituindo um marco no diagnóstico da AIE, por ser de fácil execução
e apresentar sensibilidade de 98,8% e especificidade de 100%. Foi o primeiro
teste disponível comercialmente e o único teste prescrito, oficialmente, para
trânsito pela Organização Mundial de Saúde Animal, apesar de apresentar algumas
limitações, dentre elas, a incapacidade de detectar anticorpos para o vírus da
AIE nos estágios iniciais da doença. Testes mais sensíveis e capazes de
detectar anticorpos para o VAIE, mais precocemente em relação ao IDGA e
baseados no teste de ELISA tem sido descritos. Os testes de IDGA e ELISA
baseiam-se, primariamente, na detecção de anticorpos para a proteína do core
viral denominada p26, porém já foi demonstrado que os anticorpos específicos
para a glicoproteína gp90 da superfície viral são 102 a 103 vezes mais
abundantes do que anticorpos específicos para p26, sendo também os primeiros a
serem detectados no sangue.
Um ELISA utilizando gp90
recombinante foi desenvolvido e demonstrou ser mais eficiente do que o ELISA
com antígeno p26, pois detectou anticorpos para VAIE mais precocemente em
animais infectados, apresentou boa correlação com os resultados do teste de
IDGA e foi recomendado como teste de triagem em levantamentos sorológicos.
Foi
desenvolvido o teste de IDGA que utiliza um antígeno recombinante para p26 e
descreveram uma excelente performance com eficiência similar ao teste de IDGA
comercial. Os autores sugeriram a utilização deste método como teste oficial
para diagnóstico e controle da AIE na Argentina. Testes para detecção do RNA
viral ou DNA próviral no sangue e nos tecidos estão sendo desenvolvidos.
TRATAMENTO:
A AIE não tem tratamento nem vacina e a maioria dos portadores são
assintomáticos, portanto o diagnóstico laboratorial torna-se fundamental para o
controle da doença.
CADEIA DE TRANSMISSÃO:
a) fontes de infecção;
Equinos asininos e muares infectados
b) vias de eliminação;
Os produtos de secreção como muco, saliva e lágrimas podem
ocasionalmente, ter vírus durante a crise febril, mas não têm influência na
transmissão. Na urina só é possível se evidenciar a presença do vírus quando e
utiliza grandes quantidades com finalidade de transmissão experimental. Com
materiais fecais praticamente tem sido impossível, mesmo nas crises febris, se
detectar o vírus. Outros meios de transmissão podem ocorrer.
c) vias de transmissão; portas de entrada,
suscetiveis.
A transmissão pode ocorrer
artificialmente, através de material cirúrgico infectado, como agulhas
hipodérmica, sonda esofagiana, trocater e ainda, aparadores de casco, arreio,
esporas e outros fômites contaminados. O
sangue de cavalos contaminados é a forma mais importante de transmissão do
EIAV, e pode ser transferido por vetores tabanídeos da ordem Diptera (insetos
hematófagos): Stomoxys calcitrans,
Chrysops spp, Tabanus sp, Hybromitra spp, sendo os Tabanus sp os principais responsáveis pela transmissão. Infecção
através de fômites contaminados (principalmente agulhas), também deve ser
enfatizada. A transmissão da AIE pode
ocorrer também pela placenta em éguas com altos títulos de vírus que infectam o
feto ao nascer.
Desde que o VAIE foi demonstrado
no sêmen de garanhão com sinais agudos, a transmissão venérea é teoricamente
possível, apesar de não ter sido documentado nenhum caso de transmissão natural
em éguas expostas a garanhões contaminados. A transmissão transplacentária,
através do colostro e venérea é possível, porém não apresenta importância
epidemiológica.
PREVENÇÃO:
a) Medidas relativas às fontes de infecção;
Medidas como separação de animais positivos dos negativos, testes
sorológicos periódicos, uso de uma agulha por animal, separação de potros
filhos de éguas positivas são essenciais para o controle e erradicação da AIE.
Eutanásia de todos os animais infectados.
b) Medidas relativas às vias de transmissão;
A esterilização de todo material
utilizado nos eqüinos é muito importante, haja vista que o vírus resiste à 560C
por 60 minutos. O homem atua na transmissão e disseminação da doença por
diversas maneiras: quando não utiliza agulhas hipodérmicas descartáveis por
ocasião da colheita de material de vários animais para fins de diagnóstico; o
combate aos insetos e manutenção de boas condições sanitárias, drenagem nos
pastos alagados e fiscalização das aguadas e bebedouros, a fim de que os
animais não bebam águas estagnadas. Separação de animais positivos e negativos
para a AIE foi eficiente.
c) Medidas
relativas aos suscetíveis (novo hospedeiro): inespecíficas e específicas;
Em casos de surtos da AIE deve-se
fazer a interdição da movimentação de eqüídeos nas propriedades, isolamento de
animais suspeitos ou soropositivos, proibição da participação dos eqüídeos em
locais onde haja a concentração de animais e eliminação dos comprovadamente
positivos. O sacrifício do animal será realizado, somente, após um novo teste,
15 dias após a primeira prova.
d) Medidas
gerais de controle e profilaxia.
Devido à alta incidência da
doença em algumas regiões do Brasil, alguns pesquisadores, para evitar que os
rebanhos sejam eliminados, estão estudando novas condições de manejo, no
sentido de reduzir a incidência e criando novas condições para que se possa conviver
com enfermidade. é possível controlar a AIE com sistema agressivo de provas de
60 em 60 dias, junto com segregações dos animais positivos; o êxito do programa
também esta associado a uma filosofia de conscientização de proprietários e
pessoal de apoio.
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