O embrião, na forma de vida livre, percorre o útero
até achar um local adequado para implantação, ou seja, interação entre os
tecidos embrionário e materno. É um processo que só existe nos eutérios (= que
possuem placenta).
Tempo de implantação
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Espécie
|
Tempo de implantação
|
Espécie
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11-14
dias
|
Suínos
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17-20
dias
|
Bovino
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13-14
dias
|
Felinos
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17-21
dias
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Caninos
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15-16
dias
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Ovino
/ Caprino
|
28-40
dias (35º dia)
|
Equino
|
A regulação da implantação acontece através de vários
mecanismos e há diversas substâncias envolvidas, inclusive inibidoras do
sistema imunológico: citocinas, hormônios (estrógenos), enzimas e outros
fatores, como IGF2 e EGF em equinos, IFNt e PSPB em bovinos, IGF2 em ovinos e
suínos.
A implantação é dividida em fases:
(1) Ruptura da ZP:
Se o embrião ficar preso na ZP não tem como haver
implantação, assim, por ação de enzimas (estripsina) e aumento da pressão
osmótica, há ruptura da ZP e liberação do embrião.
(2) Aproximação:
O embrião migra dentro do útero em busca do local com
boas condições de implantação, como boa vascularização para obter nutrição.
Assim, o sítio de implantação é o local favorecido de suprimento sanguíneo e
que possa garantir uma boa nutrição para o embrião. Inclusive, uma maior ou
menor vascularização pode determinar a diferença de tamanho entre fetos.
O embrião, ao encontrar o sítio de implantação,
libera PAF (fator de agregação plaquentária) que promove refratariedade para
outros embriões. O embrião equino libera uteroferrina, que também promove
refratariedade. O embrião suíno libera uteroferrina e uteroglobina, com a mesma
função de refratariedade.
Obs.: nessa fase o embrião ainda não interagiu diretamente com o tecido
materno.
(3) Aposição:
É o primeiro contato direto e físico do embrião com o
tecido endometrial. O tecido trofoblástico é o responsável pela aposição,
tocando o endométrio.
(4) Adesão:
Ocorre a primeira ligação direta, porém superficial,
entre tecidos trofoblástico e endometrial.
(5) Penetração:
O tecido trofoblástico forma vilos que penetram no
tecido endometrial, em maior ou menor grau de acordo com a espécie.
Anexos
Embrionários (= placenta + anexos placentários)
São formados a partir do contato do tecido
embrionário com o tecido endometrial.
ANEXOS
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PEIXES
|
ANFÍBIOS
|
REPTEIS
|
AVES
|
MAMIF.*
|
Saco vitelínico
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
Amnion
|
|
|
X
|
X
|
X
|
Alantóide
|
|
|
X
|
X
|
X
|
Corion
|
|
|
X
|
X
|
X
|
Cordão umbilical
|
|
|
|
|
X
|
Placenta
|
|
|
|
|
X
|
*Exceto as espécies de mamíferos que colocam ovos:
equidna e ornitorrinco.
~ Saco vitelínico
É derivado direto do citoplasma do oócito, sendo
fonte de nutrientes e, portanto, uma estrutura importante para os ovíparos. Nos
mamíferos é o principal responsável pela nutrição até a formação da placenta.
Tem como funções: nutrição, circulação onfalomesentérica, hematopoiese,
reservatório de células germinativas primordiais (que atuam na diferenciação
sexual).
~ Amnion
É uma estrutura sacular que contém o líquido
amniótico. Esse líquido tem natureza mucoide, ficando mais viscoso no final da
gestação, isso porque tem origem das secreções epitelial, salivar e
nasofaringea do feto. Contém diversas substâncias nutritivas: frutose,
lipídeos, proteínas, enzimas, sais minerais.
~ Alantoide
É uma estrutura sacular mais externa, sendo que uma
parte se adere ao âmnio (alantoamnio), enquanto a outra se adere ao córion
(alantocórion). O alantoide se comunica com a bexiga fetal através do canal do
úraco e funciona como reservatório de excretas do feto, formando o líquido
amniótico que é uma reserva hiperosmótica, atuando no controle da pressão
osmótica do feto. De modo geral, o líquido alantoideano é aquoso, enquanto o
amniótico é viscoso. Soltos no líquido aminiótico, pode-se encontrar corpos
ovalados ou discoides, homogêneos, sem características teciduais, originados do
leite uterino, formando cálculos onde se depositam sais e mucina. Estes corpos são conhecidos como boomanes na vaca ou hipomanes na égua.
Em conjunto, os líquidos amniótico e alantoide
desempenham funções, como: proteção mecânica (traumas), mobilidade para o feto,
nutrição, dilatação e lubrificação do canal do parto, bactericida e
antiaderente.
A quantidade desses líquidos varia entre as espécies
e no decorrer da gestação. Em ovinos, verifica-se:
Mês
|
Aminiótico
|
Alantoide
|
Total
|
|
1º
|
3
|
38
|
41
|
mL
|
2º
|
169
|
89
|
258
|
mL
|
3º
|
604
|
131
|
735
|
mL
|
4º
|
686
|
485
|
1171
|
mL
|
5º
|
*369
|
834
|
1203
|
mL
|
*No último mês, líq.amniótico < liq.alantoide
~ Córion
É a estrutura mais externa que reveste todo o embrião
e de onde partem as vilosidades coriônicas que dão origem à placenta.
~ Placenta
A placenta é formada a partir da interação entre as
vilosidades coriônicas e o tecido uterino, formando um tecido diferenciado (às
vezes, bi- ou trinucleado). É uma glândula endócrina transitória, presente
durante o período gestacional. Esse anexo embrionário tem a função de suprir as necessidades fisiológicas do
embrião, como: respiração, nutrição, filtração e excreção, endócrina,
imunoproteção e regulação das funções orgânicas de modo geral.
O feto ainda não é capaz de realizar trocas gasosas, até porque está
imerso em líquido. Assim, o sangue oxigenado chega ao feto através da veia
umbilical e o excesso de gás carbônico sai do organismo fetal a partir das veias
umbilicais. Durante a vida fetal, há alguns desvios circulatórios que devem
fechar-se após o nascimento: ducto arteriovenoso (vasos da basa), ducto venoso
(fígado) e forame oval (coração).
Quanto à nutrição, o principal nutriente necessário ao feto é a água,
necessitando ainda de elementos inorgânicos (cálcio, fósforo, iodo, ferro, etc)
e substâncias orgânicas, como: glicose (principal nutriente usado pelo feto),
frutose, lipídeos, aminoácidos de passagem rápida e proteínas com passagem
variável. Sabe-se que a progesterona é um hormônio antiinsulinêmico, de modo
que seja mantido um bom aporte de glicose para o feto.
Placentação é o fenômeno de formação da placenta e
pode ser classificada em deciduada e adeciduada. No primeiro tipo há formação
de placenta verdadeira, como em carnívoros, roedores e primatas. A placenta
adecídua tem menor interação entre tecidos embrionário e materno, mas apesar de
menos pontos de interação, a ligação entre tecidos embrionário e materno é mais
forte, daí maior probabilidade de retenção de placenta.
De acordo com o grau de interação entre tecidos embrionário e materno (grau de penetração dos vilos), as placentas são classificadas em: epiteliocorial, sinepiteliocorial, endoteliocorial e hemocorial. A placenta epiteliocorial ocorre em asininos, equinos e suínos, havendo pouca penetração do tecido embrionário no endométrio. A placenta sinepiteliocorial ocorre em ruminantes, e diferencia-se da anterior por porções com maior penetração do tecido epitelial no endométrio, nas chamadas carúnculas. A placenta endoteliocorial ocorre nos carnívoros e há penetração do trofoblasto até a proximidade dos capilares endometriais, permitindo até 15% de passagem de anticorpos. A placenta hemocorial, típica de primatas e roedores, o tecido trofoblástico invade o capilar endometrial, permitindo a troca de 100% de anticorpos entre feto e mãe. (Obs.: isso também vale passagem de medicação da mãe para o feto)
Epiteliocorial
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(A) Difusa
|
Equídeos e suínos
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Sinepiteliocorial
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(B) Cotiledonária
|
Ruminantes
|
Endoteliocorial
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(C) Zonária
|
Carnívoros
|
Hemocorial
|
(D) Discoidal
|
Primatas e roedores
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~ Cordão umbilical
Exclusivamente em mamíferos eutérios, assim como a
placenta, é formado pelos demais anexos, exceto o córion, com o qual não tem
relação. No cordão umbilical, em torno dos vasos, há uma substância gelatinosa denominada
"Geleia de Wharton". As células do cordão umbilical são totipotentes.
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