Pescoço
O pescoço apresenta uma pele relativamente solta,
encontra-se duas ou mais pregas de pele longitudinais ventrais principalmente
na região da calha da jugular, que em animais magros a jugular externa pode ser
facilmente visualizada. O pescoço é dividido em regiões que facilitam a
localização anatômica dos órgãos: porção ventral e porção dorsal do pescoço.
Na porção ventral encontra-se todas
as estruturas visceromusculares localizadas abaixo da linha formada pela
extremidade dos corpos vertebrais. Na porção dorsal, acima da linha
formada pela extremidade dos corpos vertebrais encontra-se as estruturas
osteomusculares.
Cada região possui uma importância clínica. Na região
dorsal cervical podem ser vias de reconhecimento de lesões
neuromusculares, assim como a região cervical ventral abriga a porção visceral
do pescoço e órgãos importantes como laringe, faringe, traqueia, esôfago,
tireoides, paratireoides, os grandes vasos como as jugulares e carótidas, etc.
Lesões nessa região podem causar alterações no funcionamento desses órgãos.
Região cervical ventral
Nessa região encontra-se
o espaço visceral do pescoço, pode-se observar a passagem de grande parte das
vísceras que compõe o trato digestório, circulatório, respiratório e endócrino.
Na região ventral
apresenta como limites 06 músculos do pescoço que vão desde a primeira a sétima
vértebra cervical, (trapézio, romboide, esplênio, braquicefalico na porção
cleidocefálico que por sua vez é dividia em cleidooccipital e cleido mastóideo,
omotransverso, esternocefalico que é dividido em esternomastoide e
esternomandibular e por fim o músculo esternotireoideo) sendo 04 destes
facilmente identificados através da palpação cutânea. São possíveis de
identificação através da apalpação os músculos braquiocefalicos,
esternocefalicos, platisma, trapézio e ainda parte do tecido adiposo, ou seja,
todas as estruturas viscerais apresentam-se no terço médio do pescoço
em sua porção ventral.
Músculos cervicais e adjacentes do pescoço |
Esôfago
O esôfago
encontra-se numa porção dorsolateral à traqueia, mas essa localização pode
variar, geralmente encontra-se dorsal a traqueia e a nível de 3ª vértebra
cervical desvia-se lateralmente à esquerda da traqueia a nível de 5ª vértebra
cervical e retorna a porção dorsal até o hiato esofágico. Não é possível
observar em qual porção de um corte transversal qual nível vertebral se
apresenta, a menos que o corte tenha atingido o terço cranial do pescoço para
se observar as estruturas laringianas, a partir daí até seu terço distal a
única mudança da estrutura está no diâmetro dos órgãos, porém, não é possível
identificar a diferença facilmente. (segue a figura abaixo)
Corte Transversal de um pescoço |
.
O músculo esternoioideo
possui um formato de cordão largo encontrado ventralmente a traqueia que
estende-se do manúbrio ate o osso hioide e o músculo esternotireoideo é possui
uma forma de correia que corre lateralmente a traqueia.
Em casos clínicos onde é
necessário ter acesso direto à traqueia, com o auxilio de uma pinça e uma
pequena incisura na região ventral da pele do pescoço, divulsiona-se o espaço
entre os músculos e consegue acesso à traqueia sem seccionar o tecido muscular e
causar sangramentos.
A região do arco hioideo
encontra-se na transição entre cabeça e pescoço especificamente no ponto de
flexão da cabeça. Ao ser introduzido uma lâmina nesta região até a articulação
atlantoccipital facilmente ocorre a desarticulação desta estrutura. A
ponto de curiosidade os músculos mais superficiais da parede lateral do pescoço
estão os músculos omotransverso e escaleno.
Na região cervical ramos de nervos cervicais
ventrais surge diretamente da medula espinhal dos animais, esse grande numero
de nervos é denominado de placa mioneural, as lesões desta região não causam
sequelas graves, visto que é uma porção terminal de nervos. Porém, se a lesão
fossena base dos nervos na medula essas sequelas seria observadas.
O tendão clavicular ou intersecção clavicular
situada no músculo braquiocefálico é o ponto ímpar de referência na divisão de
articulação escapuloumeral. O ponto inicial de formação da calha da jugular se
dá na região do esterno pela origem dos músculos braquicefalicos e esternocefalicos
que fusionam-se na sua porção cranial, juntos evidenciam o trajeto subcutâneo
da veia jugular externa. O garrote é a simples compressão digital da região
onde a veia jugular se desemboca na localidade imediatamente ao lado onde
ocorre a inserção do músculo esternocefalico. Esse local é denominado de
cavidade da jugular ou cavidade jugulocaval.
Estruturas viscerais do pescoço
Essas estruturas encontra-se na porção cranioventral
do pescoço, é constituída pelos órgãos como traqueia, esôfago, tireoide,
paratireoide, tronco vagossimpatico, carótidas e jugulares.
Esôfago:
É um órgão tubular (20) de musculatura lisa que
segue caudal à laringe e dorsal à traqueia, possui um trajeto variável de
acordo com a área em que atravessa. Segue dorsal a traqueia ate a 3 vértebra
cervical passa lateralmente à esquerda ate a 5 vértebra e posteriormente toma
seu trajeto normal ate o hiato esofágico.
Músculos profundo do pescoço. |
A importância clinica está
na grande possibilidade de obstrução do esôfago na entrada do tórax entre as
costelas. Através da palpação esofágica transcutânea, procedimento mais fácil
em pequenos animais, mas não impossível em grandes animais devido a possível
visualização externa do bolo alimentar em todos os animais. A morte de animais
com obstrução esofágica se da por infecções respiratórias devido a entrada de
sólidos nas vias respiratórias causando brônquiopneumonia ou ainda a simples
compressão da parede do órgão por sólidos pode causar isquemia e ruptura por
inflamação e necrose do órgão devido a densa rede vascular e vir a entrar
alimentos para a cavidade torácica.
Traqueia
É um órgão cilíndrico e
cartilaginoso formado por anéis unidos entre si por uma membrana de tecido
epitelial simples (19), está mais superficial que as demais vísceras. Possui um
trajeto ventral a base óssea do pescoço (vértebras cervicais) sendo um ponto de
referencia básica para localização das vísceras. Essa relação entre a porção
visceral se mostra pelo fato das carótidas, esôfago, nervos vagossimpatico e
frênico (pela porção esquerda da traqueia), tireoide, jugular interna e alguns
linfocentros estarem próximos deste órgão, por este motivo a traqueia é
utilizada como ponto de referencia para localização das demais estruturas
viscerais desta região.
Em termos de musculatura
profunda do pescoço na remoção dos músculos esternocefalicos, braquicefalicos e
esternotireoideo resta as musculaturas denominadas de musculatura
epaxial cervical. Exemplos são os músculos longuíssimo do
pescoço que fazem várias inserções nos processos espinhosos das
vértebras. Ainda nessa região do pescoço no seu terço caudal a partir da 3 ou 5
vértebra cervical surge cintas nervosas por conta da intumescência
cervical, esses nervos irão fazer a inervação de membros anteriores.
Tireoides
Massa de tecido com uma
coloração vermelho-amarronzada envolta por um tecido conjuntivo e apresenta-se
diferente nas diversas espécies. Possui em carnívoros lobos alongados e
normalmente está posterior ao 3º anel traqueal sendo vascularizada pelas Aa tireoidianas
e drena para a veia jugular interna.
Paratireoides
É uma massa de tecido
pálido encontrada no polo cranial da tireoide é um tecido ectópico envolto por
uma capsula de tecido conjuntivo
Artérias Carótidas
Possui origem no tronco
braquiocefálico e segue a direita e a esquerda dorsal à traqueia dividindo-se
na altura da articulação atlanto occipital em Carotida interna e externa, a
interna passa pelo forame da jugular acessa a base do cérebro (irriga encéfalo)
Carótida externa (irriga porções da face). A carotida caminha junto com o nervo
vagossimpático e o nervo faríngeo caudal.
Veias Jugulares
As veias jugulares
externas recebem confluências vinda das veias linguofacial e maxilar e veias
jugulares interna (exceto equinos e caprinos) juntas drenam a musculatura e
diversos órgãos e estruturas da cabeça e pescoço. A jugular externa corre no
sulco da jugular formado pelos músculos esternocefalico na porção laterodorsal
e a porção ventral do músculo braquicefálico a outra lateral, o músculo homohioideo
forma o assoalho da calha da jugular. Essa região é utilizada para fins
terapêuticos na administração medicamentos e coleta de sangue etc.
Tronco vagossimpático
Saindo do forame da
jugular até o nível de segunda vértebra cervical há a origem do nervo vago,
este desce seguindo o esôfago e a carótida pelo seu lado esquerdo, esse nervo é
importante na inervação de coração, assim como seguindo a traqueia encontra-se
o nervo frênico que faz inervação de porção cranial de
diafragma. Correm paralelamente jugular a carótida esquerda, nervo vago
e nervo frênico, esse plexo é denominado de plexo vago simpático. O
nervo vago é um nervo inibidor, ou seja, a lesão nesse nervo causa uma arritmia
cardíaca, a simples compressão do olho dos animais com força aumenta os
batimentos cardíacos, esse reflexo é denominado de reflexo vago simpático,
devido o ponto de chegada do nervo vago e nervo óptico na base do encéfalo.
Faringe
As faringe relaciona-se
com os órgãos do espaço maxilo-faríngeo: carótida e jugular internas,
glosso-faríngeo, pneumogástrico, espinhal, grande hipoglosso e simpático atrás;
- parótida, carótida externa e jugular externa à frente. Abaixo deste plano, as
faces laterais da faringe relacionam-se com o pedículo vásculo-nervoso do
pescoço, o corpo da tiróideia e os seus pedículos vasculares.