sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CUSTOS DE PRODUÇÃO - RESUMO

 CUSTOS DE PRODUÇÃO

Os custos são instrumentos essenciais à análise dos sistemas de produção.
Objetivos
→ Determinação da rentabilidade relativa das distintas atividades agropecuárias;
→ Descoberta de causas ou motivos das variações do custo unitário das diferentes atividades ou mesmo de uma determinada exploração agropecuária;
→ Estabelecimento de padrões de eficiência;
→ Determinação de fatores de produção (coeficientes técnicos) de cada exploração;
→ Determinar o preço de venda ou preço final do produto ou serviço.

CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO


CUSTOS FIXOS - são aqueles decorrentes da utilização dos ativos da empresa (máquinas, equipamentos etc.)  e  que permanecem inalterados quando a produção varia.  
Ÿ  Mão de obra
    - Considera-se como mão de obra fixa na agropecuária, as pessoas que prestam serviços de forma indireta,  ou seja não estejam vinculadas diretamente à produção. Exemplo: veterinário, contador, agrônomo, etc.
    - Os custos com a mão-de-obra fixa → salários mensais, acrescidos dos seus respectivos encargos sociais, equivalentes a, aproximadamente, 60% destes.
                                    - Férias                                    8,33 %
                       - 1/3 s/férias                             2,78 %
                       - 13º salário                           10,86 %
                       - FGTS                                   8,00 %
                       - FGTS s/salário                      0,73 %
                       - FGTS s/ férias                       0,97 %
                       - INSS s/salário                    27,20 %
                       - INSS s/13º salário                2,47 %
                       - INSS sobre férias                2,47 %
                       TOTAL                                 63,81 %

Depreciação -  é o custo necessário para substituir os bens quando estes se tornam inúteis pelo desgaste físico (depreciação física) ou quando perdem valor com o decorrer dos anos, devido às inovações tecnológicas (depreciação econômica ou obsolescência).

Ÿ  Máquinas, Equipamentos, Implementos e Veículos

    Dm =  (Vi   –   Vf)                                    onde : Vi = Valor inicial
                     Vud                                            Vf = Valor final
                                                                         Vud = Vida útil em anos
Ÿ Benfeitorias

       Db = (Vi – Vf)                                        onde:
                   Vua                                              Vi = Valor inicial da benfeitoria;
                                                                        Vf = Valor final da benfeitoria
                                                                        Vua = Vida útil (em anos)

Ÿ  Animais de Produção  

                                                                     
      Da = Va – Vr  x tda                              onde:  Va = Valor de aquisição;
                                                                      Vr = Valor residual (de descarte);
                                                                     tda = Taxa percentual de depreciação anual

Manutenção e Conservação
Ÿ  Máquinas, Equipamentos e Implementos

            Mm  =  Vi  x  5%                         onde:
                          Vud                                 Vi = Valor inicial da máquina
                                                                  Vud = Vida útil (em dias/horas/anos)
  Ÿ Benfeitorias

       Mb = (Vi x 2% )                                 onde : Vi = Valor inicial da benfeitoria


  Seguros
 Ÿ Máquinas, Equipamentos e Implementos

     Sm  =  Vm  x  0,75 %                          onde : Vm = Valor médio   =   Vi  +  Vf
                                                                                                                           2
 Ÿ Benfeitorias


    Sb  =  Vm  x  0,35 %


Juros Sobre o Capital Investido
 Ÿ  Máquinas , Equipamentos e Implementos

    Jm = Vm  x  6 % 

Ÿ Benfeitorias

   Jb  = Vm  x  6%


   Ÿ Animais de Produção e de Trabalho

 Ja =  Vm x 6 %


Imposto Territorial Rural (ITR) – Calcular observando a legislação específica.
CUSTOS VARIÁVEIS - São aqueles que variam em proporção direta com o volume de produção ou área de plantio.

Ÿ Mão de Obra
      Os custos com a mão-de-obra variável são calculados em função dos Homens/Dia requeridos para cada atividade.
       O custo do H/D é calculado dividindo-se o salário mínimo mensal pelos dias úteis do mês (25).

Ÿ Material de Consumo  -  : corresponde ao valor dos materiais  ou produtos  necessários para a produção.

    - Rações, Concentrados e Produtos Agrícolas: corresponde  ao valor dos produtos necessários à alimentação do rebanho.

       Produtos Veterinários, Vacinas e  Medicamentos: compreende o custo com produtos veterinários e medicamentos utilizados na sanidade do rebanho .
      Energia Elétrica: os custos com energia elétrica dizem respeito ao consumo específico (se necessário) em cada atividade.
      Assistência Técnica: o custo com assistência técnica corresponde ao pagamento de eventual consulta de veterinário ao rebanho
      Juros Sobre o Capital de Giro: compreende a remuneração do produtor pela decisão de investir e equivale à remuneração da caderneta de poupança, ou seja, 6% a.a. sobre os Custos Variáveis Totais.

                                                     



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PERSPECTIVAS DA OVINOCAPRINOCULTURA NO SEMIÁRIDO

Aumento da produtividade
            A ovinocaprinocultura no Brasil nos últimos dez anos sofreram grandes mudanças para a consolidação da cadeia produtiva. Diversos segmentos despertaram a atenção dos governantes, técnicos e produtores que promoveram a intensificação nas pesquisas voltadas para a produção, beneficiamento dos seus produtos, organização dos produtores, adoção de novas tecnologias, atuação significativa de agências financiadoras promovendo acesso ao crédito e principalmente, o ponto chave de todo esse desenvolvimento, o aumento pela demanda dos produtos e subprodutos advindo da ovinocaprinocultura (RIBEIRO, 1992).
            Mesmo sendo um mercado em crescimento, o consumo de produtos de origem caprina e ovina é afetado em decorrência da qualidade que segundo Zapata et al. (1995) a deficiência nos critérios de seleção dos animais para o abate, estocagem e conservação da carne com baixo nível de higiene, critérios de operações deficientes, tornam o produto marginalizado expressando baixa qualidade em termos de higiene.
            A procura por produtos cuja sanidade estejam de acordo com os parâmetros vigentes no Brasil levaram Moreira et al. (1998) estudar a comercialização da carne caprina e ovina em alguns estados do nordeste brasileiro que revelou a necessidade da atuação das autoridades sanitárias nesse setor devido as irregularidades observadas quanto aos aspectos mínimos de higiene observados do abate até a sua comercialização.
            Pode-se ainda destacar como fatores limitantes a para o desenvolvimento desse comércio a irregularidade no fornecimento dos produtos de origem caprina e ovina, visto que a exigência do mercado se dá principalmente no fornecimento fixo desses produtos durante todo o ano sem períodos de sazonalidade, tem-se ainda o abate clandestino desses animais que agem competitivamente com frigoríficos industriais e também os elevados preços comerciais praticados no mercado que reduz a competitividade de outros produtos concorrente (CARVALHO, 2014).
            A oferta de carnes de ovinos e caprinos oriundos de frigoríficos certificados por serviços de inspeção federal ou estadual é uma vantagem que conota para o crescimento da demanda, haja vista que esses órgãos regulamentam e certificam o elevado padrão de qualidade sanitária do produto com consequente aumento da confiabilidade do mercado em consumir esse alimento (SEBRAE/RN, 2001).
            Há poucos exemplos e estudos que demonstrem os custos de produção de ovinos e caprinos de corte bem como seus derivados (OTTO et al, 1997). De modo geral o controle contábil dos produtores acaba por não seguir os padrões administrativos que são indicados, o que dificulta a avaliação real dos custos de produção não obtendo uma noção do retorno econômico-financeira da atividade.
            Alguns mitos precisam ser quebrados em torno da exploração de ovinos e caprinos, a vaidade do criador é a principal delas, pois, entende-se que essa atividade não lhe traz status social, no entanto, o importante da atividade é o lucro auferido pela exploração e a colocação do produto no mercado, oferecendo qualidade, baixos custos operacionais e que atendam minimamente as exigências do mercado consumidor dos produtos de origem caprina e ovina (GOULART, et al, 2009).
            Diferentemente dos maiores países criadores de ovinos e caprinos, o Brasil possui condições endafoclimáticas altamente favoráveis nesse segmento, porém, essa atividade no nordeste ainda não se enquadrou como cadeia produtiva dentro do enfoque do agronegócio, pois ainda é considerada pelos produtores como uma atividade secundária e pobre, enquanto criadores dos outros países orgulham-se e lucram com os produtos e subprodutos advindos dessa atividade (NETO, et al. 2007)
            A dificuldade dos produtores em determinar os custos na produção de ovinos e caprinos é uma realidade, que se torna ainda mais evidente e difícil de estabelecer quadros no cenário nordestino. Os custos de produção dependem intimamente do foco principal da atividade, pois esta poderá gerar ao mesmo tempo produtos e subprodutos distintos dependendo do tempo da forma de manejo e criação. Tem-se como exemplo, a atividade da produção a carne for o foco principal do criador, além dele produzir cordeiros ou cabritos para serem encaminhados para o frigorífico, nesse meio tempo o criador possui animais de descarte, cordeiras ou matrizes que poderão ser destinadas a repor as matrizes descartadas ou então a permanência destas para o aumento do plantel de matrizes, produção de esterco, produção de leite, pele e ainda dependendo do grau genético e tecnologia utilizada no rebanho a produção de sêmen e embriões para comercialização (MARTINS, 2011).
            Os cálculos dos custos de produção devem levar em consideração todos esses aspectos, pois são indispensáveis para avaliação da rentabilidade econômica da atividade na propriedade, todos esses aspectos são de alta dificuldade para os produtores que na maioria dos casos são de baixa escolaridade, entenderem e levar sério cada um desses pontos para haver um controle efetivo da produção. Segundo Martins (2011) existe toda uma logística no processo produtivo de cada atividade, pois é necessário compreender e definir onde começa e onde termina cada umas das atividades (pele, esterco, carne, sêmen, matrizes) até a sua comercialização para que a partir dessas informações seja possível a inclusão dos custos de produção de cada segmento e no final realizar o balancete de toda a atividade.
            A necessidade de alimentos práticos e funcionais com características definidas tornam os produtos lácteos derivados de caprinos e ovinos um dos pré-requisitos do próximo milênio, sendo inserido no portfólio alimentar mundial. A distribuição do leite de cabra é heterogênea e os estudos da FAO (1995) demonstram crescimento no consumo destes produtos mundialmente, principalmente aqueles oriundos da África e da Ásia que representam cerca de 70% da produção mundial, enquanto que a América do Sul produz apenas 1,28% dessa produção.
             A caprinocultura leiteira está bastante avançada em países como França, Canadá, Espanha e Suíça Inglaterra e Itália, em países da Europa, especialmente na França, Espanha, Suíça, Inglaterra e Itália, que apresenta um consumo de 6,5 litros de leite por habitante ano, porém 75% desse total produzido destinava-se a produção de queijos. Países mais desenvolvidos da Europa os produtos lácteos se concentra principalmente para a produção de queijos e nos países como Canadá e África do sul concentra-se na produção de leite em pó, esse fato por sua vez indica que há um fluxo de produtos lácteos dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento. Esse fato proporciona aos governos a adoção de políticas públicas que visem o desenvolvimento do mercado interno dos produtos de origem caprina e ovina que apresenta um grande potencial (CARVALHO, 2014).
            Conclusão
            A ovinocaprinocultura no Brasil possui um bom potencial de crescimento e pode tornar-se uma atividade econômica importante principalmente na região nordeste do país, porém há a necessidade de valorização da atividade pelos criadores e discussão de políticas públicas para auxiliar no desenvolvimento de tecnologias e investimento na atividade.
Referências:                                                                                                               
CARVALHO, B, R. Potencialidades dos mercados para os produtos derivados de caprinos e ovinos. CAPRITEC Disponível em <http://www.capritec.com.br/> Acesso em: 05 Dez de 2014.
MARTINS, C. E. Custos de produção de ovinos e caprinos. Página Rural, 2011. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/48472/1/Midia-Custos-de-producao.pdf.pdf> Acesso: 05 Dez 2014.
NETO, S. M. J.; JÚNIOR, H. V. E.; CAMPOS, T, R.; FRANÇA, C. M. F. Estudo da Viabilidade Econômica da Produção de Carne Ovina na Região dos Inhamuns  Cearense: um estudo de  caso. Embrapa Caprinos Sobral, CE, 2007.
GOULART, F. D.; FAVERO, A. L.; ALVES, S. R. LIMA, S. A. T.; MARIA, V.; FILHO, C. B. A cadeia produtiva da ovinocaprinocultura nas regiões central e oeste do estado do rio grande do norte: estrutura, gargalos e vantagens competitivas. Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,
OTTO, C.; S, J.  L.; WOEHL, A. H.; CASTRO, J. A. Estudo econômico da terminação de cordeiros a pasto  e  em  confinamento. Revista do Setor de Ciências Agrárias, v.6,  n.  1/2,  p. 223-227, 1997.
RIBEIRO, S. D. A. Produção e comercialização de leite de cabra e derivados. In: Simpósio Nordestino sobre caprinos e ovinos deslanados, Associação Paraibana dos Criadores de Caprinos e Ovinos Anais.Taperoá:, 1992. 33-52
SEBRAE/RN. Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agro-industrial da Caprinovinocultura do Rio Grande do Norte, v. 3, Natal, 2001. 146p

ZAPATA, J. F. F. Tecnologia e comercialização de carne ovina. In: Semana da caprinocultura tropical brasileira, 1, 1994: Sobral. Anais. Sobral: EMBRAPA – CNPC, 1994. p. 115-128.