sábado, 20 de agosto de 2016

GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - GAMETAS MASCULINO E FEMININO


Os espermatozoides (SPTZ) e os oócitos (OOC) são iguais do ponto de vista de seus genomas, mas a história de suas vidas e o comportamento de ambos antes e durante a fertilização são bastante diferentes. Os SPTZ possuem padrões notáveis de motilidade, que se modificam constantemente a fim de se fundir com o OOC e, deste modo, ativá-lo.
Cada STZ consiste de um núcleo haploide, um flagelo (sistema de propulsão para movimentar o núcleo) e a vesícula acrossômica (um saco de enzimas que permitem a entrada do núcleo no óvulo). Ao saírem do testículo, os STZ são imóveis e incapazes de fertilizar, necessitando sofrer maturação e capacitação. No epidídimo ocorre a maturação, processo que implica em modificações na motilidade, na morfologia e nas propriedades da membrana plasmática e das enzimas acrossomais. No epidídimo também os STZ recebem proteínas decapacitantes que auxiliam os gametas masculinos a poupar energia. Mesmo após a maturação, os STZ ainda não são capazes de fertilizar o OOC, necessitando passar por uma fase de capacitação, que ocorre somente no interior do trato genital feminino (TGF).
O TGF secreta diferentes fatores que podem influenciar a motilidade e a capacitação espermática, funcionando também como barreira ao fluxo de STZ. Como barreiras ao fluxo de STZ, tem-se: pregas vaginais, cérvix, glândulas endometriais e junção útero-tubária (JUT). Todavia, essas barreiras variam de acordo com o local onde os machos depositam o sêmen: canino e ovino depositam na vagina (sofrendo todas as barreiras); felino, bovino e bode depositam na cérvix (logo, os STZ não enfrentam a barreira das pregas vaginais); equinos e suínos depositam sêmen no útero (e os STZ enfrentam como barreira apenas as glândulas endometriais e a JUT). Assim, para garantir a fertilização, o sêmen deve conter STZ de boa qualidade e em grande quantidade.
O TGF possui muco com densidade diferente do plasma seminal, sendo rico em glicosaminoglicanos (GAG), que inativam ou destroem as proteínas decapacitantes dos STZ, induzindo-os à capacitação. Nesse processo, o STZ adquire movimento flechante e tem expostos seus sítios ativos para interação com o OOC. Para chegar até a ampola da tuba uterina, o STP necessita de fatores estimulantes, havendo duas teorias: termotaxia, onde termorreceptores do STZ são capazes de detectar as mínimas alterações da temperatura no curso pelo útero; e quimiotaxia, através do ácido hialurônico, mas que só tem efeito em pequenas distâncias, quando já próximo ao OOC.
O OOC deve estar apto para interagir com o STZ. Na maioria das espécies de mamíferos domésticos o OOC ovulado está em metáfase II, mas na cadela e na égua o OOC encontra-se ainda na primeira divisão meiótica, em virtude da OMI (substância inibidora de meiose oocitácia). A maturação do OOC só se completa por ocasião da fertilização e envolve modificações nucleares e citoplasmáticas. A maturação nuclear consiste no reinício da meiose II (ou I, no caso de cadelas e éguas) até que se torne haploide.
A maturação citoplasmática é caracterizada por mudanças morfológicas e na localização de organelas celulares e consiste em: (1) migração dos grânulos da cortical para periferia (que no futuro irão enrijecer a zona pelúcida e evitar a poliespermia); (2) formação do fator de diferenciação do pró-núcleo masculino (MPGF), que vai receber e preparar (descondensar) o material genético do STZ para juntar-se ao material genético feminino; (3) formação de um conjunto de substâncias no citoplasma, responsável pelo gerenciamento do desenvolvimento embrionário inicial. Envolvendo o citoplasma do OOC está a membrana plasmática, que deve regular o fluxo de certos íons durante a fertilização e deve ser capaz de se fundir com a membrana plasmática do STZ. Externamente à membrana plasmática está a zona pelúcida (ZP) e as células do cumulus, que o STZ também deve atravessar para haver a fecundação.


quinta-feira, 21 de julho de 2016

ENFERMIDADES DOS ÓRGÃOS DOS SENTIDOS DE RUMINANTES

VISÃO E AUDIÇÃO 

Ceratite infecciosa bovina (Conjuntivite ou ceratoconjuntivite)

EtiologiaMoraxella bovis, isolada ou associada Rickettsia, Clamídia,  Neissseria,  micoplasma ou vírus da IBR. 
Acomete bovinos e apresenta uma morbidade de até 90%. A transmissão ocorre através de moscas, poeira e pastagens contaminadas com secreções oculares e nasais. O período de incubação é de 2 a 3 dias.
Patogênese:  No início da infecção ocorre presença de erosões e perda focal do epitélio corneal pela ação citotóxica direta dos agentes patogênicos. É uma doença autolimitante.  A Moraxella lança suas fimbrias sobre a córnea.
Sinais clínicos iniciais: Congestão dos vasos corneais, edema da conjuntiva, lacrimejamento abundante, blefaroespasmo, fotofobia, febre leve a moderada, hifema na esclera. 
Sinais clínicos posteriores: Opacidade de córnea com ulceração. Curso total da doença é  de 3 a 5 semanas.
Sequelas: Cicatriz corneal com uma linha branca azulada na base da córnea. 
Diagnóstico diferencial: “Febre catarral maligna” pois, esse tipo de doença exige sacrifício e interdição da propriedade.
 Diagnóstico: Sinais clínicos, ELISA e cultura bacteriana. 
Tratamento:
Sulfa com  instilação conjuntival, 
Penicilina procaína 100000UI/kg 2 a 4x dia subconjuntival.
Sulfadimidina  100mg/kg IM.
Oxitetraciclina 20mg/kg IM
Retirar do Sol e manter em ambiente escuro, em casos de ulceração, utilizar anestésico oftálmico tópico associado à atropina.
Ou Gentamicina + 0,5 ml
Flunixin mais 0,5 ml. 
Vacinação dos animais 

Oftalmia contagiosa ovina e caprina

É uma doença infecto contagiosa caracterizada por inflamação da córnea e conjuntiva dos animais afetados.
Fatores predisponentes: Falta de higiene da propriedade e das condições de vida dos animais.
Etiologia: Micoplasma conjuntivae, Clamídia  pecorum. 
Transmissão: Acorre através de secreções oculares e nasal. A incidência aumenta com a gravidade e com o estresse, poeira, aglomeração, doenças concomitantes e mau estado de nutrição. 
Patogênese: É uma doença de instalação rápida e aguda, com inflamação da conjuntiva seguida de hiperemia da  esclera panos e opacidade de córnea.
Sinais clínicos: Conjuntivite, lacrimejamento com secreção serosa e purulenta, ceratite, blefaroespasmo, opacidade de córnea e aumento da vascularização. Em casos graves pode ocorrer interação e edema corneal grave, 10% dos animais podem ficar cegos.
Diagnóstico: Histórico, sinais clínicos, cultura bacteriana e citologia esfoliativa conjuntival. 
Tratamento:
Oxitetraciclina 20mg/kg IM 7 dias.

Carcinoma epidermóide ocular

Etiologia: Multifatorial e acomete a superfície da conjuntiva junção córneoescleral, membrana nictitante, pálpebra ou córnea. As lesões tem predileção por aspectos medial e lateral do olho.
Sinais clínicos: 
Pré-malignos: Placas brancas pequenas hiperplásicas semelhantes a papilomas. Pode ocorrer  regressão espontânea.
Malignos: Tumores irregulares nodulares invasivos erosivos e necróticos.
Raças predisponentes: Simental, Hereford e holandês. Animais de pele despigmentada e branca, mas qualquer animal pode ser acometido.
Tratamento: Criocirurgia. remoção cirúrgica ou caso necessário; enucleação do globo ocular.

Otite média interna
Etiologia: Parasitas, artrópodes (carrapatos) nematódeos, (Rabtids bovis),  corpos estranhos, infecção por Pasteurella e Pseudomonas, Railletia auris. animais de orelhas compridas como Gir, Tabapuã e Guzerá são predisponentes.
Sinais clínicos: Comportamento agressivo (dor), coceira na orelha, depressão, anorexia, dor ao deglutir, balançar de cabeça, lesão de nervo vestibulococlear e facial,  secreção  auricular abundante, sanquinopurulenta e fétida.  Região auricular dolorida, meato externo e linfonodos parotideos infartados, rotação da cabeça com o lado afetado para baixo, orelha caída e paralisia facial no mesmo lado.
Diagnóstico: Sinais clínicos, microscopia da secreção auricular, swabs e  cultura bacteriana.
Tratamento: Em caso de nematódeos Ivermectina SC associado a antibiótico tópico. Limpeza da orelha e ouvido utilizando soro fisiológico + álcool e éter 2x ao dia (Otoderm)
Antiinflamatório: Flunixim.