O intestino é um tubo músculo-membranáceo que se estende caudalmente desde o óstio pilórico até o ânus. Seu comprimento sofre grandes variações individuais e raciais (variando de 30 à 50 m nos bovinos, e de 20 à 40 m e de 18 á 40 placas de Peyer em pequenos ruminantes).
(Placas de Peyer também conhecidas como Conglomerados Linfonodulares Ileales são nódulos de tecido linfático que constituem um componente principal do tecido linfático associado ao intestino (GALT) e são particularmente grandes no Íleo, onde se encontram preferencialmente no lado intestinal oposto ao mesentério ou seja, no borda antimesenterica do intestino.”
INTESTINO DELGADO
É composto por Duodeno, Jejuno e Íleo e inicia no piloro e termina na junção iliocecal, formado por pregas circulares. Diferente do estômago, a camada muscular que compõe o órgão é composta de duas camadas, uma de fibras estriadas longitudinais e uma camada de fibra celular lisa e circular. Apresenta glândulas duodenais (Brunner), na região do duodeno, e no restante deste estão presentes glândulas intestinais. São encontrados aglomerados de nódulos linfáticos que são responsáveis pela defesa intestinal denominados de Placa de Peyer, além desta estrutura no mesentério há também um aglomerado de nódulos linfáticos, que têm por função a proteção das contaminações da luz intestinal.
O intestino produz suco pancreático que serve principalmente para a digestão de carboidratos; e ácidos biliares usados na digestão de lipídios.
DUODENO
Fixado a parede dorsal do abdômen através do mesoduodeno, tem inicio no piloro e fim na prega duodenocólica (prega de tecido conjuntivo que liga a parte do cólon descente ao duodeno). É curto em ruminantes e eqüinos, neste ultimo sendo muito forte e apresenta-se longo em cães e gatos abraça a cabeça do pâncreas. Inicia na porção cranial do piloro localizada no terço superior e a direita da cavidade abdominal, onde se apresenta a flexura duodenal cranial (dobra do tubo cranialmente, de onde o tubo corre caudal. E depois se continua como porção descendente do duodeno, onde estão presentes o ducto colédoco (ducto excretor do fígado), ducto pancreático (que leva o sulco gástrico ate o intestino). Em algumas espécies eles se desembocam em um mesmo ducto junto com outros ductos vindos do fígado, neste caso se tratando de um ducto biliar comum (ducto biliar é o ducto usado para excreção de acido pancreático no interior do intestino). Esta porção do ID vai até as proximidades da cavidade da pelve, de onde se dobra em sentido cranial formando a flexura duodenal caudal.
É na porção final do duodeno que é encontrado a porção ascendente, logo após a flexura duodenal, que se dirige cranialmente, terminando na transição com o jejuno na flexura duodenojejunal.
JEJUNO
Inicia no mesentério é um tubo formado de diversas pregas suspensas, fixas na porção dorsal pelo mesojejuno, e ainda há a presença das Placas de Peyer. No cão e no gato as pregas ficam fixas na porção profunda do omento, entre o fígado e o estômago cranialmente e caudalmente à bexiga. Nos ruminantes é voltado para a direita, no eqüino localizado no flanco esquerdo, onde o mesoduodeno e mesojejuno permitem ampla movimentação principalmente do jejuno (o que vem a causar facilmente cólicas devidas possíveis torções causadas pela flexibilidade do órgão). Na região do mesojejuno pode ser encontrada uma estrutura denominada forame epiplóico.
ÍLEO
É relativamente curto e com camada muscular desenvolvida, facilitando a movimentação do conteúdo intestinal em direção ao intestino grosso. Um plexo nervoso presente na camada submucosa é responsável por controlar a passagem da ingesta do ID para o IG através da válvula ileocecal. O transporte de conteúdo intestinal em direção aboral é raramente retrogrado (não tem retorno). Nesta parte do ID também são encontradas diversas placas de Peyer, e algumas ainda presentes na transição do ílio para o IG. A Prega iliocecal é a transição do ílio para o ceco (primeira parte do IG), preso ao corpo do ceco e do ílio ao mesmo tempo pelo mesentério (mesoileo).
× O bovino possui aproximadamente 60 cm de piloro, e ovinos de 25 á 40 cm. Os bovinos possuem ducto pancreático à 30 cm caudal ao íleo, e nos ovinos e caprinos este se une ao ducto biliar.
× No eqüino o intestino delgado possui aproximadamente 22m de comprimento, de 7,5 à 10 cm de diâmetro, e capacidade de 40 a 50 litros. Possui um ducto pancreático acessório, uma estrutura denominada Ampola hepatopancreática. Neste animal o íleo termina na papila ileal, (evidente ou não) com função de limitar ou não a passagem de conteúdo (também conhecida como válvula ileocecal).
× Suíno possui cerca de 15 a 20 m de ID, ducto colédoco à 2,5 e 5 cm do piloro, e ducto pancreático à 10 e 12cm do ducto colédoco.
× Cão e gato aproximadamente 4 m de ID, possuindo ducto colédoco e pancreático menor à 5 e 8 cm do piloro, e de 2,5 a 5 cm caudalmente a estes esta o ducto pancreático maior. Também possui válvula ileocecal.
INTESTINO GROSSO
Serve como câmera fermentativa formada pelos seguintes segmentos:
CECO
Ocupa todo o flanco direito, é um saco de fundo cego, que é ligado ao tubo digestório, liga o ID ao IG, sendo limitado pela desembocadura do íleo. Muito curto no gato possuindo uma forma de vírgula, curto no cão e em forma de saca rolhas.
No eqüino o ceco é a primeira câmera fermentativa com capacidade de 30 litros, no qual estão presentes a microbiota que faz a quebra da celulose. O ceco possui uma base (sendo a porção dorsal, área de conexão com o ílio e cólon); corpo; e ápice (parte mais ventral do saco cego, próximo a cartilagem xifóide). Na superfície externa o ceco possui 4 cintas longitudinais formadas pelas fibras musculares longitudinais que são denominadas de Tênias, estão presentes também algumas saculações, as Haustras.
No suíno o ceco se localiza a esquerda do plano mediano, e não há tênias e nem saculações.
Nos ruminantes é pequeno e a direita do plano mediano, também apresenta a ausência de tênias ou saculações.
Na porção dorsal do flanco direito entre o íleo ceco e cólon em todos os animais encontra-se a válvula íleocecocólica.
CÓLON
É a porção mais longa do IG, especialmente no eqüino. Servindo principalmente para absorção de água, é divido em:
× Cólon ascendente: porção inicial elevado a esquerda;
× Cólon transverso: porção que se porta transversal a parede abdominal;
× Cólon descendente: parte final e caudal com formato de ``U´´ no ser humano;
As espécies apresentam variações quanto ao cólon ascendente:
O eqüino possui Cólon ascendente divido em:
× Cólon ventral direito – 4 tênias e saculações;
× Flexura external – vira a esquerda, ausência de saculações;
× Cólon ventral esquerdo – 4 tênias e saculações;
× Flexura pélvica – se direciona para cima, 1 tênia;
× Cólon dorsal esquerdo – 1 tênia;
× Flexura diafragmática – vira para a direita, 3 tênias ausência de saculações;
× Cólon dorsal direito – 3 tênias nenhuma saculação;
Os cólons esquerdos são soltos, ligados um ao outro pelo mesentério (ponto crítico em cólicas eqüinas, que com o acúmulo de gás no cólon ventral esquerdo pode causar uma torção de cólon, prejudicando ainda mais a cólica).
*Cólon transverso é curto e preso cranialmente á raiz do mesentério, correndo do lado direito para o esquerdo, e ausência de tênia;
* Cólon descendente fica próximo ao mesentério, possuindo 2 tênias e região mesentérica (onde há a adesão ao mesentério) e região antimesentérica (fica do lado oposto a primeira). 2 fileiras de saculações (sendo estes responsáveis pelo formato da sibala do coco do eqüino), possui de 2 à 4 m.
O suíno possui o cólon ascendente em formato de espiral, contendo alças centrípteras (2 tênias, 2 fileiras de saculações), e centrífugas (ausência de tênia e saculação).
O ruminante possui a alça do cólon ascendente em ``S´´ craniocaudal em dupla espiral em um só eixo (disco). Estas alças possuem giros centrípetos e centrífugos. A alça distal forma a curva sigmóide, que é a parte mais dorsal e próxima do reto.
RETO E ÂNUS
Continuação do cólon descendente na cavidade pélvica fixa pelo mesentério cercado por tecido conjuntivo e adiposo. A ampola retal se dilata para a passagem das fezes, o canal anal (ânus) esfíncter que internamente é constituído por fibras musculares lisas, e externamente são fibras musculares estriadas que compõe o ânus.