quarta-feira, 13 de julho de 2016

NEONATOLOGIA - CUIDADOS COM FILHOTES

Neonatologia é o ramo da medicina veterinária que trata dos distúrbios do animal recém-nascido. O neonato possui um organismo em pleno desenvolvimento, com o resultado da maturação de diversos órgãos e sistemas, da adaptação da vida extra uterina. É considerado considerado neonato até 4 semanas de vida.
Neonatos
O parto normal ocorre através de forças expulsivas, através de contrações do  miométrio e dos músculos abdominais. Essas forças devem ser suficientes para fazer com que o feto e as membranas fetais se disponham normal e corretamente até transpor pelo canal de parto.
Em fêmeas primíparas o desenvolvimento mamário é precoce com 3 a 4 semanas de gestação. Ocorre também, aumento da vulva, secreção vaginal de coloração clara, relaxamento dos ligamentos pélvicos e da musculatura abdominal, a temperatura da fêmea cai um grau 24 horas antes do parto.
O parto é dividido em estágios:
Estágio 1. A fêmea fica inquieta, ofegante, tremendo e fazendo ninhos, ocorre o relaxamento vaginal e dilatação da cérvix.
Estágio 2. Saída do feto, elimina-se líquidos fetais, estiramento abdominal visível e retorno da temperatura a níveis normais. O intervalo de nascimento entre cada filhote deve ser em torno de 5 a 60 minutos. 
Estágio 3. Expulsão da placenta, encurtamento dos cornos uterinos, fêmea remove as membranas amnióticas e higieniza o neonato, corta o cordão umbilical e ingere a placenta.
Os filhotes apresenta um reflexo que necessita se desenvolver denominado de Termotropismo positivo, que significa dirigir-se a fonte de calor. Esse reflexo é essencial para que o filhote consiga chegar na mãe para mamar e se aquecer com seus irmãos.
Reflexo de sucção do neonato

A necessidade calórica de um filhote são quatro vezes maiores que de um animal adulto.
Um filhote sadio só alimenta de leite materno e dorme nas duas primeiras semanas de vida. Seu intervalo de mamar deve ser a cada 2 ou 3 horas. É de extrema importância que que o filhote mame logo após o seu nascimento, para que este receba glicose e anticorpos. O leite materno fornece 95% das imunoglobulinas do filhote.  Essas globulinas são absorvidas principalmente nas primeiras 24 horas de vida.
Substituto do leite materno para filhotes de cães e gatos (sucedâneo)

A temperatura corpórea normal para recém-nascidos em torno de 35 a 35,5ºC e após uma ou duas semanas essa temperatura aumenta gradativamente até 37,5 graus. 
A temperatura varia com o ambiente, e em até 10 dias não fazem piloereção e não conseguem tremer, seu controle térmico só se torna eficaz após 4 semanas de vida os olhos só se abre em torno de 12 a 14 dias após o seu nascimento. Os olhos costumam mudar de cor entre a quarta e a sexta semana de vida, passando da cor cinza-azulada para cor adulta.

Os canais auditivos só se abrem em torno de 12 a 14 dias e não estão completamente aberto até a quinta semana de vida. Os estímulos visuais e auditivos começam a gerar uma resposta aos 25 dias de vida ou seja, os reflexos vivido por um filhote, são reflexos de Termotropismo positivo, reflexo de estimulação do focinho, reflexo de sucção, reflexo ano-genital ou perineal.

Os pares de nervos cranianos trigêmeo e facial, glossofaríngeo, vago e hipoglosso, inervam  a sucção e a deglutição. Até a primeira semana de vida os neonatos permanecem em um sono paradoxal, inquieto, com tremores e ocasionalmente vocalização. A partir da segunda semana de vida o sono já é mais tranquilo os latidos surgem a partir da décima semana de vida.

Evolução dos sistemas orgânicos dos neonatos

Renal
A micção se inicia ao nascimento, mas a nefrogênese não está completa até a terceira semana de vida. Os filhotes têm a capacidade limitada de excretar drogas o que aumenta a sua suscetibilidade a toxicidade dos fármacos. Os rins só terminam de se formar em torno da sexta até a oitava semana de vida e enquanto isso a sua urina apresenta maior quantidade de proteína, glicose e aminoácidos. A glicosúria  temporária diz respeito a menor porção de néfrons imaturos e a reabsorção tubular ineficiente de glicose até os 14 dias.
Esses filhotes possuem capacidade baixa de concentrar urina, e capacidade reduzida de eliminar o sódio em excesso. A sua função glomerular e tubular renal não está completamente estabelecida e madura, por isso estão mais predispostos a desidratação, tendo como resultado uma maior exigência hídrica por apresentar capacidade reduzida de concentrar a urina.
Hepático:
O fígado possui capacidade reduzida para gliconeogênese, glicogenólise e metabolização dos ácidos biliares e outros processos de biotransformação, detoxificação e eliminação. O fígado só está completamente maduro após 5 meses de idade. Rins e fígado imaturo nos neonatos são diferentes de animais adultos em relação ao metabolismo e excreção dos fármacos e também se diferem na termorregulação, função cardiopulmonar, gastrointestinal, imunológica.
Esquema do controle da glicemia pelo fígado em neonatos
Cardiopulmonar:  
Os barorreceptores são funcionais no quarto dia de vida, porém, a frequência cardíaca varia em resposta as mudanças de pressão sanguínea. O filhote apresenta menor pressão sanguínea, volume sistólico, resistência vascular periférica e a contratilidade miocárdica é menor e por isso possui habilidade limitada para compensar sobrecargas estresse circulatórios.
Sistema nervoso: 
A mielinização ocorre até a sexta semana de vida e o diâmetro axonal dos nervos periféricos também aumenta nas primeiras semanas. Possuem uma barreira hematoencefálica imatura que é permeável ao ácido lático e que pode ser utilizado como combustível metabólico cerebral no caso de uma hipoglicemia.
Gastrointestinal:
É estéril ao nascimento e nos três primeiros dias de vida inicia-se a colonização intestinal pela flora bacteriana que deve se estabelecer até a quarta ou quinta semana de vida.
Função imune
A imunidade materna advinda do colostro confere proteção ao neonato durante o período crítico em que o sistema imunológico está em desenvolvimento. O animal deve ingerir o colostro o quanto antes preferivelmente nas primeiras 24 horas. Os principais anticorpos do leite são IgG e IgA.
O sistema imunológico ativo começa a funcionar a partir da quarta semana de vida com a produção de anticorpos.
Os parâmetros fisiológicos do neonato  são 210 a 220 batimentos por minuto e o movimento respiratório em torno de 15 a 35 movimentos por minuto nos primeiros dias de vida.
O filhote apresenta uma anemia que pode ser considerada fisiológica nas duas primeiras semanas que são as mais críticas, pois, quase todas as mortes acontecem neste intervalo de tempo, mas, principalmente nos três primeiros dias de vida.

Enfermidades neonatais:  
São consideradas enfermidades neonatais quando surgem até os 15 dias de vida, depois deste período são considerados enfermidades pediátricas. Os sinais clínicos nos neonatos evoluem rapidamente.
Hipóxia: Apesar do ritmo respiratório elevado a capacidade de ventilação e o volume corrente é menor, assim que ocorre deiscência da placenta aumenta o CO2 nos vasos umbilicais, isso desencadeia o reflexo respiratório, porém, se o filhote demorar a ser expulso ou caso venha apresentar esse estímulo respiratório antes de sair do meio amniótico ocorrerá aspiração do conteúdo e sufocamento do neonato.
Na primeira inspiração é liberado o surfactante pulmonar que impede o colapso pulmonar, quanto  mais prematuro é o filhote, menor a quantidade de surfactante que ele possui, por isso a alta mortalidade nos casos em que os animais nascem de forma prematura, os sintomas são cianose e polipneia.
O tratamento é a limpeza das vias aéreas e desobstrução e estimulação manual da respiração uma ou duas gotas de doxapram na língua do animal afim de estimular a respiração.
Fenda palatina: 
Trata-se de algo hereditário, mas doenças nutricionais estresse exposição a determinadas drogas e interferência mecânica, podem ser fatores prováveis. A fenda palatina é chamada também de Palatosquise é um defeito da função longitudinal que afeta o osso e a mucosa do palato duro. 
Existe uma predisposição nos braquicefálicos, a deficiência de ácido fólico e outros fatores externos também podem provocar a fenda palatina, assim como fatores hormonais, utilização de corticóides, doenças infecciosas e tóxicos. 

Os sintomas são crescimento insatisfatório do neonato, saída de leite pelas narinas, espirros, tosses, esforços para vomitar, dificuldade respiratória, pode ocorrer pneumonia por aspiração, assim como rinite bacteriana.
O tratamento é colocar uma sonda até que o animal tenha a idade para ser operado. Aos 45 dias de idade a utilização da sonda nasoesofágica é o ideal, pois, normalmente a fenda palatina se fecha após 14 dias de idade. Esses animais não devem ser usados na reprodução.
Hipotermia
O recém-nascido tem limitações em sua habilidade de produzir calor endógeno e prevenir a sua perda de calor. O neonato possui uma grande área corporal em relação ao seu peso, possui pouco tecido subcutâneo, os mecanismos gliconeogênicos são imaturos, assim como os mecanismos termorreguladores o ambiente exterior influencia gravemente na temperatura do animal, assim como o número de filhote da ninhada, quanto menos filhotes menor o aquecimento entre eles.
Como dito anteriormente os neonatos não fazem a piloereção e não possui o reflexo de tremer até o sexto dia de vida, fato que que proporciona a perda de calor destes filhotes.

Fisiologia da hipotermia: 
Quando a temperatura interior do corpo e os processos metabólicos diminuem e o sangue é desviado das superfícies e extremidades pela vasoconstrição para os órgãos centrais, a frequência e o débito cardíaco diminui e o mesmo acontece com a perfusão renal. As funções neurológicas diminui, assim como a velocidade mental, ocorre então a fibrilação ventricular.
Sintomatologia da hipotermia  é observada a partir da diminuição da função gastrointestinal, aumento na frequência respiratória  superficial, diminuição da frequência cardíaca estando entre 40 a 50 batimentos cardíacos por minuto, acidose metabólica devido a hipóxia tecidual.
Prevenção:
Ao nascimento o neonato deve ser logo seco, aquecido e colocado perto da mãe e dos irmãos. Deve haver o contato de pele com a mãe, aplicação de óleo mineral na região dorsal afim de evitar perda de água. As fêmeas não não devem parir ou amamentar em ambientes externos e a temperatura ambiente deve ser em torno de 29 a 32 graus nos primeiros dia.

Desidratação:  
Os filhotes são predispostos a desidratação, pois, o fluido extra-celular está aumentado e é maior que o intracelular. Ainda a capacidade renal para conservar e reabsorver a água está diminuída. Outro fator importante é a área de superfície extensa em relação ao peso do filhote e exposição ao ambiente frio é as principais causas.
Resumindo, existem dois fatores que é intrínseco ao neonato que o predispõem a desidratação. 
Primeiro: Alta relação superfície e peso corporal predispõe a troca de calor com o ambiente e perda de água.
Segundo: Imaturidade renal, em torno da segunda e terceira semana de vida a filtração glomerular não é eficiente e sua função é funcional em 20  a 50% quando comparadas com animais adultos, possui uma má reabsorção tubular, além disso os neonatos devem ficar em um ambiente com umidade razoável em torno de 50 a  65 por cento dois ambientes muito secos provocam a desidratação.
Diagnóstico:
O filhote desidratado deixa de mamar, chora, perde sua vitalidade, esfria e é rejeitado pela mãe, perde peso e a prega cutânea persiste ao ser esticada. Além disso, apresenta mucosas pálidas ou seja hipocorada e o focinho seco.
O tratamento desses animais consiste na reidratação através da fluidoterapia e ingestão de água com açúcar ou glicose a 50%.
Hipoglicemia:
O fígado tem capacidade reduzida para gliconeogênese, quando há uma baixa nos níveis de glicemia, nota-se uma mobilização de glicogênio e gordura, porém, o recém nascido possui estoque ineficiente de gordura e aminoácidos em relação à sua massa corporal, além disso, eles possuem menores quantidades de  precursores de glicogênio e maiores necessidades de glicose. O neonato é mais  susceptível a hipoglicemia, pela perda de glicose através da urina devido seu sistema renal ser imaturo.
Esquema do controle da glicemia realizada pelo fígado em nonatos 

Uma nutrição materna inadequada, infecções bacterianas, virais e parasitárias também contribuem para uma hipoglicemia. Os animais acometidos apresentam depressão, hipotermia, convulsões, síncope, polifagia, além de desidratação, redução da atividade e incapacidade de mamar.
O tratamento está em administrar a glicose em torno de 5 a 10%. Pode ser dado açúcar por via oral, leite condensado ou sucedâneo.
Septicemia Neonatal 
É uma síndrome clínica caracterizada por sinais sistêmicos de infecção e acompanhada por  bacteremia. Os sinais clínicos são febre, hipotermia, apneia, bradicardia. Os animais morrem repentinamente e associa-se as complicações como obstruções pré-natais ou intraparto pode ser de causa ambiental.
Fisiopatologia: 
Os microorganismos colonizam a pele e a mucosa e o coto umbilical é porta de entrada para infecção sistêmica. Após a multiplicação dos microrganismos, ocorre invasão em outros órgãos e sistemas e instalando-se a sepse. 
Os fatores de risco é o sistema de defesa do animal imaturo, canal do parto e ambiente hospitalar contaminado, tempo de parto prolongado, distocias e stress, perda de peso ao nascer, hipotermia, além do uso de ampicilina que suprime a flora normal bacteriana, deficiência de transmissão da imunidade passiva.
Sinais clínicos:
Diminuição do ganho de peso, ausência do reflexo de sucção, recusa alimentar, desconforto respiratório, letargia, febre ou hipotermia, vômito, diarreia, petéquias na pele e abcessos.
Tratamento
Feito com cefalosporinas de terceira geração que é de amplo espectro que produz alteração mínima da flora intestinal normal, os mais utilizados e com maior sucesso é o Ceftiofur sódico com dose de 2,5mg/kg a cada 12 por via subcutânea durante 5 dias no máximo. 
Não deve ser utilizado nesses animais a gentamicina, por provocar nefrotoxicidade, cloranfenicol por comprometimento cardiovascular as Tetraciclinas, pois, provoca a inibição do crescimento e deformidades esqueléticas em animais em crescimento, a fluoroquinolonas, pois, provocam lesões nas cartilagens dos Ossos longos.
A prevenção é basicamente através do tratamento do umbigo dos neonatos com tintura de iodo logo após o seu nascimento.

Diarreia:
Aumento na água fecal que se manifesta clinicamente como um aumento na frequência e o volume dos movimentos intestinais sob circunstâncias normais, embora absorção e secreção ocorra simultaneamente no intestino, os processos de absorção predominam grandemente aproximadamente 95% do líquido produzido no trato gastrintestinal é absorvido.
Diarreia de origem do Intestino Delgado ocorre porque o volume de líquido apresentado ao cólon é demasiadamente grandes e excede a capacidade de reserva de absorção do colo.
Diarreia de origem do Intestino Grosso ocorre porque a capacidade de absorção do cólon está diminuída e o volume normal de água apresentado não é absorvido.
Mecanismos da diarreia: Na diarreia os processos de secreção estão aumentados, os mecanismos são aumento da osmolaridade, hipersecreção, permeabilidade aumentada, alterações na motilidade, esses mecanismos dão origem a diferentes tipos de diarreia.
 Diarreia osmótica: Excesso de componentes hidrossolúveis no lúmen retendo água pode ocorrer por sobrecarga alimentar e insuficiência pancreática deficiência de sais biliares afecções da mucosa do intestino delgado.
Diarreia secretória: Quantidades anormais de líquido extra-celular são secretados para o lúmen, isso pode ocorrer devido a alguma enterotoxina produzida pela multiplicação anormal da flora bacteriana, principalmente aquelas de características patogênicas.
Achados:
A quantidade de fezes aumentada, estado nutricional ruim, vômito, polidipsia, pode caracterizar uma diarreia do intestino delgado.
Tenesmo, disquesia, estado nutricional normal, fezes pastosas, podem caracterizar como a diarreia de intestino grosso.
O tratamento baseia-se na reposição hidroeletrolítica desses animais e também a utilização de antibióticos e antidiarreicos (exceção quando apresentam causas infecciosas).

Principais vias de administração realizadas em filhotes de cães e gatos


quinta-feira, 23 de junho de 2016

INSTALAÇÕES PARA BOVINOS


INTRODUÇÃO

Apesar do Brasil ser um grande produtor de carne bovina e possuir grande representatividade no mundo, ainda necessita aperfeiçoar sua produção e utilizar de forma mais eficiente os recursos disponíveis para o desenvolvimento dessa atividade.
As instalações utilizadas para o manejo do rebanho necessitam ser adequadas bem planejadas e construídas de forma a auxiliar na exploração agropecuária. O tipo de instalação depende do sistema de criação que o produtor pretende trabalhar, temos como exemplo, as instalações utilizadas em explorações intensivas que necessitam obedecer as necessidades inerentes desse tipo de exploração, sendo mais específicas e mais elaborada. Quando se trata de uma pecuária extensiva, esse tipo de instalação já não necessita ser tão sofisticada, mas precisa ser eficiente e responder as necessidades desse tipo de produção.
As instalações precisam proporcionar proteção aos animais bem como conferir certo conforto aos animais, além de oferecer segurança, necessita ser um local saudável para manter a integridade desses animais. Quando as instalações obedecem essas características, principalmente aqueles que estão ligadas a sanidade, o ambiente fica livre de patógenos e proporciona aos animais melhor desempenho na produção do rebanho.
Quando as instalações passam por um planejamento antes de ser implantada ao sistema de produção, o criador de gado deve estar ciente da necessidade de minimizar o impacto da atividade agropecuária sobre o meio ambiente. Hoje os impactos ambientais em relação pecuária em geral, são muito evidentes e a escassez de recursos naturais, tem atingido essa atividade de forma muito profusa, reduzindo o potencial de produção e gerando maior custo na produção desses animais.
O não cumprimento dos princípios básicos das instalações gera uma diversidade de efeitos negativos na produção animal. É possível observar que os animais ficam submetidos a um estresse, que afeta negativamente em todas as funções fisiológicas do proporcionando um consumo menor quantidade de alimentos, diminui a ingestão de matéria seca, consomem menos energia, não descansam adequadamente e compromete a sanidade do rebanho, isso ocorre porque o cortisol que é um hormônio ligado ao estresse, provoca uma diversidade de alterações negativas na fisiologia do animal, e uma delas é a imunossupressão dos animais deixando-os susceptíveis a sofrer qualquer tipo de patologia, desde problemas de pele, infecções bacterianas, virais e fúngicas, bem como animais em reprodução e lactação tem seu desempenho diminuído.
Planejamento das instalações
Antes de qualquer planejamento de instalação, o pecuarista precisa ter definido o sistema de produção que sua empresa vai adotar. Isso é importante, pois cada um desses sistemas irá necessitar de um tipo de investimento diferente, uns mais sofisticados e outros mais simples, porém ambos precisam ser eficientes e proporcionar utilidade ao criador.
Se o sistema de produção for extensivo, é necessário que as instalações contenham uma unidade para ordenha, tratamento dos animais além de piquetes e currais que farão o suporte ao manejo desses animais. Se o sistema for semi - intensivo as instalações precisam fornecer uma unidade para ordenha, tratamento dos animais e as construções deverão ser voltadas para a conservação e fornecimento de alimentos para esses animais, bem como meio de acesso desses animais à pastagem sem maiores dificuldades.
Quando o sistema for intensivo, as instalações precisam contar com  unidade de ordenha, tratamento dos animais, construções devem estar voltadas para o fornecimento de alimento a esses animais pois os mesmos estão confinados e obrigatoriamente esse fornecimento de alimento precisa ser eficiente regular e de boa qualidade já que os animais não tem acesso a pastagem. A limpeza dos dejetos também é um fator importante a se considerar nesse tipo de criação, uma vez que essa matéria se acumula e pode trazer prejuízos sanitários aos animais. O criador não pode esquecer que a mão de obra nesses casos é indispensável, sendo necessária uma vigilância integral aos animais e regularidade no manejo.
Definição do sistema de Produção
Definido o sistema de produção o criador necessita realizar o planejamento das instalações levando em consideração o sistema, capacidade, planejamento de crescimento e não pode deixar de considerar as características da área como o tipo de solo da sua propriedade, topografia do terreno, distribuição eficiente das aguadas e também as instalações já existentes na propriedade a fim de utilizar essas benfeitorias e colocar cada uma delas em um mapa contendo o máximo possível de detalhes.
A construção e adequações das instalações existentes deverão ser elaboradas por profissionais qualificados para que não ocorra falhas na implantação do projeto o que levaria a um prejuízo futuro por que na maioria das vezes essas construções sem acompanhamento técnico adequado estão fora dos padrões indicados de segurança, conforto térmico, logística, acessibilidade, eficiência,  capacidade etc.
Aspectos zootécnicos das instalações Curral
Os componentes do curral permitem a realização, com eficiência, segurança e
conforto, de todas as práticas necessárias ao trato do gado, como: apartação, marcação e identificação, descorna, vacinação, embarque e desembarque, castração e pequenas cirurgias, exames ginecológicos e inseminação artificial, combate a endo e ectoparasitos, coleta de tecidos animais.
O manejo dos animais torna se fácil quando o criador conta as instalações de um curral bem planejado. O curral pode ser construído próximo a sede da fazenda ou então secundário localizado em retiros no caso de grandes fazendas. Um curral completo apresenta divisões de brete, tronco, seringa, banheiro carrapaticida, maternidade, bezerreiro, estábulo, balança e rampa de embarque. Já um curral secundário possui apenas brete, seringa e divisões.
O formato é muito variável de retangular a redondo, mas ambos precisam apresentar uma área de serviço coberta para abrigo dos trabalhadores e armazenamento de equipamentos de suporte a atividade.
Localização
O terreno escolhido deve estar bem posicionado em relação à sede e às
invernadas, visando à facilidade de acesso e manejo. A localização no centro da propriedade, antecedendo a construção de cercas e outras benfeitorias, é a
melhor opção. Com bom planejamento, é possível garantir o fácil acesso dos
animais ao curral. O local deve ser firme e seco, preferencialmente plano, não sujeito à erosão. O terreno geralmente necessita ter uma inclinação de até 5% para que permita o escoamento das águas pluviais, este fato impede a formação de lamaceiros onde o gato fica com maior frequência pisoteando.
Toda a vegetação deve ser removida para melhor manuseio dos animais e acrescentada uma camada de piçarra em toda a área inclusive uma porção em volta do curral e local de embarcação dos animais seguida de compactação.
 Dimensionamento
A capacidade total do curral é calculada, levando-se em conta a relação
de 2 m2/UA. Outras benfeitorias, que devem ser construídas anexas ao
curral (curralão, manga de recolhida, piquetes, etc.), além de facilitar o
manejo e acesso ao interior do mesmo, permitem ampliar, com instalações simples, a capacidade de reunir animais que serão trabalhados em lotes.
O material mais usado na construção é a madeira, que deve ser de grande
durabilidade, necessitando, para isso, de frequentes tratamentos de
preservação. Atualmente, os currais modernos são construídos com
mourões de madeira e cabos de aço galvanizado, próprios para esse fim,
encontrados no comércio com a denominação de “cordoalha”.
Os currais construídos com cabos de aço são mais duráveis, seguros e de menor
preço por m² do que os construídos totalmente de madeira, tendo também
menor custo de manutenção.  Currais bem construídos, principalmente aqueles denominados de currais anti-estresse, construídos em alvenaria não apresentando cantos, evita agressões e consequentemente, diminuindo o tempo de permanência dos animais nesse ambiente. Modelos de currais bem planejados reduz a perda de peso dos animais e evita escoriações nos animais que danifica o couro.
Bem estar
Com o avanço das pesquisas na área de bem estar animal, foi possível observar que animais que estão submetidos a grande estresse tendem a apresentar rendimentos inferiores aqueles que estão em condições apropriadas. Um dos quesitos básicos está em melhorar o conforto térmico desses animais. Alguns autores preconizam que a área de sombra necessária por animal adulto é de 1,8 a 3,5m² em locais de clima seco e de 4 a 6 m² em locais de clima úmido. Para bezerros essa área é de 1,5 m² e a altura dessa sombra necessita ser de pelo menos 3,5metros, isso ajuda na circulação de ar e consequentemente diminuindo a temperatura.
Normalmente são utilizados sombras naturais que já estão na propriedade, árvores frondosas de folhas perenes devem ter uma altura mínima de 3,5 metros e fornecem uma sombra de até 20m² permitem uma boa ventilação que auxilia na secagem do solo e frutos.
Os cochos geralmente podem ser dispostos em locais com boa sombra deixando os animais tranquilos e em bem estar quando for consumir o suplemento. O tipo de sombra natural ou artificial não importa desde que esta seja perene, alta e que suas folhas e frutos não sejam tóxicos, esse fator necessita ser observado uma vez que apesar dos animais serem seletivos quanto a sua alimentação, em épocas de escassez acabam ingerindo essas folhas e frutos e intoxicando.
Em sistemas intensivos geralmente os animais recebem sombra artificial proporcionada pelas instalações, porém, alguns cuidados técnicos precisam ser observados a fim de realmente promover bom conforto térmico aos animais. A altura do pé direito tem íntima relação com a capacidade de circulação de ar, bem como o tipo de telha utilizada para cobrir as instalações, hoje já é conhecido que telhas de barro apesar de ser mais caras é a melhor opção de cobertura para manter o conforto térmico desses animais, há uma menor irradiação de calor para o interior dessa instalação. A direção da construção também precisa ser observada para ser construída com a comunheira na direção leste oeste, para que no horário de maior incidência solar esteja em cima do telhado, e não nas suas laterais.
Esses ambientes não podem ficar completamente isentos de incidência solar, pois o sol além de secar o interior das instalações ajuda na eliminação de uma diversidade de agentes patogênicos como fungos, bactérias, parasitos que se proliferam e sobrevivem em matéria orgânica e úmida. Se o produtor não tiver esse conhecimento, provavelmente haverá uma grande variedade de problemas de instalações e os seus custos com manutenção e sanidade do rebanho poderá tornar a atividade menos rentável, por este motivo, é sempre aconselhado, antes de iniciar as construções, recorrer a uma ajuda técnica para evitar esse tipo de intempéries.
Alguns mecanismos para melhorar o clima local das instalações estão sendo implantados em sistemas intensivos a fim de reduzir o estresse calórico desses animais e melhorar o seu desempenho. A ventilação forçada do ar é um dos métodos utilizados que promovem uma circulação e renovação do ar, quando isso ocorre, a temperatura do interior da instalação diminui melhorando suas condições de bem estar. O único problema desse tipo de mecanismo está no seu custo de implantação e também no gasto de eletricidade, tornando a atividade menos rentável e com maior custo de produção, porém, pode ser uma vantagem, haja vista que a produtividade desses animais é superior aqueles que não recebem esse tipo de tratamento.
Outro mecanismo bastante utilizado é o resfriamento do ambiente pela água, chamado de “sprinkling” que são instalados no teto dos galpões aspersores automáticos que de certa forma pulverizam água, reduzindo a temperatura do ambiente. A temperatura do ar ultrapassa de 26 a 27ºC umidade e a relativa do ar abaixo de 70% a 24ºC a aspersão pode acontecer a cada 10 segundos, promovendo melhor ambiente aos animais. Assim como a ventilação forçada do ar o custo desse tipo de equipamento podem tornar oneroso seu investimento.
Abrigos permanentes
Os abrigos permanentes são locais em que os animais utilizam para se esconder da chuva ou do sol, deve ser aberto lateralmente e a orientação deve ser leste-oeste e os comedouros e bebedouros devem ser sombreados durante todo o dia, devem possuir uma altura mínima de 3 metros e largura de ate 15 metros e mínimo de 12 metros. O piso deverá ser em concreto reforçado com no mínimo 10cm de espessura e um declive até 2%, isso evita a formação de buracos pelo pisoteio dos animais e também a formação de lamas pois o declive proporciona o escoamento da água da chuva.
O teto deve ter alta refletividade e baixa condutividade, podendo ser pintado de branco para potencializar essa reflexibilidade, a baixa condutividade evita a emissão de calor para o interior das instalações.
Esses locais devem proporcionar aos animais uma área animal de 4,2m² e o telhado deverá ter um formato de “A” para instalações de duas águas.  A declividade deverá ser de 33% para coberturas em telhas de barro, chapa galvanizada ou alumínio pintado de branco. No meio deverá ter uma abertura ou lanternin ao longo do cume com um tamanho de até 30 cm, essa estrutura promove um efeito de chaminé, por onde o ar quente do interior da instalação sai. Área de descanso central no Free Stall com celas individuais e os espaços entre os cochos deve ser de 0,66 a 0,75m/animal.
Baias de Descanso
As baias de descanso as dimensões deverão ser de acordo com o peso dos animais e deve permitir conforto na entrada e saída dos animais evitando o posicionamento incorreto dos animais que devem defecar no corredor, quando as baias são confortáveis estimulam o seu uso em vez dos corredores.
Camas
Ajudam a manter os animais limpos e minimiza os traumatismos e estresse, estes devem ser duráveis e minimizar as necessidades de manutenção sem sacrificar o conforto do animais e claro, estas devem ser confortáveis. As camas tem como função de absorção de umidade, e reduzir a quantidade de esterco diminuindo os custos na manutenção. Os produtores tem a disposição de camas orgânicas como palhadas, serragens, feno, raspa de madeira, papel picado, e as camas inorgânicas como colchões de borracha, tapetes de borracha e areia que podem ser manejadas sendo reposta quando esta for suja com fezes dando a possibilidade de retirar apenas a porção suja.
Cochos
Deve ser de fácil acesso pelos animais e se for cochos ao longo da cerca deve permitir que o acesso dos animais seja por apenas um único lado, deve oferecer 0,7m linear por animal e largura de 0,6m e profundidade de até 0,4m e a altura do bordo deve ser de até 0,7m.
Quando o cocho fica dentro do curral este deve apresentar dimensões de 0,35m linear por cada animal e uma largura de 0,8 a 1m e profundidade 0,35 a 0,4m e altura em relação ao solo deve ser de 0,7m. Os chochos lineares podem ser individualizados através de barras, organizando o momento da alimentação dos animais.
Algumas propriedades cujo sistema de criação seja  extensiva ou semi-intensiva e que os animais ficam à pasto, podem contar com um cocho móvel, a vantagem desse tipo de cocho é que pode ser mudado de local de acordo com a necessidade, principalmente em sistemas que usam a rotação de pastagem, evita gastos com a fabricação de um cocho para cada local e ainda evita que o pisoteio dos animais ao redor do cocho e que faça buracos e lamaceiros.
Água
Um dos maiores problemas das propriedades, podem ser representada pela água que deve ser de qualidade, os bebedouros devem receber manutenção das boias para que os animais não fique sem água, e devem ser higienizados todas as vezes que há acúmulo de lodo e turvação da água e presença de fezes. Podem ser construídos em alvenaria e apresentar diversos formatos. É importante ressaltar que por ser um local de pisoteio dos animais, o seu bordo deve ser em alvenaria reforçada para que não faça buracos e lamas ao redor do cocho.
Sala de espera para ordenha
Deve ser um local tranquilo e confortável para que as vacas leiteiras não esconda o leite por causa do estresse. Não precisa ser de alta tecnologia, mas deve ser funcional e limpo livre de contato com lama para evitar a sujar as tetas. As salas de ordenha deve ser um local onde os animais possa ser manuseado com tranquilidade e os equipamentos utilizados deve ser higienizados com frequência a fim de manter a qualidade do produto.
Existem diversos tipos de salas de ordenhas que precisam responder a necessidade da propriedade, precisam em todos os casos de um fosso onde fica o ordenhador ou os equipamentos da ordenha mecânica, deve ser revestido em cerâmica branca que auxilia na visualização de sujidades e posterior limpeza do local. Deve haver acesso fácil a água para realizar a limpeza todos os dias após o término da ordenha diária. Essa água precisa ser de boa qualidade pois, a lavagem dos equipamentos também precisam oferecer segurança microbiológica, evitando assim uma maior contaminação do leite.
Bezerreiros
As instalações dos bezerros leiteiros devem ser próximo a residência do caseiro para que seja facilitado o manejo desses animais que precisam receber o leite todos os dias. Podem ser abrigos confinados individuais ou coletivos, podendo ainda ser em galpões ou a pasto. Pode ser um local com presença de matéria vegetal de boa qualidade para que o animal já inicie a alimentação. Indica-se ser longe da sala de ordenha, pois a presença do bezerro próximo da mãe poderá interferir no processo de desmame e causar estresse na vaca por querer ir amamentar a cria. Algumas propriedades utilizam pequenas cabanas onde é ofertado o leite no balde e a suplementação desse animal com outros tipos de alimentos, ainda serve para proteção da chuva, sol, frio e dos ventos, deve ser constantemente observado pelo caseiro a fim de imediatamente intervir em situações de necessidade.
Conclusões:

As instalações devem ser bem planejadas a fim de fornecer o máximo de conforto aos animais proporcionando uma movimentação tranquila, contenção rápida e pratica em momentos de necessidade. Deve proporcionar capacidade de expansão em situações de necessidade, ser de fácil higienização, evitar que os animais sofram traumatismos e que previna as fugas dos animais.