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quinta-feira, 23 de junho de 2016

INSTALAÇÕES PARA BOVINOS


INTRODUÇÃO

Apesar do Brasil ser um grande produtor de carne bovina e possuir grande representatividade no mundo, ainda necessita aperfeiçoar sua produção e utilizar de forma mais eficiente os recursos disponíveis para o desenvolvimento dessa atividade.
As instalações utilizadas para o manejo do rebanho necessitam ser adequadas bem planejadas e construídas de forma a auxiliar na exploração agropecuária. O tipo de instalação depende do sistema de criação que o produtor pretende trabalhar, temos como exemplo, as instalações utilizadas em explorações intensivas que necessitam obedecer as necessidades inerentes desse tipo de exploração, sendo mais específicas e mais elaborada. Quando se trata de uma pecuária extensiva, esse tipo de instalação já não necessita ser tão sofisticada, mas precisa ser eficiente e responder as necessidades desse tipo de produção.
As instalações precisam proporcionar proteção aos animais bem como conferir certo conforto aos animais, além de oferecer segurança, necessita ser um local saudável para manter a integridade desses animais. Quando as instalações obedecem essas características, principalmente aqueles que estão ligadas a sanidade, o ambiente fica livre de patógenos e proporciona aos animais melhor desempenho na produção do rebanho.
Quando as instalações passam por um planejamento antes de ser implantada ao sistema de produção, o criador de gado deve estar ciente da necessidade de minimizar o impacto da atividade agropecuária sobre o meio ambiente. Hoje os impactos ambientais em relação pecuária em geral, são muito evidentes e a escassez de recursos naturais, tem atingido essa atividade de forma muito profusa, reduzindo o potencial de produção e gerando maior custo na produção desses animais.
O não cumprimento dos princípios básicos das instalações gera uma diversidade de efeitos negativos na produção animal. É possível observar que os animais ficam submetidos a um estresse, que afeta negativamente em todas as funções fisiológicas do proporcionando um consumo menor quantidade de alimentos, diminui a ingestão de matéria seca, consomem menos energia, não descansam adequadamente e compromete a sanidade do rebanho, isso ocorre porque o cortisol que é um hormônio ligado ao estresse, provoca uma diversidade de alterações negativas na fisiologia do animal, e uma delas é a imunossupressão dos animais deixando-os susceptíveis a sofrer qualquer tipo de patologia, desde problemas de pele, infecções bacterianas, virais e fúngicas, bem como animais em reprodução e lactação tem seu desempenho diminuído.
Planejamento das instalações
Antes de qualquer planejamento de instalação, o pecuarista precisa ter definido o sistema de produção que sua empresa vai adotar. Isso é importante, pois cada um desses sistemas irá necessitar de um tipo de investimento diferente, uns mais sofisticados e outros mais simples, porém ambos precisam ser eficientes e proporcionar utilidade ao criador.
Se o sistema de produção for extensivo, é necessário que as instalações contenham uma unidade para ordenha, tratamento dos animais além de piquetes e currais que farão o suporte ao manejo desses animais. Se o sistema for semi - intensivo as instalações precisam fornecer uma unidade para ordenha, tratamento dos animais e as construções deverão ser voltadas para a conservação e fornecimento de alimentos para esses animais, bem como meio de acesso desses animais à pastagem sem maiores dificuldades.
Quando o sistema for intensivo, as instalações precisam contar com  unidade de ordenha, tratamento dos animais, construções devem estar voltadas para o fornecimento de alimento a esses animais pois os mesmos estão confinados e obrigatoriamente esse fornecimento de alimento precisa ser eficiente regular e de boa qualidade já que os animais não tem acesso a pastagem. A limpeza dos dejetos também é um fator importante a se considerar nesse tipo de criação, uma vez que essa matéria se acumula e pode trazer prejuízos sanitários aos animais. O criador não pode esquecer que a mão de obra nesses casos é indispensável, sendo necessária uma vigilância integral aos animais e regularidade no manejo.
Definição do sistema de Produção
Definido o sistema de produção o criador necessita realizar o planejamento das instalações levando em consideração o sistema, capacidade, planejamento de crescimento e não pode deixar de considerar as características da área como o tipo de solo da sua propriedade, topografia do terreno, distribuição eficiente das aguadas e também as instalações já existentes na propriedade a fim de utilizar essas benfeitorias e colocar cada uma delas em um mapa contendo o máximo possível de detalhes.
A construção e adequações das instalações existentes deverão ser elaboradas por profissionais qualificados para que não ocorra falhas na implantação do projeto o que levaria a um prejuízo futuro por que na maioria das vezes essas construções sem acompanhamento técnico adequado estão fora dos padrões indicados de segurança, conforto térmico, logística, acessibilidade, eficiência,  capacidade etc.
Aspectos zootécnicos das instalações Curral
Os componentes do curral permitem a realização, com eficiência, segurança e
conforto, de todas as práticas necessárias ao trato do gado, como: apartação, marcação e identificação, descorna, vacinação, embarque e desembarque, castração e pequenas cirurgias, exames ginecológicos e inseminação artificial, combate a endo e ectoparasitos, coleta de tecidos animais.
O manejo dos animais torna se fácil quando o criador conta as instalações de um curral bem planejado. O curral pode ser construído próximo a sede da fazenda ou então secundário localizado em retiros no caso de grandes fazendas. Um curral completo apresenta divisões de brete, tronco, seringa, banheiro carrapaticida, maternidade, bezerreiro, estábulo, balança e rampa de embarque. Já um curral secundário possui apenas brete, seringa e divisões.
O formato é muito variável de retangular a redondo, mas ambos precisam apresentar uma área de serviço coberta para abrigo dos trabalhadores e armazenamento de equipamentos de suporte a atividade.
Localização
O terreno escolhido deve estar bem posicionado em relação à sede e às
invernadas, visando à facilidade de acesso e manejo. A localização no centro da propriedade, antecedendo a construção de cercas e outras benfeitorias, é a
melhor opção. Com bom planejamento, é possível garantir o fácil acesso dos
animais ao curral. O local deve ser firme e seco, preferencialmente plano, não sujeito à erosão. O terreno geralmente necessita ter uma inclinação de até 5% para que permita o escoamento das águas pluviais, este fato impede a formação de lamaceiros onde o gato fica com maior frequência pisoteando.
Toda a vegetação deve ser removida para melhor manuseio dos animais e acrescentada uma camada de piçarra em toda a área inclusive uma porção em volta do curral e local de embarcação dos animais seguida de compactação.
 Dimensionamento
A capacidade total do curral é calculada, levando-se em conta a relação
de 2 m2/UA. Outras benfeitorias, que devem ser construídas anexas ao
curral (curralão, manga de recolhida, piquetes, etc.), além de facilitar o
manejo e acesso ao interior do mesmo, permitem ampliar, com instalações simples, a capacidade de reunir animais que serão trabalhados em lotes.
O material mais usado na construção é a madeira, que deve ser de grande
durabilidade, necessitando, para isso, de frequentes tratamentos de
preservação. Atualmente, os currais modernos são construídos com
mourões de madeira e cabos de aço galvanizado, próprios para esse fim,
encontrados no comércio com a denominação de “cordoalha”.
Os currais construídos com cabos de aço são mais duráveis, seguros e de menor
preço por m² do que os construídos totalmente de madeira, tendo também
menor custo de manutenção.  Currais bem construídos, principalmente aqueles denominados de currais anti-estresse, construídos em alvenaria não apresentando cantos, evita agressões e consequentemente, diminuindo o tempo de permanência dos animais nesse ambiente. Modelos de currais bem planejados reduz a perda de peso dos animais e evita escoriações nos animais que danifica o couro.
Bem estar
Com o avanço das pesquisas na área de bem estar animal, foi possível observar que animais que estão submetidos a grande estresse tendem a apresentar rendimentos inferiores aqueles que estão em condições apropriadas. Um dos quesitos básicos está em melhorar o conforto térmico desses animais. Alguns autores preconizam que a área de sombra necessária por animal adulto é de 1,8 a 3,5m² em locais de clima seco e de 4 a 6 m² em locais de clima úmido. Para bezerros essa área é de 1,5 m² e a altura dessa sombra necessita ser de pelo menos 3,5metros, isso ajuda na circulação de ar e consequentemente diminuindo a temperatura.
Normalmente são utilizados sombras naturais que já estão na propriedade, árvores frondosas de folhas perenes devem ter uma altura mínima de 3,5 metros e fornecem uma sombra de até 20m² permitem uma boa ventilação que auxilia na secagem do solo e frutos.
Os cochos geralmente podem ser dispostos em locais com boa sombra deixando os animais tranquilos e em bem estar quando for consumir o suplemento. O tipo de sombra natural ou artificial não importa desde que esta seja perene, alta e que suas folhas e frutos não sejam tóxicos, esse fator necessita ser observado uma vez que apesar dos animais serem seletivos quanto a sua alimentação, em épocas de escassez acabam ingerindo essas folhas e frutos e intoxicando.
Em sistemas intensivos geralmente os animais recebem sombra artificial proporcionada pelas instalações, porém, alguns cuidados técnicos precisam ser observados a fim de realmente promover bom conforto térmico aos animais. A altura do pé direito tem íntima relação com a capacidade de circulação de ar, bem como o tipo de telha utilizada para cobrir as instalações, hoje já é conhecido que telhas de barro apesar de ser mais caras é a melhor opção de cobertura para manter o conforto térmico desses animais, há uma menor irradiação de calor para o interior dessa instalação. A direção da construção também precisa ser observada para ser construída com a comunheira na direção leste oeste, para que no horário de maior incidência solar esteja em cima do telhado, e não nas suas laterais.
Esses ambientes não podem ficar completamente isentos de incidência solar, pois o sol além de secar o interior das instalações ajuda na eliminação de uma diversidade de agentes patogênicos como fungos, bactérias, parasitos que se proliferam e sobrevivem em matéria orgânica e úmida. Se o produtor não tiver esse conhecimento, provavelmente haverá uma grande variedade de problemas de instalações e os seus custos com manutenção e sanidade do rebanho poderá tornar a atividade menos rentável, por este motivo, é sempre aconselhado, antes de iniciar as construções, recorrer a uma ajuda técnica para evitar esse tipo de intempéries.
Alguns mecanismos para melhorar o clima local das instalações estão sendo implantados em sistemas intensivos a fim de reduzir o estresse calórico desses animais e melhorar o seu desempenho. A ventilação forçada do ar é um dos métodos utilizados que promovem uma circulação e renovação do ar, quando isso ocorre, a temperatura do interior da instalação diminui melhorando suas condições de bem estar. O único problema desse tipo de mecanismo está no seu custo de implantação e também no gasto de eletricidade, tornando a atividade menos rentável e com maior custo de produção, porém, pode ser uma vantagem, haja vista que a produtividade desses animais é superior aqueles que não recebem esse tipo de tratamento.
Outro mecanismo bastante utilizado é o resfriamento do ambiente pela água, chamado de “sprinkling” que são instalados no teto dos galpões aspersores automáticos que de certa forma pulverizam água, reduzindo a temperatura do ambiente. A temperatura do ar ultrapassa de 26 a 27ºC umidade e a relativa do ar abaixo de 70% a 24ºC a aspersão pode acontecer a cada 10 segundos, promovendo melhor ambiente aos animais. Assim como a ventilação forçada do ar o custo desse tipo de equipamento podem tornar oneroso seu investimento.
Abrigos permanentes
Os abrigos permanentes são locais em que os animais utilizam para se esconder da chuva ou do sol, deve ser aberto lateralmente e a orientação deve ser leste-oeste e os comedouros e bebedouros devem ser sombreados durante todo o dia, devem possuir uma altura mínima de 3 metros e largura de ate 15 metros e mínimo de 12 metros. O piso deverá ser em concreto reforçado com no mínimo 10cm de espessura e um declive até 2%, isso evita a formação de buracos pelo pisoteio dos animais e também a formação de lamas pois o declive proporciona o escoamento da água da chuva.
O teto deve ter alta refletividade e baixa condutividade, podendo ser pintado de branco para potencializar essa reflexibilidade, a baixa condutividade evita a emissão de calor para o interior das instalações.
Esses locais devem proporcionar aos animais uma área animal de 4,2m² e o telhado deverá ter um formato de “A” para instalações de duas águas.  A declividade deverá ser de 33% para coberturas em telhas de barro, chapa galvanizada ou alumínio pintado de branco. No meio deverá ter uma abertura ou lanternin ao longo do cume com um tamanho de até 30 cm, essa estrutura promove um efeito de chaminé, por onde o ar quente do interior da instalação sai. Área de descanso central no Free Stall com celas individuais e os espaços entre os cochos deve ser de 0,66 a 0,75m/animal.
Baias de Descanso
As baias de descanso as dimensões deverão ser de acordo com o peso dos animais e deve permitir conforto na entrada e saída dos animais evitando o posicionamento incorreto dos animais que devem defecar no corredor, quando as baias são confortáveis estimulam o seu uso em vez dos corredores.
Camas
Ajudam a manter os animais limpos e minimiza os traumatismos e estresse, estes devem ser duráveis e minimizar as necessidades de manutenção sem sacrificar o conforto do animais e claro, estas devem ser confortáveis. As camas tem como função de absorção de umidade, e reduzir a quantidade de esterco diminuindo os custos na manutenção. Os produtores tem a disposição de camas orgânicas como palhadas, serragens, feno, raspa de madeira, papel picado, e as camas inorgânicas como colchões de borracha, tapetes de borracha e areia que podem ser manejadas sendo reposta quando esta for suja com fezes dando a possibilidade de retirar apenas a porção suja.
Cochos
Deve ser de fácil acesso pelos animais e se for cochos ao longo da cerca deve permitir que o acesso dos animais seja por apenas um único lado, deve oferecer 0,7m linear por animal e largura de 0,6m e profundidade de até 0,4m e a altura do bordo deve ser de até 0,7m.
Quando o cocho fica dentro do curral este deve apresentar dimensões de 0,35m linear por cada animal e uma largura de 0,8 a 1m e profundidade 0,35 a 0,4m e altura em relação ao solo deve ser de 0,7m. Os chochos lineares podem ser individualizados através de barras, organizando o momento da alimentação dos animais.
Algumas propriedades cujo sistema de criação seja  extensiva ou semi-intensiva e que os animais ficam à pasto, podem contar com um cocho móvel, a vantagem desse tipo de cocho é que pode ser mudado de local de acordo com a necessidade, principalmente em sistemas que usam a rotação de pastagem, evita gastos com a fabricação de um cocho para cada local e ainda evita que o pisoteio dos animais ao redor do cocho e que faça buracos e lamaceiros.
Água
Um dos maiores problemas das propriedades, podem ser representada pela água que deve ser de qualidade, os bebedouros devem receber manutenção das boias para que os animais não fique sem água, e devem ser higienizados todas as vezes que há acúmulo de lodo e turvação da água e presença de fezes. Podem ser construídos em alvenaria e apresentar diversos formatos. É importante ressaltar que por ser um local de pisoteio dos animais, o seu bordo deve ser em alvenaria reforçada para que não faça buracos e lamas ao redor do cocho.
Sala de espera para ordenha
Deve ser um local tranquilo e confortável para que as vacas leiteiras não esconda o leite por causa do estresse. Não precisa ser de alta tecnologia, mas deve ser funcional e limpo livre de contato com lama para evitar a sujar as tetas. As salas de ordenha deve ser um local onde os animais possa ser manuseado com tranquilidade e os equipamentos utilizados deve ser higienizados com frequência a fim de manter a qualidade do produto.
Existem diversos tipos de salas de ordenhas que precisam responder a necessidade da propriedade, precisam em todos os casos de um fosso onde fica o ordenhador ou os equipamentos da ordenha mecânica, deve ser revestido em cerâmica branca que auxilia na visualização de sujidades e posterior limpeza do local. Deve haver acesso fácil a água para realizar a limpeza todos os dias após o término da ordenha diária. Essa água precisa ser de boa qualidade pois, a lavagem dos equipamentos também precisam oferecer segurança microbiológica, evitando assim uma maior contaminação do leite.
Bezerreiros
As instalações dos bezerros leiteiros devem ser próximo a residência do caseiro para que seja facilitado o manejo desses animais que precisam receber o leite todos os dias. Podem ser abrigos confinados individuais ou coletivos, podendo ainda ser em galpões ou a pasto. Pode ser um local com presença de matéria vegetal de boa qualidade para que o animal já inicie a alimentação. Indica-se ser longe da sala de ordenha, pois a presença do bezerro próximo da mãe poderá interferir no processo de desmame e causar estresse na vaca por querer ir amamentar a cria. Algumas propriedades utilizam pequenas cabanas onde é ofertado o leite no balde e a suplementação desse animal com outros tipos de alimentos, ainda serve para proteção da chuva, sol, frio e dos ventos, deve ser constantemente observado pelo caseiro a fim de imediatamente intervir em situações de necessidade.
Conclusões:

As instalações devem ser bem planejadas a fim de fornecer o máximo de conforto aos animais proporcionando uma movimentação tranquila, contenção rápida e pratica em momentos de necessidade. Deve proporcionar capacidade de expansão em situações de necessidade, ser de fácil higienização, evitar que os animais sofram traumatismos e que previna as fugas dos animais.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

MÉTODOS DE ENSILAGEM E FENAÇÃO

1. INTRODUÇÃO
        O Brasil é um país com grande capacidade de produção de derivados de origem animal, possui uma grande extensão territorial, alta incidência solar e períodos de chuvas relativamente constantes nas diversas regiões que proporcionam ao setor agropecuário, alternativas capazes de driblar falta de alimentos para criação de animais nos períodos de estiagem.  A produção de forragem e sua otimização para a alimentação do rebanho, é uma realidade que tem sido recorrente e importante, ao levar em consideração a estacionalidade dessa produção.  Grande parte dos pecuaristas utiliza o método extensivo de criação, porém, sofrem sérios prejuízos com períodos de estiagem e o fenômeno da safra e entressafra que eleva o valor da compra do alimento nesse período, encarecendo o produto final, perdendo então sua competitividade de mercado (EVANGELISTA, 2004).
        Com o intuito de minimizar esses problemas e, sobretudo fornecer aos animais alimentos durante esse período seco, desenvolveram-se técnicas de estocagem e conservação de forragens. Esse método consiste basicamente em realizar cortes do volumoso na época em que há uma grande disponibilidade de alimento, geralmente na época das chuvas, e armazená-los através da técnica de fenação ou ensilagem, para atravessar o período seco ou de estiagem (CASTRO, 2002).
        A maioria das forragens pode passar pelo processo de ensilagem sem perder suas composições nutritivas, porém, algumas apresentam características ideais para serem utilizadas nesse processo, enquanto que aquelas forragens que possuem teor de matéria seca inferior a 21% e carboidratos solúveis inferiores a 2,2% pode concorrer à perda do alimento processado, haja vista que a fermentação, o apodrecimento do material, desenvolvimento de fungos, podem colocar em risco a qualidade e o valor nutritivo do feno e a integridade do mesmo. (PEREIRA & REIS, 2001).

2. FENAÇÃO
        Sendo considerado um dos melhores recursos para alimentação dos animais em períodos de estiagem e produto de escolha para os pecuaristas que desejam manter a produção de leite quanto de carne em períodos onde a oferta de alimento é escassa e pela facilidade do manejo. Os animais domésticos (Equinos, bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos) particularmente apreciam o alimento, principalmente se este apresentar uma boa qualidade (ANDRADE, 1999). 
vacas leiteiras sendo alimentadas com feno

         O nordeste brasileiro assim como diversas regiões do Brasil, apresentam grande potencial para a produção de feno ao considerar a incidência solar, alta temperatura e baixa umidade relativa dor ar, (exceção feita às regiões litorâneas, Amazônia e também propriedades próximas às grandes barragens ou reservatórios de água, que possui alta umidade Relativa do ar (UR) que pode prejudicar a produção de feno), que constitui alternativas recomendáveis e que pode ser associada a programas de manejo de pastagens visando estocar o excedente de pasto produzido no período das chuvas (PEREIRA & REIS, 2001).

Fardo de feno

        Para manter o bom desenvolvimento dos animais no período seco fornecendo-lhe alimentos desidratados, como o feno, é indispensável que este seja de boa qualidade, porém, sabe-se que as pastagens disponíveis para essa técnica de armazenamento não contém em proporções ideais dos nutrientes necessários e essenciais capazes de suprir todos os requisitos nutricionais dos animais. Desta maneira é indispensável que o planejamento da fenação esteja embasado, principalmente, na qualidade da forragem que se deseja aplicar à técnica de fenação, esta, necessariamente precisa ter um alto valor nutritivo no período de chuvas/verão para posteriormente os animais usufruírem deste recurso alimentício durante o período seco que possui menor disponibilidade de forragens e consumir um feno de valor nutritivo equiparável à forragem de origem (EVANGELISTA et al, 2004).
Corte mecanizado da forragem
        Por ser uma técnica versátil, a fenação ou conservação de forragens na forma de feno, tem se destacado por apresentar diversas vantagens, dentre as quais as pequenas alterações no seu valor nutritivo e por existir uma diversificada quantidade de espécies de forrageiras que podem ser utilizadas para esse princípio. Essa técnica pode ser utilizada por qualquer produtor e pode ser efetuada em grande ou pequena escala, dependendo da capacidade de produção da forrageira no período de chuvas e de seu armazenamento, pode ser fornecido aos animais de forma mecanizada ou não, dependendo da necessidade de cada propriedade.  O manejo correto das pastagens permite aproveitar os períodos em que as forrageiras estão em crescimento acelerado e realizar a fenação. As forragens indicadas para esse processo são as gramíneas que possuem uma produtividade relativamente elevada, alta qualidade nutritiva, e por apresentar características como área foliar grande, bem como maior número de folhas por planta e colmos finos que possibilita uma secagem uniforme. Devem apresentar resistência aos cortes, manejo facilitado para sua colheita e plantação. As espécies mais utilizadas são representadas pelo, Tifton, “coast-cross”, Gramão e também a área foliar da mandioca tem sido amplamente empregada na produção de feno entre outras.
Fenos em fardos

        O princípio básico desta técnica é a conservação do valor nutritivo da forragem e também a sua palatabilidade, através da interferência na atividade respiratória, por meio da rápida desidratação da forragem e dos micro-organismos que ali residem. A secagem e o armazenamento associada às condições climáticas são fatores que influenciam diretamente na qualidade do feno produzido (ANDRADE, 1999).   
        Cavalcante (2004), elabora algumas regras básicas para realizar a fenação, alguns passos de suma importância que vão desde a escolha da espécie até o seu armazenamento, que influencia na qualidade do produto. Segundo a autora a escolha da espécie, deve estar relacionada à sua produtividade, qualidade e quantidade de nutrientes da planta, sua resistência aos cortes mecânicos ou manuais. Cita ainda o preparo do terreno para produção do feno, que se recomenda a destinação de uma determinada área somente para a produção do feno, ou ainda ao final das chuvas fazer cortes daquelas forragens que apresentam excedentes com o auxílio de roçadeiras.
Corte manual do feno

        O ponto de corte sem dúvida é um requisito importante para manter a planta com vida, e conhecer a altura dos cortes de cada espécie pode evitar desperdício da forrageira que poderia ser colhida e também mantê-las vivas. Os capins de crescimento prostrado como Brachiaria, Cynodon, Digitaria, podem receber cortes a uma altura de 10 a 15 cm, plantas de crescimento ereto como Avena, Hyparrhenia, Panicum essa altura do corte varia em torno de 20 a 30 cm. As leguminosas, como a alfafa, utiliza-se 8 a 10 cm do nível do solo, visto que o segredo do corte dessa leguminosa é preservar a coroa desta planta (REIS, 2001).
        Recomenda-se a realização dos cortes pela manhã, após a secagem do orvalho, para que a forragem murche o mais rápido possível, e perca seu teor de umidade em um menor período de tempo. Há diversos mecanismos para realização do corte, pode ser de forma manual ou mecânica, a forma manual é recomendada desde que a quantidade de feno seja pequena, e poderá ser realizado com roçadeira costal motorizada, alfanje, ou motossegadeira manual. A forma mecânica de fenação é indicada para produção em quantidades grandes de feno, para isso usa-se a segadeira que realiza o corte da forrageira e o espalhar. A enleiragem é geralmente feita com ancinho. O processo de secagem também pode ser realizado de duas formas, a artesanal e a mecanizada, as forragens quando cortadas apresentam um teor de umidade de 75 a 85% que ao final de todo o processo esse índice deve diminuir para níveis inferiores a 20%. A uniformização da secagem e aceleração do processo pode ser realizada com a viragem da forragem cortada pelo menos duas vezes ao dia, o método artesanal utilizado para este processo é realizado com o auxílio de um garfo ou alguma ferramenta semelhante que produza o mesmo resultado.
        A forma mecanizada de secagem, o ancinho é utilizado na viragem da forragem, enleira-se a forragem que apresenta baixa umidade, e no dia seguinte após a evaporação do orvalho novamente realiza a viragem dessas leiras, tendo o cuidado de mantê-las sempre frouxas para permitir a circulação de ar em seu interior, e consequentemente melhor perda de umidade.
        Considera-se que o feno está no seu ponto ideal quando não há mais umidade nos entrenós dos caules das forragens. Alguns testes podem ser realizados apertando essas regiões dos entrenós e torcendo uma porção de forragem, e caso haja surgimento de água, recomenda-se secar por um período em que, após a realização novamente desse teste, não saia água do feno. Pode ocorrer de a forragem passar do ponto de feno ideal, e tornar-se quebradiça, isso ocorre pela secagem em excesso, se isto ocorrer o feno produzido terá uma qualidade inferior ao esperado. O armazenamento deve ser feito em local seco e fresco, sem incidência direta do sol, caso contrário poderá ocorrer perda do valor nutritivo, pode ser armazenado em fardos produzidos mecanicamente, através de equipamentos específicos, em sacos, ou realizar o enfardamento através de uma prensa artesanal que obtêm excelentes resultados. Ao final desse processo, o feno precisa apresentar um aspecto esverdeado, livres de fungos e odor agradável (ANDRADE, 1999).
Característica de um bom feno
Fardos de feno





3. ENSILAGEM
        Assim como a fenação, a ensilagem é um processo de conservação de forragens que visa ao final do processo a preservação das características nutritivas da planta utilizada, minimizando as perdas desses nutrientes até o consumo final desse alimento.      A conversão dos carboidratos solúveis em ácidos orgânicos através da ação dos microrganismos láticos é o ponto básico dessa técnica. Portanto, para que isso ocorra de forma eficiente, é necessário criar um ambiente anaeróbico que seja capaz de otimizar essa conversão, mantendo níveis de pH dentro dos limites necessários para produção da silagem. É importante tomar conhecimento que na forragem fresca cerca de 75 a 90% do nitrogênio total encontra-se na forma de proteína, que constitui os peptídeos, amidas, aminoácidos livres, clorofila e nucleotídeos, esse fato determina que aproximadamente 40 a 60% do nitrogênio proteico seja solubilizado em compostos nitrogenados não proteicos por intermédio de uma proteólise intensiva que ocorre durante a ensilagem. A redução do pH e o aumento do conteúdo de MS tem efeito direto na extensão da proteólise sofrida pela forragem,  sendo importante a diminuição do pH de forma rápida, principalmente em forragens que possui teores altos de proteínas, como exemplo a alfafa, cuja enzimas proteolíticas passam a ser inibidas assim que o pH tenha uma redução de 4,5 a 4,0. (PEREIRA, REIS, 2001)
Corte e picamento da silagem

        A fermentação secundária, poder tampão de algumas forragens, teor de matéria seca e carboidratos solúveis inferiores a 21 e 2,2% respectivamente, são fatores limitantes na produção da silagem e que necessariamente precisam da utilização de recursos capazes de modificar essa situação. A elaboração de uma silagem pode estar pautada em alguns cuidados capazes de fornecer ao produtor subsídios e conhecimento suficiente para produzir uma trincheira, um silo cincho, silo vertical, silo de superfície etc. com qualidade e armazená-la por muito tempo.

        Dentre esses cuidados destaca-se o planejamento de todas as etapas que precisam ser seguidas até o final do processo. A escolha da forrageira que esteja adaptada na região, obedecendo as recomendações técnicas para sua produção; o ponto de colheita da forragem utilizada, visando obter e armazenar a planta quando esta apresentar teores de matéria seca (MS) dentro dos padrões estabelecidos para a forragem; o enchimento e a compactação da silagem na trincheira, deve ser eficiente e o mais breve possível, visto que rapidamente a planta entra em processo de anaerobiose e fermentação levando a forragem a consumir e perder os nutrientes que se deseja armazenar; as superfícies expostas precisam ser vedadas com a utilização de material infiltrante, como plástico ou lona, permitindo a formação de um ambiente anaeróbico; caso seja necessário a utilização de aditivos para baixar o pH ou estimular o crescimento de bactérias anaeróbicas, fazê-lo racionalmente de acordo com suas recomendações evitando desperdício; e por fim, promover utilização da silagem, de forma eficiente e constante, retirando todas as vezes que aberto, camadas de no mínimo 15cm de silagem, que poderá evitar a fermentação e formação de locais com bolores, ou fungos (LIMA; MACIEL, 2004); (RODRIGUES, 2011).
Silo trincheira
        Diversas gramíneas podem ser utilizadas para a produção de silagem, sendo o milho, sorgo, cana de açúcar, as mais utilizadas. A vantagem do milho e do sorgo é sua grande adaptabilidade em diversos tipos de ambientes, alto teor de nutrientes, e a dispensa na utilização de aditivos ou pré-murchamento.
        A alta produção de matéria seca por hectares e capacidade de fornecer material energético para os animais, a cana-de-açúcar ocupa lugar de escolha da forragem para produção de silagem. Além destas, outras plantas são amplamente utilizadas como, Milheto, Girassol, Raiz e parte aérea da mandioca, Capim-elefante, Capins tropicais (Mombaça, Tanzânia, Marandu, entre outros).
        A preparação para o processo de ensilagem começa quando a forragem apresenta início de floração, realizada a colheita deste material, esta é triturada em fragmentos de 2 a 5 cm e colocada na trincheira, no silo cincho, silo vertical, silo de superfície, etc. sofrendo compactações em camadas de 20 a 25 cm, para retirada do ar. Esse processo poderá ser feito no local onde será ensilado ou no campo e posteriormente transportado ao local de seu armazenamento (LIMA; MACIEL, 2004). A compactação é o ponto chave para o sucesso da silagem, cerca de cinco pessoas, dependendo da extensão da trincheira ou do cincho, precisa caminhar sobre esses fragmentos de forragem realizando a sua compactação. Em grandes trincheiras, esse processo pode ser realizado com as rodas do trator utilizado pra espalhar a forragem, é importante ressaltar que o desenho do silo em forma de trincheira, sendo ela escavada ou não, deve possuir uma declividade no fundo, que facilite o escoamento do excesso de água da forragem para fora da trincheira; as paredes deve ter uma leve inclinação para fora, com um aspecto de “V” ou oblíqua.
        O cuidado com as paredes inclinadas proporciona uma melhor compactação nas laterais do silo, evitando que a forragem fique em contato com o ar ou apresentem bolsas de ar em seu interior e entre em processo de fermentação e venha desenvolver fungos nesses locais, ao término da compactação, é recomendado que a porção superior da silagem de trincheira tenha certo abaulamento da massa ensilada (NUSSIO, MANZANO, 1999).

4. REFERÊNCIAS:
ANDRADE, J.B. Produção de feno. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia, 1999. 34p (Boletim Técnico, 44).
EVANGELISTA, A. R. et al. Produção de silagem de capim-marandu (Brachiaria  brizantha  Stapf   cv.  Marandu) com e sem emurchecimento. Ciênc. agrotec. [online]. 2004, vol.28, n.2, pp. 443-449. ISSN 1413-7054.
CASTRO, F. G. F. Uso do pré-emurchecimento, inoculante bacteriano-enzimático ou ácido propiônico na produção de silagem de Tifton 85 (Cynodon sp.). 2002. 136 f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2002.
CAVALCANTE, A. C. Feno de Gramíneas: Processo de Produção Passo a Passo. 2004, Disponível em: <http://www.nordesterural.com.br/nordesterural/matler.asp?newsId=517>. Acesso em: 19/02/2014
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