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segunda-feira, 30 de maio de 2016

DOENÇA DE DISCO INTERVERTEBRAL

Exitem dois tipos de doenças de discos intervertebral.

Hansen tipo I: Onde o disco intervertebral é extrusado para dentro do canal vertebral lesionandoou comprimindo a medula.
Hansen tipo II: Onde ocorre apenas a projeção do disco para dentro do canal vertebral, porém, sem expulsão do núcleo pulposo. 
A Hansen tipo I é mais comum em cães de raças pequenas como os dashound, poodle toy, beagle e em alguns cães de grande porte, como o basset hounds, dobermans e os galgos. Os mais predispostos são aqueles cães de patas curtas mas de tronco longo. em gatos essas condições são raras.

Alguns cães acometidos podem apresentar dor sem déficit neurológicos ou podem apresentar sintomas dos mais variados graus de lesões da medula espinhal. Os sinais serão de acordo com o local exato ea gravidade da lesão.

Lesão em região toracolombar resultam normalmente em problemas de membros posteriores com os membros anteriores normais.

Leões na região cervicotorácica ou região cervical terão os quatro membros afetados. A maioria das lesões nos cães ocorrem entre a T9 e T10 e entre T13 e L1.

A dor é um sintoma clínico muito comum nesses cães, pois o material deslocado de disco intervertebral irrita as raízes nervosas e as meninges.
Os cães com  deslocamento de disco cervical evitam a movimentação ou manipulação do pescoço e ficam em estação com a cabeça e pescoço abaixados.
A extrusão do disco na região resulta em arqueamento do dorso e tensão dos músculos abdominais, simulando dor abdominal.
 A gravidade dos sinais clínicos está relacionado com a quantidade de material extrusado e a fora dessa extrusão.

Diagnóstico:

A disfunção é diagnosticada no exame clínico identificação do paciente anamnese e os achados neurológicos.
Através do exame neurológico é possível determinar o local da região acometida da medula espinhal. 
Teste do panículo: é um teste utilizando uma agulha ou outro objeto capaz de estimular o local da lesão. Realiza o teste em toda a extensão da coluna cervical, torácica e lombar com o intuito de localizar a região mais sensível ao teste. A resposta ao teste é normal antes da lesão apresentando geralmente um razoável desconforto, e aumentada no local da lesão com muito desconforto e diminuída após a lesão apresentando reduzido desconforto. A partir disto, os exames complementares são solicitados e a radiografia simples bem realizada é capaz de identificar a natureza dessa lesão.

Teste do pinçamento ou compressão digital: Aplica-se também a compressão interdigital para avaliar a dor superficial e dor profunda. A dor superficial avalia-se realizando o compressão entre interdigital com uma pinça ou com uma agulha, esse fato por sua vez vai provocar uma estímulo no animal que o fará ter uma resposta positiva caso haja integridade nervosa.  A dor profunda é avaliada quando a dor superficial está ausente, neste caso a compressão deve ser feita com uma pinça gradativamente com maior força até que obtenha uma resposta ou não ao pinçamento, essa compressão poderá ser realizada no coxim ou interdigital. 
Deve-se realizar primeiramente o teste nos membros posteriores, pois se o mesmo não apresentar resposta ao teste significa que a lesão está na região lombar, caso o teste realizado nos membros anteriores não apresente resposta positiva ao pinçamento a lesão provável estará na região cervical ou torácica.

A doença de disco é dividida em cinco graus de acordo com a apresentação clínica.

Grau I: Animal com sintomas discretos com alterações neurológicas discretas. Os sintomas não se apresentam como alterações neurológicas. 
Neste caso o clínico precisa avaliar o que mudou na rotina deste animal nos últimos dias, animais quietos, mão caminha, não sobe degraus de escadas nem de calçadas, reluta em caminhar, começa caminhar e de repente para. Geralmente o proprietário relata que ao pegar o animal no colo, o mesmo apresenta dor, ou mesmo foge de colo. Ao realizar o teste do panículo neste animal, o mesmo poderá apresentar leve sensibilidade no local da lesão, porém não apresentando sinais de cunho neurológico evidente.

Grau II: Animais com sintomas mais graves que o grau I, pois aqui evidencia uma dor na forma mais clássica. O animal reluta em movimentar-se pois esse ato é altamente doloroso e o animal evita ao máximo.
Se houver lesões graves nas vértebras cervicais e torácicas é possível ter alterações cardíacas e respiratórias uma vez que inervações que partem destes ramos da medula espinhal inervam porções destes órgãos.

Grau III: Quadro grave animal com dor evidente, dorso arqueado e deficiência de urinar, deficit proprioceptivo nos membros posteriores ou anteriores dependendo da região acometida. Nestes casos o animal ainda retêm urina pela preservação da inervação. Nestes casos a lesão ainda é reversível. 
A recuperação do animal se dá a medida em que exista presença de uma dor profunda. Se não existir dor profunda significa que houve uma lesão completa e perda da função nervosa das fibras e dificilmente há reversão nestes casos.

Grau IV. Neste grau o animal não apresenta dor superficial, mas apresenta dor profunda, ocorre uma perda gradativa se não houver tratamento e uma correta intervenção. Neste quadro o animal poderá apresentar dor profunda e pode estar paraplégico. se a lesão for cervical ou torácica o animal fica tetraplégico. 
Lesões em regiões de nervos a partir das vértebras Torácicas (T10) a lombares (L2) provoca incontinência urinária, pois estes são responsáveis pela inervação parassimpática da bexiga que provoca a contração da musculatura lisas, ao ponto que a inervação vinda da Sacrais (S2 a S4) são responsáveis pelo relaxamento da bexiga pelo sistema simpático. O esfíncter possui inervação simpática e parassimpática estando este sob domínio de informações do corno  medular a partir de respostas obtidos pela inervação da bexiga, logo lesões nestes ramos nervoso é responsáveis pelo controle da micção e defecação alterado nestes animais.
Fisiologia da micção



Grau V: A diferença entre os demais graus é a completa ausência de dor profunda.

Diagnóstico está baseado nos sinais clínicos, histórico  RX.

Tratamento: Carrinho ortopédico e limitação de movimentos.
Utilização de AINES, Corticóides, Analgésicos fortes caso necessário, Quetamina pra gatos na dose de 2mg/kg é altamente eficaz no controle da dor por atuar na nos receptores NMDA.
Benzodiazepínicos, e vitaminas do complexo B (B2, B6 e B12) as vitaminas do complexo B atuam atravessando as membranas e restabelecendo a função nervosa com ação anti-inflamatória. 
O tratamento deve ser realizado até remissão completa do animal.




segunda-feira, 15 de junho de 2015

LAMINITE EQUINA (PODODERMATITE ASSÉPTICA DIFUSA)

Sem dúvidas um dos assuntos mais pesquisados hoje na medicina Equina. Neste breve resumo irei expor algumas situações em que pode levar o desenvolvimento dessa doença nos equinos.
Postura atípica do equino com laminite

A Laminite é uma doença que acomete os pés dos cavalos. Com maior frequência os membros dianteiros são os mais acometidos, isso pode estar atrelado ao peso do animal sustentado por esta parte do corpo, mas não é regra, qualquer um dos membros pode ser acometido inclusive mais de um membro e menos comum os quatro membros, mesmo que em graus variáveis.
A laminite pode ser definida também como um transtorno metabólico sistêmico, que pode envolver o sistema cardiocirculatório, renal, endócrino, equilíbrio ácido-base, hidroeletrolítico e alteração nos fatores de coagulação que manifesta-se portanto nos cascos dos cavalos.
As principais causas de laminite em equinos pode ser verificada pelas seguintes causas:
Alimentar: Com a domesticação dos equinos, a sua alimentação natural deixou de ser praticada. Desta forma os humanos passou a interferir diretamente no habito alimentar desses animais. Hoje em dia a alimentação pode ser oferecida com maior valor nutritivo, ricas e proteínas e carboidratos. O concentrados fornecidos, se ingeridos em grandes quantidades, podem provocar alterações na microflora cecal e alterar o pH. A transformação dos carboidratos em ácido lático no ceco desses animais pela microbiota, provoca uma acidificação do meio e proliferação de bacterias lácteas (Lactobacilos, Estreptococcus) e morte de bactérias gram negativas.
A morte das bacterias gram negativas gera um quadro grave de absorção intestinal de endotoxinas bacterianas (lipopolissacarídeos vasoativos) que por sua vez ganham a corrente sanguínea. Essas toxinas provoca uma resposta adrenérgica nos músculos lisos endoteliais que revestem os vasos sanguíneos provocando uma vasoconstricção periférica.   
Os cascos dos equinos são irrigados por uma trama de vasos e capilares que sofrem um processo isquêmico severo devido essa vasoconstrição em resposta as endotoxinas liberadas pela morte das bactérias do ceco desse animal. Instala-se então um quadro de hipóxia no tecido coronariano e morte celular. O aumento da pressão sanguínea sistêmica provoca a abertura dos "Shunts" arteriovenosos e o sangue que iria irrigar a lâmina coronariana pelos capilares, é desviado e o tecido sofre um processo de necrose.

Exemplo de um Shunt arteriovenoso
Infecciosas: Éguas que apresentam um quadro de retenção placentária, endometrite, doenças infecciosas sistêmicas, pneumonias, também podem apresentar graves quadros de laminite. A fisiologia da laminite por ação infecciosa segue o mesmo raciocínio da alimentar. As endotoxinas liberadas na corrente sanguínea provoca vaconstricção periférica e consequente necroce celular no casco.
Traumática: Geralmente animais que são treinados de forma incorreta pode apresentar casos de laminite. Isso corre por causa de fraturas ou machucados nos cascos que força o animal a colocar seu peso no membro contralateral para aliviar a dor. Essa sobrecarga leva a um quadro de laminite devido a intensa fadiga de apoio.
Mistas: Deve-se atentar a possibilidade de desequillbrios hormonais, alterações tróficas da falange distal, uso prolongado de doses excessivas de corticosteróide e derivados da fenilbutazona e animais com hipertensão digital.
Animais com laminite pode apresentar os seguintes sinais clínicos sistêmicos: Alterações cardiocirculatórias, com aumento no TPC (tempo de preenchimento de capilar) acidose metabolica, hipertensão e hemograma com características de estresse.
Ocorre a liberação das catecolaminas pelo estresse, aumento no cortisol, testosterona (resposta adrenal), aumento da renina plasmática e redução de hormônios da tireóide.
Os rins podem sofrer um processo de glomerulonefrite ou insuficiência renal aguda por causa da hipovolemia promovida pela vasodilatação e sequestro de liquidos para luz intestinal ou então  devido a uso indiscriminado de AINES.
Os padrões de comportamento locomotor do cavalo com laminite
na fase aguda podem ser cassificados em 4 graus e refletem a gravidade dos fenômenos decorrentes das alterações na microvasculatura do pé. Com base nos estudos de OBEL (1948), os graus são:
Grau I: Claudicação não evidente ao passo, mas perceptível no trote.
Grau II: Claudicacção notada ao passo e óbvia no trote.
Grau III: Claudicação perceptível no passo e no trote.
Grau IV: Presença de um membro sem apoio.
Concomitante os animais com claudicação apresenta sinais sistêmicos como mucosas congestas, TPC acima de 2 segundos, cascos quentes, sensível a percussão e pressão. Pulso das artérias digitais cheias e forte desde os início dos sinais.
Os sinais sistêmicos são determinados por ação das endotoxinas, acidose metabolica e dor. A instalação  da vasoconstrição periférica pode ocorrer em torno de 12 a 24 horas e abertura dos shunts arteriovenosos que promovem uma necrose isquêmica do casco.
 Essa necrose pode atingir total ou parcial a banda coronária com drenagem de liquido serosanguinolento podendo servir de entrada para microorganismos e transformar a lesão que antes era asséptica em séptica.    
Ocasionalmente imediatamente antes da caracterização da fase crônica da laminite, pode ocorrer uma exungulação precoce do casco ou então o abaixamento da falange distal com a condenação do animal a eutanásia.
Em casos graves de laminite a rotação da falange distal pode ocorrer em até dois dias após a instalação do quadro agudo da doença tornando o tratamento mais trabalhoso e prolongado.
Os casos crônicos de laminite advém do não tratamento da laminite, tratamento tardio ou falha no tratamento na sua fase aguda. A necrose isquêmica instalada provoca o rebaixamento da falange distal. A ação dos tendões flexores digital comum, compressão da sola no sentido ventro-dorsal e tração do tendão flexor digital profundo altera a relação do paralelismo entre a falange distal e a muralha do casco.  


O valor da rotação da falange distal determina o grau de comprometimento dos vasos circunflexos e da coroa do casco, provocando deformidades do estojo córneo, provocando a convexidade da sola, crescimento dos talões, concavidade da face cranial da muralha (sapato chinês) e formação de anéis transversais.

A fase crônica da laminite pode ser classifica em graus:

Grau I: Presença de dor sem evidencia de comprometimento da locomoção;

Grau II: Redução da dor com comprometimento evidente da locomoção;
Grau III: Redução da dor com comprometimento evidente da locomoção e sem indícios de infecção podal;
 Grau IV: Comprometimento da locomoção e evidencia de infecção podal sem manifestação patente da dor;
Grau V: Presença de dor, dificuldade de locomoção, infecção e decúbito prolongado;

O tratamento exige do médico veterinário a sinceridade e esclarecimento ao proprietário e ao serviço de enfermaria a severidade do caso e dificuldade e a onerosidade do tratamento.
A instituição do tratamento deve ser feita o mais rápido possível, tendo melhores efeitos e instituída nas primeiras 12 horas ou durante a fase de desenvolvimento nos casos de retenção se placenta, metrite, sobrecarga por grãos, pós operatórios de cólicas ou qualquer outra enfermidade predisponente a laminite. 
 Sugestão de tratamento:
O tratamento consiste na forma de descongestionar o aporte sanguíneo da rede de capilares que irrigam o casco. Para isso toda causa primaria deve ser imediatamente tratada.
Utilização de duchas frias dos pés até a altura dos joelhos tem se tornado eficazes. Mergulha-se os membros desses animais em pedilúvios contendo agua e muito gelo, três vezes ao dia por no mínimo 15 minutos promove ação descongestionante e antiinflamatória e proporciona conforto aos animais. 
A aplicação de hipotensores como a Acepromazina na dose de 40mg/kg IM ou IV durante 24 a 72h auxilia na diminuição da pressão sanguínea e evita a formaão dos shunts arteriovenosos ou então a utilização de Fenoxibenzamina na dose de 2 mg/kg divididas em 2 doses a cada duas horas.
Para manter a hipotensão, utiliza-se a Isoxossuprina na dose de 0,6 a 0,9 mg/kg duas vezes ao dia ate a remissão dos sinais clínicos.
A utilização de antinflamatórios não esteroidais obejtiva a eliminação da dor e inflamação. pode-se utilizar a Fenilbutazona na dose de 4,4mg/kg 2 vezes ao dia no primeiro dia. no segundo dia, administrar a metade da dose 2,2mg/kg duas vezes ao dia, e no terceiro dia administrar a dose de 2,2mg/kg uma vez ao dia, sendo necessário o acompanhamento desse animal por conta dos distúrbios gástricos que podem ser acometidos. 
  A utilização do flunixim meglumine possui efeitos melhores que a fenilbutazona, utilizado na dose de 1,1mg/kg três vezes ao dia no primeiro dia e 2 vezes ao dia durante 5 a 7 dias consecutivos. Alem de apresentar excelente ação analgésica e antiinflamatória em equinos, possui efeito antiprostaglandina.
Em casos de laminite causada por excessiva ingestão de grãos, utiliza-se o flunixim meglumine na dose endotoxêmica de 0,25mg/kg duas a tres vezes ao dia. Utilizar a administração oral via sonda nasogástrica 2 a 4 litros de vaselina liquida ou óleo mineral para promover a remoção do conteúdo intestinal e evitar a absorção das toxinas vasoativas.
Para evitar a agregação plaquetária e formação de microtrombos utiliza-se anticoagulantes como a hjeparina na dose de 40 a 100UI/kg pela via subcutânea 4 vezes ao dia.
O DMSO (dimetilsulfoxido) possui ação farmacológica antiinflamatória, anti agregador plaquetário, e analgésico e ainda auxilia na perfusão dos fármacos, Esse medicamento pode ser utilizado em torno de 0,1 a 1,0g/kg diluído em 60ml de glicose administrado pela via intravenosa 2 a 3 vezes ao dia.
Além do procedimentos medicamentosos e fisicos (pedilúvios e duchas frias) é necessário promover uma melhor perfusão sanguínea dos cascos com a realização de exercícios leves em terrenos macios ou arenosos. Utilizaçção de palmilhas de apoio na ranilha ou gessamento dos cascos tanto an fase aguda como na fase crônica.
Se o animal estiver com a ferradura, esta deve ser afrouxada nas primeiras 24h e posteriormente retirada, não retirar bruscamente.
Manter o animal em piquete com boa cobertura verde, e não fornecer concentrado, se o motivo da laminite for sobrecarga por grãos.
O concentrado deve ser utilizado se o animal apresentar emagrecimento em torno de 0,5% do peso do cavalo dividido em duas refeições para veiculação de suplementos como biotina e metionina responsáveis para auxiliar no crescimento do tecido córneo.
Além do tratamento para a fase a guda e crônica da laminite, o casqueamento é uma parte importante da terapeutica do animal. Com a utilização de um podogoniômetro realiza a amedicção do grau de rotação da falange e com base na evolução realiza o casqueamento ate atinger a angulação normal de 45 a 47º nos membros anteriores e 50 a 55 nos membros traseiros.
Podogoniômetro
 A utilização de ferraduras na forma de coração, sejam elas fixas ou ajustáveis, auxiliam na sustentação da ranilha amenizam a dor causada pela compressão da falange distal sobre o plexo solear, vasos cincunflexos e corium coronário, melhorando substancialmente a possibilidade de recuperação co cavalo.

Ferradura fixa                                                                     Ferraduras ajustáveis


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