1. Brucelose bovina
CONCEITUAÇÃO:
A brucelose é uma doença infecto-contagiosa provocada por bactérias do
gênero Brucella. Produz infecção característica nos animais, podendo infectar o
homem. Sendo uma zoonose de distribuição universal, acarreta problemas
sanitários importantes e prejuízos econômicos vultosos. As principais
manifestações nos animais – como abortos, nascimentos prematuros, esterilidade
e baixa produção de leite – contribuem para uma considerável baixa na produção
de alimentos. No homem, a sua manifestação clínica é responsável por
incapacidade parcial ou total para o trabalho.
Características da doença;
distribuição geográfica e prevalência;
Estudos mostram que a brucelose
bovina parece estar disseminada por todo o território brasileiro, com maior ou
menor prevalência dependendo da região estudada. Em 1975, foram verificadas as
seguintes prevalências em animais, por regiões: Sul, 4%; Sudeste, 7,5%;
Centro-Oeste, 6,8%; Nordeste, 2,5% e Norte, 4,1%. Posteriormente, alguns
Estados realizaram estudos sorológicos por amostragem, os quais não
evidenciaram grandes alterações em relação aos índices nacionais verificados em
1975. No Rio Grande do Sul, a prevalência decresceu de 2%, em 1975, para 0,3%,
em 1986. Em Santa Catarina, passou de 0,2%, em 1975, para 0,6%, em 1996. No
Mato Grosso do Sul, a prevalência estimada em 1998 foi de 6,3%, semelhante à de
1975 no antigo Estado do Mato Grosso. Em Minas Gerais, passou de 7,6%, em 1975,
para 6,7%, em 1980. No Paraná, a prevalência estimada em 1975 foi de 9,6%,
passando para 4,6% em 1989. Os dados oficiais, publicados no Boletim de Defesa
Sanitária Animal, mostram que a prevalência de animais positivos no Brasil
manteve-se entre 4% e 5% no período entre 1988 e 1998.
Apesar dos poucos estudos
realizados visando à identificação das biovariedades de Brucella isoladas de
bovídeos no Brasil, já foram identificadas B. abortus biovares 1, 2 e 3 e B.
suis biovar 1. Além dessas espécies, de igual modo já foram identificadas B.
canis e B. ovis infectando animais domésticos. Até o presente momento, a B.
melitensis, principal agente etiológico da brucelose caprina, não foi
identificada no Brasil.
importância e conseqüências econômicas e sociais.
Nos bovinos e bubalinos, a
brucelose acomete, de modo especial, o trato reprodutivo, gerando perdas
diretas devido, principalmente, a abortos, baixos índices reprodutivos, aumento
do intervalo entre partos, diminuição da produção de leite, morte de bezerros e
interrupção de linhagens genéticas. As propriedades onde a doença está presente
têm o valor comercial de seus animais depreciado; as regiões onde a doença é
endêmica encontram-se em posição desvantajosa na disputa de novos mercados.
Estimativas mostram ser a brucelose responsável pela diminuição de 25% na
produção de leite e de carne e pela redução de 15% na produção de bezerros.
Mostram ainda que, em cada cinco vacas infectadas, uma aborta ou torna-se
permanentemente estéril.
Dentro das perdas indiretas,
deve-se salientar as que resultam em infecções humanas. Na maioria das vezes,
quando a enfermidade não é tratada na fase aguda, o curso crônico da doença no
homem produz perdas econômicas de vulto. Essas perdas estão relacionadas com os
custos do diagnóstico e tratamento, muitas vezes requerendo internações
prolongadas. Além disso, não deve ser esquecido o custo do período decorrente
da ausência ao trabalho. No Brasil, não existem estudos concretos sobre os
prejuízos econômicos ocasionados pela brucelose bovina ou bubalina.
ETIOLOGIA:
Dentro do gênero Brucella, são descritas seis espécies independentes,
cada uma com seu hospedeiro preferencial: Brucella abortus (bovinos e
bubalinos), Brucella melitensis (caprinos e ovinos), Brucella suis (suínos),
Brucella ovis (ovinos), Brucella canis (cães) e Brucella neotomae (rato do
deserto). Duas novas espécies, recentemente isoladas de mamíferos marinhos
estão sendo estudadas.
As três espécies principais, também denominadas clássicas, são
subdivididas em biovariedades ou biovares: B. abortus – 7 biovares; B.
melitensis – 3 biovares; B. suis – 5 biovares
Características morfológicas do agente:
As bactérias do gênero Brucella são parasitas intracelulares
facultativos, com morfologia de cocobacilos Gram-negativos, imóveis; podem
apresentar-se em cultivos primários com morfologia colonial lisa ou rugosa
(rugosa estrita ou mucóide). Essa morfologia está diretamente associada à
composição bioquímica do lipopolissacarídeo da parede celular, e para algumas
espécies tem relação com a virulência. B. abortus, B. melitensis e B. suis
normalmente apresentam uma morfologia de colônia do tipo lisa; quando evoluem
para formas rugosas ou mucóides, deixam de ser patogênicas. Já as espécies B.
ovis e B. canis apresentam uma morfologia de colônia permanentemente do tipo
rugosa ou mucóide.
HOSPEDEIRO:
Suscetibilidade em função das características
peculiares de espécie e diferentes grupos de indivíduos.
PATOGENIA:
a) Porta de entrada principal;- Destino seguido
pelo agente desde a porta de entrada até o(s) ou tecido(s) de eleição;
No animal infectado, as
localizações de maior freqüência do agente são: linfonodos, baço, fígado,
aparelho reprodutor masculino, útero e úbere. As vias de eliminação são
representadas pelos fluidos e anexos fetais – eliminados no parto ou no
abortamento e durante todo o puerpério –, leite e sêmen. A principal fonte de
infecção é representada pela vaca prenhe, que elimina grandes quantidades do
agente por ocasião do aborto ou parto e em todo o período puerperal (até,
aproximadamente, 30 dias após o parto), contaminando pastagens, água, alimentos
e fômites. Essas bactérias podem permanecer viáveis no meio ambiente por longos
períodos, dependendo das condições de umidade, temperatura e sombreamento,
ampliando de forma significativa a chance de o agente entrar em contato e
infectar um novo indivíduo suscetível.
A porta de entrada mais
importante é o trato digestivo, sendo que a infecção se inicia quando um animal
suscetível ingere água e alimentos contaminados ou pelo hábito de lamber as
crias recém nascidas. Uma vaca pode adquirir a doença apenas por cheirar fetos
abortados, pois a bactéria também pode entrar pelas mucosas do nariz e dos
olhos.
A transmissão pelo coito parece
não ser de grande importância entre bovinos e bubalinos. Na monta natural, o
sêmen é depositado na vagina, onde há defesas inespecíficas que dificultam o
processo de infecção. Entretanto, um touro infectado não pode ser utilizado
como doador de sêmen; isso porque, na inseminação artificial, o sêmen é
introduzido diretamente no útero, permitindo infecção da fêmea com pequenas
quantidades do agente, sendo por isso importante via de transmissão e eficiente
forma de difusão da enfermidade nos plantéis.
A transferência de embriões –
realizada segundo os protocolos internacionalmente preconizados de lavagem e
tratamento para a redução da transmissão de agentes infecciosos –, não
apresenta risco de transmissão de brucelose entre doadoras infectadas e
receptoras livres da doença.
Fêmeas nascidas de vacas brucélicas
podem infectar-se no útero, durante ou logo após o parto. Quando infectadas,
essas fêmeas em geral abortam na primeira prenhez, e só apresentam resultados
positivos para os testes sorológicos no decorrer da gestação. Esse fenômeno
ocorre em freqüência baixa, porém, apesar de não impedir o avanço dos programas
de controle e erradicação, invariavelmente acarreta considerável retardo na
obtenção de bons resultados deles.
Várias espécies domésticas ou
silvestres são suscetíveis à infecção por B. abortus, entretanto, são
consideradas como hospedeiros finais da infecção, pois não transmitem o agente
novamente aos bovinos. Entre aquelas espécies em condições de ter alguma
importância na epidemiologia da brucelose bovina, podem ser citados: os
eqüídeos, que podem apresentar lesões articulares abertas, principalmente de
cernelha; os cães, que podem abortar pela infecção; e os saprófagos, pela
possibilidade de levar restos de placenta ou feto de um lugar para outro.
A principal forma de entrada da
brucelose em uma propriedade é a introdução de animais infectados. Quanto maior
a freqüência de introdução de animais, maior o risco de entrada da doença no
rebanho. Por essa razão, deve-se evitar introduzir animais cuja condição
sanitária é desconhecida. O ideal é que esses animais procedam de rebanhos
livres ou, então, que sejam submetidos à rotina diagnóstica que lhes garanta a
condição de não infectados.
b)
Tempo
necessário para que o agente, uma vez no organismo do hospedeiro, desenvolva
sua ação (período de incubação);
O tempo transcorrido entre a
exposição ao agente infeccioso e o aparecimento dos sintomas visíveis é o que
se define como período de incubação. No caso da brucelose, esse período pode
ser de poucas semanas e até mesmo de meses ou anos. Considerando-se o momento
em que ocorre a infecção, o período de incubação é inversamente proporcional ao
tempo de gestação, ou seja, quanto mais adiantada a gestação, menor será o
período de incubação.
c)
Alterações
estruturais que imprime aos órgãos ou tecidos de eleição (Lesões);
Os animais infectados apresentam
uma placentite necrótica, sendo comum a retenção de placenta. Após o primeiro
aborto, são mais freqüentes a presença de natimortos e o nascimento de bezerros
fracos. O feto geralmente é abortado 24 a 72 horas depois de sua morte, sendo
comum sua autólise. Não há nenhuma lesão patognomônica da brucelose no feto
abortado, mas, com freqüência, observa-se broncopneumonia supurativa. Nos
machos existe uma fase inflamatória aguda, seguida de cronificação,
freqüentemente assintomática. As bactérias podem instalar-se nos testículos,
epidídimos e vesículas seminais. Um dos possíveis sinais é a orquite uni ou
bilateral, transitória ou permanente com aumento ou diminuição do volume dos
testículos. Em outros casos, o testículo pode apresentar um aspecto amolecido e
cheio de pus. Lesões articulares também podem ser observadas.
d) Alterações fisiológicas, que determinam no
organismo afetado, decorrentes de funções bloqueadas (Sinais e Sintomas);
Os principais sinais clínicos
observados nos animais infectados estão ligados a problemas reprodutivos. O
mais frequente é o aborto no terço final da gestação, natimortos e nascimento
de bezerros fracos. Frequentemente, há retenção placentária e infertilidade
temporária ou permanente. Nos machos, a infecção por B. abortus pode causar
orquite com consequente infertilidade por diminuição da qualidade espermática.
Lesões articulares, assim como
lesões na glândula mamária também podem ser observadas em casos crônicos da
doença. As lesões articulares caracterizam-se por bursite e artrite. Placentite
necrótica é a principal lesão encontrada nos animais que abortam. Não há
nenhuma lesão patognomônica da doença no feto abortado, porém pleurite
fibrinosa, que pode estar associada à broncopneumonia supurativa e pericardite
fibrinosa, ocorre com frequência.
e)
Evolução
do quadro: duração e curso da doença.
O agente penetra no organismo
por via oral ou venérea, se instala na orofaringe, tubo entérico e mucosas.
Ocorre uma multiplicação durante duas semanas. Permanece nestes locais ou nos
linfonodos regionais. Em duas a quatro semanas do contágio ocorre a bacteremia
(presença das bactérias no sangue). O agente pode ser encontrado no interior de
neutrófilos e macrófagos, ou livres. O agente liberta-se dos neutrófilos mortos
e sofrem fagocitose pelos macrófagos dos órgãos onde se encontram. Dentro do
macrófago, ocorre a multiplicação (reticuloendoteliose difusa). O estágio de
bacteremia é expresso com elevações da temperatura. As brucelas atingem,
sobretudo, os chamados “órgãos e tecidos de predileção” representados pela
mama, medula óssea, articulações, bainhas tendinosas, útero, fetos e placenta,
epidídimo.
O útero e a mama dos animais
gestantes constituem um meio especialmente favorável para a multiplicação das
brucelas em razão do aumento de suas atividades fisiológicas e das mudanças
relacionadas com a gravidez.
A capacidade de sobreviver
dentro de macrófagos facilita a disseminação e a permanência da B. abortus no organismo. O curso da
doença vai depender do estágio fisiológico do animal. Animais jovens, antes da
puberdade, parecem ser mais resistentes à infecção. Caso o animal não esteja
gestante, B. abortus geralmente
infecta linfonodos e glândula mamária. Quando o animal se torna gestante, as
bactérias atingem o útero, local pelo qual possuem grande tropismo, provocando,
dessa forma, o aborto. Na primeira gestação após a infecção, o animal aborta;
entretanto, o aborto é muito menos frequente na segunda gestação após infecção
e muito raro a partir da terceira gestação após a infecção. Isso se deve ao
desenvolvimento de uma resposta imune, principalmente celular, pelos animais,
que diminui a área e a intensidade das lesões. Com isso, a manifestação clínica
passa a ser a presença de natimortos ou o nascimento de bezerros fracos.
DIAGNÓSTICO:
Epidemiológico:
Baseado nos sinais clínicos de aborto, nascimento de bezerros fracos e
esterilidade de fêmeas e machos; dados epidemiológicos baseados na história dos
rebanhos; isolamento e identificação do agente etiológico e ainda pela
demonstração de anticorpos nos fluídos orgânicos.
Laboratorial: material de escolha; métodos
recomendados
A identificação da B. abortus é
um processo lento, caro e de alto risco para o laboratorista, pois envolve a
manipulação de placentas contaminadas, exsudatos vaginais, sêmen, tecidos de
fetos abortados ou leite contaminado, que exige a observação de normas estritas
de biossegurança. Apesar disto, a identificação e a caracterização das espécies
e biovariedades de Brucella sp. presentes
num rebanho ou região, são importantes do ponto de vista da epidemiologia da
doença. A detecção de anticorpos no soro ou leite é o meio mais rápido, barato
e menos laborioso de diagnóstico e é um indicativo confiável de resposta à
exposição a B. abortus.
Diagnóstico bacteriológico: A maioria dos materiais coletados a campo
está potencialmente contaminada com microrganismos secundários. Deste modo, é
importante que se empreguem meios de cultura seletivos, contendo diversos
antibióticos que inibam esta microbiota secundária sem afetar o crescimento de Brucella sp. Os materiais de eleição
para a tentativa de isolamento de Brucella
sp. são: membranas fetais, feto abortado, leite, swabs vaginais e sêmen. O
material coletado pode ser enviado congelado (-20ºC) ao laboratório desde que
mantenha a temperatura durante o transporte. No caso de material proveniente de
tecidos que não sejam oriundos de aborto, em função do pequeno número de
bactérias viáveis, o diagnóstico pode resultar em falso-negativo. Nestes casos,
torna-se indicado o uso de meio
de enriquecimento suplementado como forma de melhorar a sensibilidade da
técnica.
As membranas fetais são ricas em bactérias, especialmente os cotilédones,
onde estão presentes bilhões de B.
abortus por grama de tecido. O feto abortado pode ser enviado inteiro ao
laboratório ou então o seu conteúdo estomacal, pulmão, linfonodo bronquial,
baço e fígado, acompanhados do histórico do animal e dos achados de necropsia.
O leite deve ser coletado o mais assepticamente possível, e a amostra
deve conter a mistura dos quatro quartos, aproximadamente 20 ml de cada teto.
Por meio de swabs vaginais contendo meio de transporte é possível isolar Brucella sp. até seis semanas após o
aborto ou parto. O sêmen e o fluído seminal podem ser semeados diretamente nos
meios de cultura seletivos.
Diagnóstico sorológico: Testes sorológicos baseiam-se na reação entre
antígenos de Brucella sp., células
inteiras inativadas ou suas frações purificadas, e anticorpos produzidos em
resposta a uma infecção. Anticorpos produzidos por espécies lisas de Brucella (B. abortus, B. melitensis e B. suis) reagem
cruzadamente com antígenos preparados com amostras lisas, geralmente B. abortus, e anticorpos produzidos por
espécies rugosas de Brucella (B. ovis e
B. canis) reagem cruzadamente com antígenos produzidos com amostras
rugosas, geralmente B. ovis.
A soroaglutinação tem sido, desde longa data, o principal teste empregado
no diagnóstico da brucelose. Este teste, no entanto, apresenta deficiências
seja em sensibilidade, seja em especificidade, especialmente em animais que
foram vacinados com vacinas elaboradas com amostras lisas. Em alguns casos, a
baixa especificidade desta prova é resultante da reatividade cruzada com outras
bactérias antigenicamente relacionadas com Brucella
sp., principalmente Yersinia
enterocolitica do grupo O9. Provas com antígenos acidificados tamponados
(rosa de bengala, Card-Test®) têm sido bastante utilizadas como teste de
triagem. São provas muito úteis, mas tendem a ser demasiadamente sensíveis,
especialmente em animais vacinados com B19, apresentando altas taxas de animais
falso-positivos. Animais reagentes nestas provas devem ser confirmados em
outros testes. Dentre as provas confirmatórias, a fixação do complemento tem
sido considerada como uma das provas que apresenta a melhor sensibilidade e
especificidade, sendo por isso considerada como prova definitiva. No entanto,
apresenta alguns inconvenientes como o fato de não estar padronizada e, por sua
complexidade de execução, estar restrita a laboratórios especializados.
Testes menos sofisticados, mas com os mesmos efeitos tem sido utilizado
para diagnostico da brucelose, dentre eles destacam-se o teste do
2-mercaptoetanol (2ME), recomendado no PNCEBT como prova confirmatória aos
testes de triagem. Esta prova apresenta seletividade para imunoglobulinas da
classe IgG, pois, em função dos radicais tiol do 2-mercaptoetanol, as IgM são
destruídas. Por não serem tão afetadas pelo 2-mercaptoetanol e por serem as
imunoglobulinas presentes em infecções crônicas, as IgG presentes em um soro
significam infecção por B. abortus.
Outra prova de grande utilidade é o teste do anel em leite. Originalmente
desenvolvido para testar mistura de leites em latões, ainda é bastante
utilizado na detecção de rebanhos infectados. Esse teste tem sofrido
modificações para poder ser empregado em leites muito diluídoscomo no caso de
tanques de grandes capacidades. É utilizado, especialmente, no monitoramento e
na detecção de rebanhos infectados, desde que algumas limitações, como a
possibilidade do aparecimento de resultados falso positivos no caso de leites
levemente ácidos, provenientes de vacas com mamites ou colostro, sejam
observadas. Testes imunoenzimáticos do tipo ELISA de competição que detectam
anticorpos no soro, no sangue total e no leite têm demonstrado ser de grande
valor diagnóstico, pois apresentam sensibilidade e especificidade altas. Outro
teste de alta especificidade e sensibilidade desenvolvido é o teste da
polarização fluorescente. Para a realização deste teste, necessita-se de um
equipamento de luz polarizada e de reagentes compatíveis. A grande vantagem
desta prova é que ela pode ser realizada a campo, e o resultado pode ser obtido
em dois minutos.
TRATAMENTO:
Não existe tratamento deve ser adotados procedimentos de eliminação e
sacrifício dos animais positivos. Recuperação de forma relativamente rápida
após o aborto, possibilidade de concepção e novo aborto ou com o nascimento
normal. As endometrites que implicam numa esterilidade de duração variável. Vacinação
dos animais jovens com uma vacina viva (amostra B19). Vacina alternativa (RB51)
Recria de bezerras livres de brucelose. Vacinar bezerras 3 a 8 meses, a vacina
B19 é de reduzida virulência, estável e causa reações mínimas. Protege cerca de
70% dos animais imunizando por aproximadamente 7 anos em uma única dose mas não
tem ação curativa. Não vacinar machos.
CADEIA DE TRANSMISSÃO:
a)
fontes de
infecção;
A principal
fonte de infecção é representada pela vaca prenhe, que elimina grandes
quantidades do agente por ocasião do aborto ou parto e em todo o período
puerperal (até, aproximadamente, 30 dias após o parto), contaminando pastagens,
água, alimentos e fômites. Essas bactérias podem permanecer viáveis no meio
ambiente por longos períodos, dependendo das condições de umidade, temperatura
e sombreamento, ampliando de forma significativa a chance de o agente entrar em
contato e infectar um novo indivíduo suscetível.
b) vias de eliminação;
As vias de
eliminação são representadas pelos fluidos e anexos fetais – eliminados no
parto ou no abortamento e durante todo o puerpério, leite e sêmen.
c) vias de transmissão; portas de entrada,
suscetíveis.
No animal infectado, as
localizações de maior freqüência do agente são: linfonodos, baço, fígado,
aparelho reprodutor masculino, útero e úbere. A porta de entrada mais
importante é o trato digestivo, sendo que a infecção se inicia quando um animal
suscetível ingere água e alimentos contaminados ou pelo hábito de lamber as
crias recém nascidas. Uma vaca pode adquirir a doença apenas por cheirar fetos
abortados, pois a bactéria também pode entrar pelas mucosas do nariz e dos
olhos. A transmissão pelo coito parece não ser de grande importância entre
bovinos e bubalinos. Na monta natural, o sêmen é depositado na vagina, onde há
defesas inespecíficas que dificultam o processo de infecção.
PREVENÇÃO:
a) Medidas relativas às fontes de infecção;
A eliminação das fontes de infecção, feita por meio de uma rotina de
testes diagnósticos com sacrifício dos positivos, é a base das ações que visam
criar propriedades livres da doença.
b)
Medidas
relativas às vias de transmissão;
O controle da brucelose
apoia-se basicamente em ações de vacinação massal de fêmeas e diagnóstico e
sacrifício dos animais positivos. o controle de trânsito para os animais de
reprodução. Programas de desinfecção e utilização de piquetes de parição são
iniciativas simples que trazem como resultado a diminuição da quantidade de
brucelas vivas presentes no ambiente.