domingo, 17 de julho de 2016

VERMINOSES GASTRINTESTINAIS DE CÃES E GATOS

Toxocara sp. 
Os cães são infectados pelo Toxocara canis e os gatos pelo Toxocara cati.
O ciclo de vida desse parasito ocorre pela ingestão do ovo larvado contendo a L3 e na mucosa intestinal essa larva penetra e alcança a corrente sanguínea vai até o fígado e posteriormente até o pulmão que neste órgão essa larva sofre ecdise para L4, posteriormente essa larva migra para a árvore brônquica até traqueia, sendo então deglutida.
No intestino ou tecido somático essa larva poderá ficar em estado de latência quando o hospedeiro criar resistência. Em cadelas no terço final da gestação a diminuição hormonal promove a ativação dessas larvas que migram para a placenta infectando o filhote e também para glândula mamária onde através da amamentação poderá infectar o filhote.
A patogenia dessa larva está na sua capacidade espoliativa dos nutrientes e lesões da mucosa e ainda, podem causar obstruções intestinais, ruptura de alças, vômitos, diarreia, convulsões, pneumonia e provoca a morte dos animais.
Toxocara cati  
Os sintomas e o ciclo de vida do Toxocara cati é semelhante ao T canis, porém, não ocorre migração transplacentária nem a migração transmamária.
Ancilostomíase
O cão é infectado com o Ancylostoma caninum e o gato com o Ancylostoma tubaeforme, ainda exite uma outra espécie chamada de A. brasiliensis, trata-se de uma zoonose por sua migração errática provocando a larva migrans cutânea no homem.
A forma de infecção se dá pelas larvas L3 filarióides, que penetram ativamente na pele por via oral, transplacentária e lactogênica. A patogenia desta larva está na sua migração através da pele onde alcançam a corrente sanguínea e pode levar a migração somática e traqueal. As larvas atravessam os capilares pulmonares em direção aos alvéolos, sobem a traqueia e podem ser deglutidas ou eliminadas através da tosse e no intestino, completa seu ciclo realizando a postura de ovos.
Esse parasito possui ação espoliativa, com sua peça bucal feita para aderir a mucosa e se alimentar de sangue, produzem enzimas anticoagulante, que mesmo após mudar de local, continua sangrando, cada larva pode espoliar cerca de 0,1 a 0,2 ml de sangue por dia. O animal parasitado entra em um quadro de anemia normocítica normocrômica, que poderá evoluir para uma anemia microcítica e hipocrômica. A migração cutânea desta larva, causa intenso prurido, erupções, papuloeritematosas, diarreia sanguinolenta e dores abdominais.
Tricuríase
É um parasita do intestino grosso de cães e sua infecção nos animais seguem a de Toxocara e Ancylostoma, possuem 4 a 8 centímetros e são conhecidas como verme chicote, devido seu formato longo e afilado. Em gatos é pouco relatado e pouca importância clínica.
Os parasitos machos e fêmeas se acasalam no intestino e a postura de ovos são eliminadas nas fezes, e pode viver de 3 a 4 anos no ambiente. Após a ingestão dos ovos por um hospedeiro susceptível, a L1 infectante é liberada no intestino delgado e as larvas migram para o ceco e penetra na glândula da mucosa e termina seu desenvolvimento.
A patogenia está quando ocorre inflamação da mucosa resultando em diarreia aquosa com muco e sangue.
Estrongiloidíase
Pouco comum no cão e no gato no entanto, quando em altas cargas parasitárias provocam diarreia, fezes sanguinolentas e sinais de pneumonia devido ao seu ciclo pulmonar errático.
Dipilidiose
É uma verminose pouco patogênica, porém, o Dipylidium caninum é um dos parasitos mais frequentes em cães e gatos, apesar de seu ciclo ser indireto e precisar de insetos como por, exemplo, a pulga, para ser transmitida. São vermes achatados ou seja cestóides, com um corpo formado por vários anéis ou proglotes, muito móveis que são liberadas nas fezes dos animais.
A infecção do animal ocorre pela ingestão de piolhos ou pulgas contaminados pelo dipylidium, pode haver irritação das mucosas intestinais e anal com diarreia intermitente e mucóide. Ocorre alteração de e perda de peso e apetite. O único sinal mais evidente é o prurido anal que o animal apresenta pela migração da proglote.

sábado, 16 de julho de 2016

TRATAMENTO DA SARNA DEMODÉCICA UTILIZANDO O BRAVECTO

Demodicose

A sarna demodécica é uma patologia de pele comum que afeta cães e gatos,  não é contagiosa e tem como agente etiológico o ácaro Demódex canis. Os animais albergam sua espécie específica de ácaro e estão em baixas quantidades habitando as camadas córneas dos folículos pilosos e glândulas sebáceas.
Cão com sarna demodécica generalizada
A demodicose é uma enfermidade causada pela proliferação anormal deste parasito, sendo mais comum em cães que em gatos, e a transmissão ocorre por contato direto entre a mãe e o filhote durante a amamentação nos primeiros dias de vida. 
O ácaro Demódex habita as camadas profundas da pele e folículo piloso e o diagnóstico parasitológico quando for realizado, deverá ocorrer através de um raspado de pele profundo. 
A demodicose pode ser classificada em localizada (menor do que cinco leões) ou generalizada (quando houver mais do que cinco lesões).
Esquema da localização do ácaro Demódex

Demodicose de início juvenil:
A ocorrência da demodicose em animais com idade inferior a 2 anos de idade, tem a sua causa hereditária, e toda a linhagem deste destes cães deverão ser castrados e retirado da reprodução, pois, trata-se de um defeito genético em que os linfócitos não conseguem manter controlado esses parasitas na pele do animal.
Demodicose de início adulto:
Quando ocorre na fase adulta, o motivo geralmente ocorre pela imunossupressão, temos como exemplo, os animais que passaram por procedimentos cirúrgicos, anestésicos, estresse intenso, distúrbios endócrinos, uso crônico de corticosteróides, neoplasias, etc.
A demodicose localizada regride em 90% dos casos em animais jovens, em 10% dos animais torna-se generalizada mesmo ocorrendo o tratamento. 
A demodicose generalizada evolui para duas ou mais regiões do corpo em inúmeras lesões. Eventualmente a sarna demodécica poderá atingir as patas causando o que pododermatite demodécica.
Pododermatite demodécica

 Sinais clínicos
O animal que apresenta a sarna demodécica a pele fica grossa e escurecida, ocorrendo uma hiperqueratinização e hiperpigmentação da pele nas regiões acometidas. Pode ocorrer lesões na região periocular, as lesões geralmente têm características alopecia eritematosas ou hiperpigmentação.
Manifestações clínicas da sarna demodécica

Na sarna demodécica o animal não atinge a cura parasitária, apenas a cura dos sinais clínicos. Em situações de lesões recidivantes, o tratamento será durante toda a vida do animal.
A sarna demodécica é de evolução lenta e pode ocasionar outros tipos de doenças no animal, como manifestações de otite externa.
 

Tratamento:
Pode ser utilizado diversos protocolos, porém, uma pesquisa atual  tem demonstrado que a utilização em dose única do Fluralaner (Bravecto) por via oral em demodicose canina generalizada,  revelaram que os números de ácaros em raspado de pele reduziram em torno de 99,8% cerca de 28 dias após o início do tratamento e 100%  após 56 e 84 dias respectivamente. 
Filhote tratado com Fluralaner (Bravecto) antes e depois do tratamento. 
Imagem Gentilmente cedida pela  Médica veterinária Ianne Cardoso residente do HOVET - UFERSA 
Esta pesquisa mostrou ainda que houve uma redução acentuada na ocorrência de lesões provocadas pela demodicose, como por exemplo, máculas eritematosas, crosta, cilindros foliculares de escamas. 
Além da redução dos parasitos na pele destes animais foi verificado ainda o crescimento de novos pelos no final do tratamento em comparação ao estado inicial da doença.
A administração oral única de Bravecto comprimidos mastigáveis torna-se um elemento altamente eficaz contra a Demodicose generalizada,  não observando ácaros em toda sequência de tratamentos em torno de 56 dias após a administração do medicamento.
É preferível a utilização do comprimido mastigável do Bravecto para o tratamento da sarna demodécica, uma vez que a administração deste medicamento em apenas uma dose, promove a total redução parasitológica nos raspados de pele em 60 dias após o início do tratamento.
Esse fato por sua vez, proporciona ao tutor do animal maior comodidade no tratamento da sarna em relação aos outros protocolos comumente utilizados.
Vale salientar que os demais benefícios obtidos pela administração do Bravecto que, além de promover a cura da demodicose, proporciona ainda eliminação total das pulgas e carrapatos por até 12 semanas com apenas um comprimido. A facilidade da administração também é um atrativo do produto, uma vez que a palatabilidade do comprimido facilita a administração do medicamento.

Os tratamentos usuais necessitam de aplicações semanais durante vários meses até a completa regressão dos sinais clínicos e da diminuição da contagem de parasitos nas lâminas nos raspados de pele, tornando seu uso cada vez mais inviável.


 Fonte: FOURIE et al. Eficácia do fluralaner administrado por via oral (Bravecto) ou da imidacloprida/moxidectina (Advocate) administradad por via tópica contra demodicose canina generalizada. Parasite e Vectors, 2015.