domingo, 20 de dezembro de 2015

GÊNERO Stylosantes sp. REVISÃO LITERATURA


INTRODUÇÃO

Uma característica importante da pecuária brasileira consiste na maior parte de seu rebanho ser criada a pasto, esta maneira constitui na forma mais econômica e prática de produzir e oferecer alimentos para os animais (FERRAZ; FELÍCIO, 2010).
De acordo com o último censo agropecuário em 2006, estima-se que a área total de pastagens no Brasil seja de 220 milhões de hectares, dentre os quais 80,25 milhões são destinados à agricultura para cultivo de grãos e pastagens para alimentação animal (IBGE, 2006).
O grande número de pastagens degradadas no Brasil dá-se pela utilização da forrageira da moda, a busca do capim milagroso por parte dos produtores. Entender a planta forrageira, sua fisiologia, necessidades, adaptações, resistência à pragas, e as adversidades do ambiente é uma pequena parte dos diversos componentes da produção animal criadas à pasto, sendo necessário entender de todos esses aspectos de forma integrada (ANDRADE et al., 2004).
Uma das preocupações no estabelecimento de pastagens principalmente com a utilização de gramíneas, é a perda da capacidade produtiva e à baixa disponibilidade de nitrogênio da área pelo seu cultivo contínuo. Visando aumentar a produtividade e diminuir a degradação da área optou-se pelo uso de fertilizantes nitrogenados, muito dispendioso devido ao custo por área corrigida, em face de esse elevado custo operacional introduziu-se leguminosas nas pastagens degradadas para estabilização produtiva e econômica para o fornecimento de nitrogênio ao sistema solo-planta (COSTA et al., 2004).
As pastagens consorciadas de gramíneas e leguminosas forrageiras constituem boa opção, de baixo custo, para atenuar o problema da degradação das pastagens. O fracasso na adoção e utilização de pastagens consorciadas, em geral, é atribuído à baixa persistência das leguminosas nas pastagens, o que está associado à falta de técnicas de manejo específicas ou eficientes para essas pastagens, e à adubação inadequada. O uso de pastagens consorciadas de gramíneas e leguminosas pode aumentar a proteína da dieta, o consumo de matéria seca e o desempenho do animal (AROEIRA et al. 2005).
As leguminosas desempenham um papel importantíssimo nas pastagens, por fixar o nitrogênio atmosférico, por meio da ação simbiótica com bactérias do gênero Rhizobium, ao sistema solo-planta-animal resultando em uma contribuição potencial ao sistema de produção animal (GARCIA et al. 2008).

2. Stylosanthes

A utilização de Stylosanthes primariamente se deu na Austrália, sendo este país o pioneiro a reconhecer e utilizar esta espécie em 1914. A partir de 1970 milhares de hectares foram ocupados e dispersos naturalmente como pastagem cultivada (EDYE, 1997).
O gênero Stylosanthes ocorre nas regiões tropicais e subtropicais. No continente americano, pode ser encontrado dos Estados Unidos à Argentina (KARIA et al. 2013).
No Brasil, no início da década de 1970 houve incentivo para utilização da consorciação de pastos de gramíneas com leguminosas, devido ao sucesso da prática obtida na Austrália que foi vista como modelo para pecuária nos trópicos (FONSECA et al. 2013).
De acordo com Costa (2006), cerca de 29 espécies de Stylosanthes são encontradas em todo o Brasil e 13 destes exemplares são encontradas exclusivamente no território brasileiro. Em sua totalidade são descritas 48 espécies e destas, 43 são exclusivas do continente americano. As espécies do gênero Stylosanthes mais utilizadas nos sistemas de produção são: S. guianensis, S. capitata e S. macrocephala (KARIA et al. 2013).
O estilosantes é uma forrageira rica em proteína e executa uma função importante de transformar o nitrogênio encontrado na atmosfera e fixá-lo biologicamente no solo. Assim, reduz os investimentos em insumos agrícolas, contribuindo para a redução dos impactos ambientais (SILVA, 2012).

2.1. BANDEIRANTES (Stylosanthes guianensis var. pauciflora).
A cultivar Bandeirante teve sua origem de uma coleta realizada em 1974 na área experimental do CPAC, Planaltina-DF. O, cultivar Bandeirante (Stylosanthes guianensis var. pauciflora), foi nomeado para lançamento pelo Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC) em 1983, como uma alternativa para formação de bancos de proteína para suplementação de bovinos na região dos Cerrados (SOUSA et al. 1983).
Essa cultivar tem excelente adaptação em toda a região dos Cerrados, com grande adaptação a solos de baixa fertilidade natural e apresenta um bom desempenho na produção de forragem com precipitações entre 900 e 3500 mm anuais, sendo considerada resistente a seca e ao pastejo. Essa cultivar apresenta taxas de crescimento de 10 a 42 kg de matéria seca/ha/dia, nos períodos seco e chuvoso, respectivamente. Pode produzir em quantidade de massa seca em torno de 2,5 toneladas por hectare ao ano e teor médio de proteína bruta de 12% (FONSECA, MARTUCSCELLO, 2013; ANDRADE, 1993).
A colheita de sementes pode ser realizada manual ou mecanicamente, em colheitas manuais podem ser obtidas produções médias de 60 kg/ha de sementes e em colheitas mecanizadas a produção atinge 40 kg/ha (ANDRADE, 1993). Esta cultivar é perene, semiereta, com 0,65 m de altura e tem caules finos, pilosos e viscosos, quando plantada em outubro-novembro, floresce em maio-junho por isso é de ciclo vegetativo longo, em média de 170 dias. As sementes possuem coloração amarelada pálida (GONSALVES, 1985) e são colhidas no final de agosto ou início de setembro com produção de sementes puras sendo em média de 53 kg/ha (SOUSA et al. 1983).
Como a semente dessas cultivar é pequena, a semeadura deverá ser superficial alcançando no máximo 1 cm a profundidade de enterro. Para formação de bancos de proteína, recomenda-se a semeadura a lanço, com uma densidade de plantio de 3 a 4kg/há e que poderá ser associada a uma cultura anual. Para áreas de produção de sementes, a semeadura pode ser realizada em linhas espaçadas de 30 a 40 cm utilizando-se uma densidade de plantação de 2 a 3 kg/ha. A melhor época para plantio se dá no início das chuvas e não é necessária a inoculação das sementes, pois a estilosantes Bandeirante nodula bem com estirpes nativas de Rizóbio (ANDRADE, 1993).
Segundo Karia et al. (2013) a cultivar bandeirante além de apresentar excelente resistência a seca, e mantém um abundante crescimento nas estações mais críticas, possui capacidade de manter-se verde ao longo do período seco do ano e devido a essa característica e ao florescimento tardio, é uma leguminosa indicada mais para uso em bancos de proteína do que em plantio consorciado com gramíneas, porém, Costa (2006) aponta que o consórcio com o capim colonião (Panicum maximum), brachiarão (B. brizantha cv. Marandu), capim-andropogon (Andropogon gayanus cv. Planaltina) e capim-elefante (Pennisetum purpureum) se apresentou eficiente e persistente na produção animal, podendo ainda ser utilizada sob a forma de pastejo direto, formação de fenos, fornecido aos animais através de cortes ou então, consorciada com outras gramíneas.
Teixeira et al. (2010) observaram que a altura média das plantas foi de 27,4 cm com produção de massa verde de 26,4 t/ha com 432 dias e teores de proteína bruta, fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), de 19,5; 35,8 e 24,7 respectivamente, com 102 dias de plantio.

 Quadro comparativo entre as cultivares de leguminosas, quanto a sua resistência, produção e utilização em consórcios.

Os ganhos diários por animal segundo Costa (2006) pode variar em torno de 250 a 600g/animal por dia ou 300 a 500kg/ha/ano, é uma leguminosa que tolera bem a defoliação desde que esteja submetida a um manejo controlado e não deve ser rebaixada a menos que 30cm do solo pois retarda o vigor da rebrota da leguminosa.
2.2.PIONEIRO (Stylosanthes macrocephala)
A cultivar Pioneiro (Stylosanthes macrocephala ), denominado, inicialmente, de S. bracteata vog., originou-se de germoplasma coletado na própria área do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC/ EMBRAPA) em Planaltina no Distrito Federal (KARIA et al, 2013).
Esta espécie de acordo com Sousa et al. (1983) apresenta excelente adaptação aos solos ácidos e de baixa fertilidade e às condições climáticas, verões quentes e chuvosos e invernos frios e secos da região dos Cerrados. Possui boa compatibilidade com gramíneas tropicais, boa persistência sob pastejo e boa produção de matéria seca, com maior produção concentrado no final do período chuvoso. Em consorciações, sua presença aumentou a produção total e o conteúdo de nitrogênio e cálcio da mistura em relação à gramínea pura.
Essa cultivar apresenta ótima tolerância às doenças, especialmente à Antracnose, causada por fungo. Essa cultivar é perene, semi-erecta, mede 0,60 m de altura e tem caules finos e pilosos, possui ciclo vegetativo médio de 120 dias. Sua flor possui cor amarela e sementes amarela pálida (ANDRADE, 1985).
Por meio da ação simbiótica com bactérias do gênero Rhizobium, aumento do nitrogênio no sistema solo-planta, a cultivar Pioneiro é ótima para ser consorciada com gramíneas. As sementes são colhidas de maio-julho obtendo produção de sementes puras, em média, de 350 kg/ha, devido à facilidade de produção de sementes a comercialização e produção não foi despertada. Os níveis produtivos desta leguminosa são bastante variável, porém, é possível obter uma média de 3 a 6 toneladas de MS/há, no entanto pode-se obter rendimentos em torno de 14 toneladas de MS/ha (ANDRADE, KARIA, 2000).
2.3. MINEIRÃO (Stylosanthes guianensis var. guianensis)
Em 1993 a Embrapa Cerrados e a Embrapa Gado de Corte liberaram o cultivar Mineirão, que é perene semiereto, pode atingir uma altura média de 2,5 metros e caules
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grossos. Os caules e folhas possuem viscosidades e a planta permanece verde durante o período seco. A cultivar Mineirão é mais tolerante à antracnose do que o cv. Bandeirante, e mais produtivo em solos com baixa fertilidade (EMBRAPA, 2007).
Sua parte aérea possui proteína bruta de até 12%, em geral os animais a consomem no período seco do ano, mas no período chuvoso eles a consomem e o teor de proteína chega a atingir 18%. Quando semeado em outubro-novembro florescerá em maio-junho com produção de sementes variando de 30 a 60 kg/ha. Suas sementes ao contrário das cultivares Bandeirante e Pioneiro, apresentam coloração amarela pálida e as sementes do cultivar Mineirão apresentam coloração escura (GONSALVES, 1985).
Em trabalho realizado com gramíneas consorciadas com a cultivar Mineirão, Andrade et al. (2003) relataram que as gramíneas B. brizantha cv. Marandu, a B. decumbens e o capim-mombaça, quando consorciados com o estilosantes Mineirão, apresentaram maior capacidade de produção de forragem.
Aroeira et al. (2005) observaram que na consorciação da Brachiaria decumbens com o cultivar Mineirão houve decréscimo na porcentagem de leguminosa, na qual atribuíram esse efeito devido à competição por água, luz e nutrientes, e entre as espécies. A porcentagem da leguminosa na pastagem permaneceu constante durante os meses de janeiro a maio (26% a 29%), alcançou o maior valor (56%) durante o final do período seco (outubro) e diminuiu com o início da época das chuvas (dezembro). Em decorrência da maior eficiência fotossintética da B. decumbens em relação à S. guianensis cv. Mineirão nas condições experimentais.
Costa et al. (2002) constataram que a altura e a produção de matéria seca do Stylosanthes guianensis cv. Mineirão foram influenciadas pela aplicação de calcário com pouca eficiência. Já que baixas doses de calcário são suficientes para se elevar o teor de proteína desta cultivar estudada, no entanto, a produção desta cultivar pode variar de 5 a 10 toneladas/há podendo alcançar a produção máxima de 20 toneladas.
Paciullo et al. (2003), compararam a massa de forragem e a qualidade de pastagens de Brachiaria decumbens em monocultivo e consorciadas com estilosantes (Stylosanthes guianensis cv. Mineirão), mostraram que a pastagem consorciada obteve maior produção de forragem de 2.158 kg/ha do que a monocultura de braquiária apresentando cerca de 1.481 kg/ha, mesmo sem alterações da massa da gramínea com a introdução da leguminosa.
Ladeira et al., (2001) estudaram a composição e digestibilidade em ovinos do estilosantes Mineirão e relataram que mesmo em estágio avançado de maturação ele pode ser
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utilizado para alimentação de ruminantes, sendo capaz de suprir as necessidades energéticas de mantença.
2.4. CAMPO GRANDE (Stylosanthes capitata + Stylosanthes macrocephala)
Em 2000 a Embrapa Gado de Corte lançou no mercado o estilosantes Campo Grande, uma cultivar composta por duas espécies de leguminosas, o Stylosanthes macrocephala e o S. capitata. Essa cultivar foi obtida a partir da seleção de plantas dessas duas espécies em uma área da Fazenda Maracujá (Campo Grande, MS), onde havia sido realizado um experimento em anos anteriores à década de 1990 (KARIA et al. 2013).
A área experimental onde o Stylosanthes cv. Campo grande era formada por solos bastante arenosos e essas plantas se mostravam bem adaptadas às condições de baixa fertilidade do solo e apresentavam alto grau de resistência à antracnose, lesões necróticas, irregulares, inicialmente de cor parda em folhas jovens e posteriormente de coloração avermelhada em folhas mais velhas. Sementes das plantas selecionadas foram plantadas em linhas intercaladas com dez outros acessos de S. capitata e cinco outros de S. macrocephala, previamente selecionados na Embrapa Gado de Corte para produtividade de matéria seca, produtividade de sementes e resistência à antracnose. As espécies foram cultivadas em áreas separadas, onde se permitiu o cruzamento natural entre as plantas, havendo a formação de duas populações com características agronômicas desejáveis, originando assim a cultivar Campo Grande, que é formada por 20% de S. macrocephala e 80% de S. capitata (EMBRAPA, 2000).
O estilosantes Campo Grande foi recomendado pela Embrapa Gado de Corte para regiões de clima tropical, com pluviosidade anual mínima de 700 mm e máxima de 1.800 mm, não se adaptando a locais sujeitos à ocorrência de geadas frequentes ou com umidade do ar e temperaturas altas o ano todo. Quanto ao solo ela é bastante adaptada a solos ácidos e considerada pouco exigente em fertilidade do solo (ZIMMER et al. 2007).
Em estandes puros, a produção de forragem anual do estilosantes Campo Grande varia de 8 a 14 toneladas de matéria seca por hectare, 12 a 15 toneladas de MS/ha/ano (FERNANDES et al., 2005); e quando consorciado com gramíneas, espera-se uma produção em torno de 3 a 6 t/ha/ano, (VALENTIM; MOREIRA, 1996) considerando que a participação da leguminosa na pastagem varia de 30% a 40% da matéria seca de forragem produzida. De
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acordo com Zimmer et al. (2007) o potencial de produção anual de sementes do estilosantes campo grande solteiro é de 300 a 700 kg/ha de sementes com casca.
Na consorciação, a taxa de semeadura do estilosantes Campo Grande deve ser de 2 quilos por hectare a 2,5 quilos por hectare de sementes puras viáveis (SPV) e, a das gramíneas (capim), é reduzida em 20% a 30%.
As sementes de estilosantes são pequenas e a profundidade de plantio não deve ser maior do que 2 centímetros. No entanto, com gramíneas que não toleram plantios mais profundos do que 4 centímetros, como Andropogon gayanus, recomenda-se a distribuição a lanço das duas forrageiras, seguida de compactação com rolo.
O correto manejo da pastagem consorciada possibilita melhores ganhos. Em sistemas de manejos rotacionados, os benefícios da consorciação têm sido mais expressivos (SCHUNKE; SILVA, 2003).
Garcia et al. (2008), avaliaram pastagens de Brachiaria decumbens exclusivas e consorciadas com o estilosantes Campo Grande, mostrando que, na área consorciada, a B. decumbens alcançou maior produção de matéria seca por hectare e maior teor de proteína bruta. Atribuindo à leguminosa que permitiu uma eficiente reciclagem de nitrogênio no sistema solo-planta.



CONCLUSÃO

Observando as características de cada cultivar do gênero Stylosanthes sp. conclui-se que as cultivares espécie Mineirão e a Campo Grande são mais indicadas para a exploração nas condições climáticas do nordeste brasileiro onde o regime das chuvas não são constantes. Tal escolha justifica-se principalmente por suas características comuns de adaptabilidade dos cultivos em solos de pouca fertilidade e precipitação pluviométrica o que desde já implica em uma redução nos custos de produção pela mínima necessidade de correção dos solos via adubação. A resistência às doenças como a antracnose, a seca e as baixa fertilidade do solo são características comuns nessas cultivares e desejadas para a região semiárida nordestina. No entanto a cultivar Campo Grande ainda apresenta uma característica de maior adaptação ao clima semi-árido nordestino, pela compatibilidade com o regime pluviométrico característico de nossa região, em torno de 800 mm médios anuais, sem quaisquer ocorrências de geadas. Portanto a escolha destas duas cultivares possibilita o melhor aproveitamento da exploração animal em sistema de pastagem, proporcionando boas condições produtivas e reduzido custo para o criador.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

BRUCELOSE CANINA



1.      Brucelose Canina
CONCEITUAÇÃO:
a) Características da doença;
A brucelose canina é uma doença bacteriana causada pela Brucella canis, um cocobacilo gram negativo aeróbico. Este agente causa uma bacteremia de extensa duração, desenvolvendo algumas alterações reprodutivas. A mais freqüente manifestação da doença nas fêmeas é a falha reprodutiva ou o aborto entre o 45°-55° dias de gestação. No macho, está associada à epididimite, dermatite do escroto, atrofia testicular e infertilidade.
b) distribuição geográfica e prevalência;
A infecção de cães por Brucella canis tem sido encontrada em praticamente todos os países. A prevalência é variável segundo a região e o método diagnóstico empregado. Alguns levantamentos sorológicos revelaram percentuais de 1 a 6% de prevalência nos Estados Unidos, 25% no Peru e 11,8% em cães de rua do México. Na região do planalto catarinense, Brasil, foi encontrada prevalência de 6% de cães soropositivos na zona urbana e 3% na zona rural, em levantamento soro-epidemiológico na cidade de Campinas, Brasil, detectou 5,4% de cães infectados. No município de Pelotas, Brasil, verificaram 22,7% de prevalência entre caninos e 7,1% entre humanos. Na espécie humana, os registros demonstram que a maioria dos casos de infecção estão associados à laboratoristas e à indivíduos que trabalham em canis.
c) importância e conseqüências econômicas e sociais.
Provoca distúrbios reprodutivos em cães, podendo ser transmitida ao homem. Além de ocasionar perdas econômicas aos criadores de cães domiciliados e de canis, em decorrência do comprometimento dos órgãos reprodutivos.
ETIOLOGIA:
a) Características morfológicas do agente, resistência (ambiente e desinfetantes),
O gênero Brucella é constituído por bactérias intracelulares facultativas, com seis espécies reconhecidas, cada uma acomete um hospedeiro preferencial, sendo assim, identificadas conforme seu hospedeiro, características morfológicas, propriedades metabólicas, sorotipagem e fenotipagem. A B. canis causa uma enfermidade infecto-contagiosa crônica, reconhecida como pequeno (1,0 - 1,5 μm) cocobacilo, Gram negativo, aeróbico, imóvel, não esporulado e não encapsulado, que se distingue de outros do gênero Brucella, por apresentar colônias com morfologia rugosa e aspecto mucóide, e características bioquímicas próprias. As espécies do gênero Brucella são bastante sensíveis aos desinfetantes comuns, à luz e a dessecação. Em cadáveres ou tecidos contaminados enterrados, podem resistir vivas por um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões quentes, um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões quentes.
b) ciclo evolutivo ou biológico.
Após a entrada no hospedeiro, a Brucella canis é fagocitada por macrófagos e outras células fagocitárias, ela resiste às enzimas produzidas pelos fagócitos e é transportada para os linfonodos regionais, podendo causar linfadenopatia periférica, a partir dos linfonodos regionais, os microrganismos disseminam-se por via hematógena e podem localizar-se no fígado, baço e no trato reprodutivo.
HOSPEDEIRO:
a) Suscetibilidade em função das características peculiares de espécie e diferentes grupos de indivíduos.
A brucelose canina é uma enfermidade contagiosa crônica que acomete os cães, os canídeos silvestres e o homem. A prevalência de infecção é maior em áreas economicamente carentes. Áreas fechadas de confinamento, como canis, aumentam a probabilidade de transmissão de infecções.
PATOGENIA:
a) Porta de entrada principal;- Destino seguido pelo agente desde a porta de entrada até o(s) ou tecido(s) de eleição;
Nos cães, as principais portas de entrada da bactéria compreendem principalmente as mucosas oronasal, genital e conjuntival. Infecções experimentais já foram induzidas pelas vias intravenosa, subcutânea, intraperitoneal e intravaginal. Após a penetração no organismo, o agente é fagocitado por macrófagos ou outras células fagocitárias, transportado para órgãos genitais e linfonodos, desenvolvendo linfadenopatia transitória e no interior dos leucócitos realiza bacteremia. Durante a fase de bacteremia ocorre disseminação bacteriana por todo o organismo do hospedeiro, mas preferencialmente para tecidos ricos em esteróides gonadais e em células reticuloendoteliais como baço, fígado, linfonodos, medula óssea, útero de fêmeas gestantes, próstata, epidídimos e testículos. Outros sítios de localização são os rins, circulação dos discos intervertebrais, meninges e câmara anterior dos olhos. Uma vez cessada a bacteremia, esses tecidos podem constituir sítios de persistência bacteriana, caracterizando a fase crônica da infecção. Após a bacteremia, títulos de anticorpos persistentes e não protetores contra B. canis começam a ser detectados e a resposta imune é predominantemente celular. Entretanto, parecem ter pouca influência sobre a bacteremia e o número de microrganismos encontrados nos tecidos.
b) Tempo necessário para que o agente, uma vez no organismo do hospedeiro, desenvolva sua ação (período de incubação);
Após uma a quatro semanas da infecção, o agente já pode ser isolado na hemocultura, persistindo por no mínimo seis meses e de forma intermitente pode durar até 64 meses ou mais. Porém, em animais cronicamente infectados a bacteremia pode estar ausente impossibilitando o isolamento.
c) Alterações estruturais que imprime aos órgãos ou tecidos de eleição (Lesões);
d) Alterações fisiológicas, que determinam no organismo afetado, decorrentes de funções bloqueadas (Sinais e Sintomas);
A presença do agente no organismo causa principalmente alterações reprodutivas como infertilidade, abortamentos, principalmente no terço final da gestação e a ocorrência de natimortos ou do nascimento de filhotes débeis. Ocasionalmente afeta outros tecidos causando alterações como uveíte, discoespondilite, osteomielite e dermatite. Em sua maioria, as infecções por B. canis são inaparentes. Infecta o útero nas fêmeas prenhes e coloniza as células epiteliais placentárias, resultando em morte embrionária ou fetal, abortamentos tardios no terço final da gestação, podendo ocorrer retenção de placenta e/ou corrimento vaginal persistente. Algumas fêmeas podem apresentar vários abortamentos consecutivos. Em alguns casos, podem levar a gestação a termo com nascimento de natimortos, filhotes fracos que morrem em poucos dias, ou filhotes aparentemente sadios, exceto pela bacteremia persistente e o enfartamento de linfonodos, que geralmente é o único sinal clínico da infecção até a maturidade sexual. As cadelas infectadas não prenhes comumente não mostram sinais de infecção, mas podem eliminar o microrganismo na urina e secreções vaginais por período de tempo variável. As manifestações clínicas de brucelose mais frequentes nos machos, são as epididimites e prostatites severas. A epididimite desenvolve-se cerca de cinco semanas pós-infecção. Durante a fase aguda da doença, o testículo e o epidídimo aumentam de tamanho, e este último torna-se sensível devido à presença de fluido serosanguinolento na túnica albugínea. O epidídimo diminui de tamanho na fase crônica da infecção, apresentando consistência firme e geralmente há atrofia epididimária.
e) Evolução do quadro: duração e curso da doença (Prognóstico).
Danos testiculares desenvolvidos pela ação direta da bactéria, iniciam uma resposta auto-imune contra os espermatozóides e determinam distúrbios na espermatogênese, alterações da morfologia e redução na motilidade dos espermatozóides, presença de células inflamatórias e redução de volume do ejaculado. Acredita-se que este fenômeno auto-imune, esteja envolvido na patogenia da esterilidade, que geralmente ocorre nas infecções crônicas. Independentemente do desenvolvimento da esterilidade, os cães continuam excretando a bactéria no fluido seminal. Relata-se recuperação espontânea da infecção entre um e cinco anos pós-infecção. Animais que se recuperaram da infecção apresentam títulos aglutinantes baixos ou ausentes e podem apresentar-se imunes à re-infecção. Mesmo sendo uma doença sistêmica, raramente cães adultos manifestam sinais clínicos sistêmicos severos, sendo o principal problema à ocorrência de prejuízos no desempenho reprodutivo. A presença dos sinais clínicos é sugestiva da infecção, mas o único método definitivo para o diagnóstico da brucelose em cães é o isolamento bacteriano do agente que fornece diagnóstico definitivo quando a bactéria é isolada. Entretanto, é demorado, e resultados negativos na cultura, decorrentes de pequena quantidade de microorganismos viáveis ou contaminação da amostra, não eliminam a possibilidade de infecção.
DIAGNÓSTICO:
b) Clínico:- considerar os sintomas mais sugestivos do ponto de vista populacional;
O diagnóstico é sugerido pela história clínica, por anormalidades no sêmen e relativa ausência de anormalidades físicas. Todavia, o diagnóstico definitivo consiste no isolamento do microorganismo, caracterizando-se como método que consome muito tempo e por isso pouco prático como teste de rotina em animais assintomáticos. O sucesso do diagnóstico ainda depende da escolha do material a ser cultivado.
c) Laboratorial:- material de escolha; métodos recomendados
Diagnostico Direto: O microorganismo pode ser isolado a partir da cultura do sangue, aspirado de medula óssea, sêmen, secreção vaginal, urina, leite, humor aquoso, órgãos como o fígado, baço, linfonodos, útero, ovário, próstata, epidídimo, testículo ou ainda líquido amniótico, placenta, rins, fígado, baço, pulmão e fluidos pleurais de fetos abortados. O sangue é a melhor amostra a ser cultivada na tentativa de isolamento, uma vez que nos cães a bacteremia é prolongada. Após uma a quatro semanas da infecção, o agente já pode ser isolado na hemocultura, persistindo por no mínimo seis meses e de forma intermitente pode durar até 64 meses ou mais. Porém, em animais cronicamente infectados a bacteremia pode estar ausente impossibilitando o isolamento. A cultura da descarga vaginal no período imediatamente após o abortamento ou durante o estro é o mais indicado para tentativa de isolamento do agente nas cadelas. As culturas de urina e sêmen podem ser úteis para o diagnóstico, mas se colhidas isoladamente não são confiáveis, uma vez que um resultado negativo não exclui a possibilidade de infecção.
Anticorpos não protetores, produzidos contra antígenos da parede celular e do citoplasma da B. canis, podem ser detectados com oito a 12 semanas pós-infecção. Os títulos de anticorpos permanecem altos enquanto persiste a bacteremia. Quando a bacteremia torna-se intermitente, os títulos de anticorpos declinam e podem tornar-se duvidosos ou negativos, enquanto o microrganismo ainda persiste nos tecidos.
Diagnostico indireto: O sorodiagnóstico da brucelose canina pode ser realizado empregando-se as seguintes provas: soroaglutinação rápida (SAR), soroaglutinação lenta (SAL), imunodifusão em gel de ágar (IDGA) e ensaio imunoenzimático (ELISA). Pelas características de especificidade moderada da sorologia e da baixa sensibilidade do isolamento, nenhum deles é, sozinho, adequado para o diagnóstico de todos os casos de brucelose. Desta maneira é interessante associá-los e tentar descobrir em que fase da doença o animal se encontra, uma vez que em cada fase haverá maior probabilidade da bactéria ser isolada em determinada amostra.
TRATAMENTO: quando indicado.
Como a possibilidade de êxito com o tratamento é incerta e os animais se tornam uma fonte de infecção para outros cães e pessoa, o tratamento não é recomendado, pois os cães tratados estarão sempre susceptíveis a reinfecção, a brucelose ainda não tem cura, sendo assim o animal infectado permanece portador por toda a vida. Todavia, alguns medicamentos podem ser utilizados para minimizar os sintomas clínicos da doença e sendo utilizada de acordo com a fase da enfermidade em que o animal se encontra, e quanto mais tardia a doença for diagnosticada, mais difícil será o tratamento.
Tetraciclina (30 mg/kg), VO, duas vezes ao dia, durante 28 dias; Estreptomicina (20 mg/kg), IV, uma vez ao dia, durante 14 dias. Foram submetidos a esse tratamento 105 cães, desses 81 foram negativados; Tetraciclina (30 mg/kg), VO, três vezes ao dia, durante 30 dias; Estreptomicina (20 mg/kg), IM, nos dias 1 a 7 e 24 a 30. Foram submetidos a esse tratamento 19 cães, 14 foram negativados com um ciclo, 2 animais com dois ciclos e 3 cães foram refratários; Monociclina (10 mg/kg), duas vezes ao dia; Estreptomicina (4,5 mg/kg), IM, durante 7 dias consecutivos; Oxitetraciclina de longa ação (20 mg/kg), IM, uma vez por semana, durante um mês, associada a Estreptomicina (20 mg/kg), IM, uma vez ao dia, durante 1 semana. Dos 24 cães tratados 21 foram negativados. Nesse mesmo estudo, não foram obtidos sucessos com Ampicilina e observou-se bons resultados com 4 semanas de tratamento com enrofloxacina.
CADEIA DE TRANSMISSÃO:
a) fontes de infecção;
Entre os animais, a Brucella é geralmente transmitida pelo contato com a placenta, feto, fluidos fetais e descargas vaginais de animais infectados. Os animais são infectados após um abortamento ou parto completo. A bactéria pode ser encontrada no sangue, urina, leite ou sêmen; produzida no leite e sêmen, pode ter sua vida prolongada. A brucelose pode ser transmitida por fômites, e em condições de alta umidade, baixa temperatura e se luz solar, os microorganismos podem se tornar resistentes por muitos meses na água, fetos abortados, esterco, pêlos, fenos, equipamentos e roupas.
b) vias de eliminação;
A Brucella canis pode ficar alojada na próstata e epidídimo de machos infectados e ser eliminada intermitentemente no fluído seminal, mesmo após a bacteremia ter cessado. A eliminação pelo sêmen é decorrente da presença de microrganismos na próstata e no epidídimo. A quantidade de bactérias isoladas a partir do sêmen em cães infectados é alta nas primeiras seis a oito semanas pós-infecção. Entretanto, a eliminação intermitente do organismo em baixas concentrações, foi relatada por até 60 semanas pós-infecção, podendo continuar por até dois anos.
c) vias de transmissão; portas de entrada, suscetiveis.
Nos cães, as principais portas de entrada da bactéria compreendem principalmente as mucosas oronasal, genital e conjuntival. Infecções experimentais já foram induzidas pelas vias intravenosa, subcutânea, intraperitoneal e intravaginal. A infecção oral é a mais frequente e a dose mínima infectante por esta via é de cerca 106 microrganismos, enquanto a dose mínima infectante por via conjuntival é 104 a 105 microrganismos. A dose infectante mínima por via venérea é desconhecida. A transmissão ocorre no período de acasalamento ou como resultado do contato com tecido fetal abortado e descarga vaginal. Outras formas de transmissão são a congênita e por aerossóis. A B. canis pode ser transmitida pelo sêmen, principalmente durante as primeiras seis a oito semanas de infecção, pela urina, e também por fômites contaminados.
PREVENÇÃO:
a) Medidas relativas às fontes de infecção;
Para prevenção e controle dessa doença, deve-se testar todo o lote reprodutor quanto a Brucella antes de empreender um programa de acasalamento e, teoricamente, antes de cada acasalamento nas fêmeas e uma ou duas vezes por ano nos machos. Os animais positivos devem ser eliminados de canis de reprodução ou esterilizados.
b) Medidas relativas às vias de transmissão;
O controle da brucelose em canis infectados baseia-se nas seguintes medidas: identificação e remoção de todos os animais positivos do local, identificação das vias de transmissão, higienização das instalações, repetição mensal dos exames laboratoriais a fim de identificar todos os animais positivos e evitar que novos surtos venham ocorrer. Uma vez que a infecção é confirmada num plantel, todos os animais devem ser testados sorologicamente e bacteriologicamente, em intervalos mensais para identificação dos positivos. Com relação aos animais de companhia, devem-se ter outras condutas, como tratamento com antibioticoterapia e a esterilização, pois terminam com as secreções genitais e a eliminação do microorganismo por essa via, porem, não excluem a possibilidade de o animal permanecer como fonte de infecção para outros cães e até mesmo para pessoas de seu convívio.
c) Medidas gerais de controle e profilaxia.
A prevenção da infecção é particularmente importante nos canis comerciais, já que uma vez que a infecção é introduzida numa população canina confinada, sua disseminação ocorre rapidamente, acometendo diversos animais. Exames bacteriológicos e sorológicos rotineiros devem ser realizados a cada seis meses, assim como nos animais previamente ao acasalamento. Novos animais introduzidos no plantel devem antes ser submetidos aos exames clínicos e laboratoriais e então devem ser mantidos em quarentena durante oito a doze semanas, quando os testes laboratoriais forem repetidos. Os cães que apresentarem sinais clínicos sugestivos de brucelose não devem ser introduzidos no plantel. Todos os animais reprodutores devem ser regularmente testados para anticorpo B. canis, antes de empreender um programa de acasalamento e, teoricamente, antes de cada acasalamento nas fêmeas e uma ou duas vezes por ano nos machos. Em canis todos os animais positivos devem ser eliminados da reprodução. Um macho reprodutor não deve retornar ao serviço, mesmo após o tratamento com antibioticoterapia.